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GENIVAL SEVERO: "O ETERNO COMUNICADOR"!

MACIEL GONZAGA* A leitura é um testemunho oral da palavra escrita, atividade extremamente importante para o homem civilizado, atendendo múltiplas finalidades. Podemos vincular o conceito de leitura ao processo de letramento, numa compreensão mais ampla do processo de aquisição das habilidades de leitura e escrita e, principalmente, da prática social destas habilidades. Deste modo, a leitura nos insere em um mundo mais vasto de conhecimentos e significados. A escrita precisa ter um sentido para quem lê, pois saber ler não pode ser representar apenas a decodificação de signos, de símbolos. Ler é muito mais que isso; é um movimento de interação das pessoas com o mundo e delas entre si e isso se adquire quando passa a exercer a função social da língua, ou seja, quando sai do simplismo da decodificação para a leitura e reelaboração dos textos que podem ser de diversas formas apresentáveis e que possibilitam uma percepção do mundo. Desde de cedo, ainda morando em Pombal, eu tive o prazer de conviver com um homem que gostava muito de ler: padre Oriel Antônio Fernandes, o nosso querido “Padre Orié”. Foi ele quem despertou em mim o interesse pela leitura e pela palavra escrita. Com o passar dos anos, busquei aperfeiçoar essa minha aptidão. Direcionei meus estudos para a área das Ciências Sociais e, principalmente da Ciência Jurídica. Descobri que, é por meio de narrativas que se pode conhecer outros lugares, outros tempos, outros jeitos de agir e de ser, de outra ética, outra ótica... É ficar sabendo História. Para mim, ler e escrever é benéfico à saúde mental, pois é uma atividade neuróbica. Acho que até hoje não se inventou melhor exercício do que ler e escrever. Faço este preâmbulo apenas para justificar a razão de tanto estar escrevendo nesse “Novo Lord” de Clemildo. Mas, o que pretendo falar hoje é sobre uma pessoa que estimo muito e sempre mantive por ele uma afeição e consideração sem igual. Falo de Genival Severo. Fomos amigos de infância. É bem verdade que ele é mais velho do que eu. Mas, eu nunca vi uma pessoa de estado de espírito igual a Genival. Também, nunca o vi com raiva. Todos os seus amigos – e aí me incluo na linha de frente – tinham um apelido dado por ele. Vejam só: Clemildo era “Brack” – um cachorro – que Genival fazia questão de imitar o seu rosnar, inclusive fazendo o gesto das garras; Pássaro Preto era “Beiço”; Zeilto Trajano era “Baba” – numa alusão a orquestra Chaveron – na qual dizia que os músicos salivavam mais do que tocavam; Eurivo Donato era “a Bola” – porque gostava muito de futebol e comandava o São Cristóvão; Arrudinha era “o Cego” – porque não enxergava as mulheres que lhe olhavam nos passeios da Praça Centenário; o nosso saudoso educador padre Luiz Gualberto era “Balú”; Otacílio Trajano – irmão de Zeilto – era “Diazinha” – numa alusão ao seu velho pai “Diaza”. Com a relação a mim, ela chamava “Nego Blue Cap”, pois dizia que eu parecia com um dos integrantes do grupo musical Renato & Seus Blue Caps. Isso é apenas uma pequena demonstração pois, com o passar dos anos, ninguém escapa da falha da memória. Tinha mais gente com apelidos, como os prefeitos Azuil Arruda, Avelino Elias de Queiroga, o deputado Chico Pereira, o delegado, padre Oriel, padre Andrade, padre Martinho Salgado, o juiz da cidade, os promotores Arlindo Ugulino e Nilton, Toinho Ugulino, Cabina, Todos tinham tinha um apelido dado por Genival. Imagine só, no nosso ciclo de trabalho, que era o Rádio Pombalense, todos terem que ser chamados pelos nomes de acordo com as normas impostas por Genival Severo. O leitor pode perguntar: “E Genival como era chamado?”. Ele não aceitava ter apelido. Certo noite, eu e Arruda, que morávamos em um apartamento no Ginásio Diocesano, resolvemos por um apelido em Genival: PERIGO - numa alusão a uma paixão de infância dele. Não gostou, queimou ruim e fez o maior barulho, não admitindo a alcunha. Pois não é que pegou! Lembro-me que nas missas dominicais dos alunos do Colégio Diocesano, Arruda gritou muitas vezes dentro da Igreja Matriz: “Olha o Perigo!” - quando nos aproximávamos de quem de direito (a bela adormecida). Genival queimava ruim com a gente. A única reação dele era por a culpa em mim, dizendo: “Nego, Safado! Isso é coisa sua” – e colocava a mão no meu pescoço acenando que eu iria levar um murro. Mas, era só brincadeira e tudo continuava na paz, na alegria e na harmonia que reinava entre todos nós da “Voz da Cidade”. Lembro-me de certa vez quando eu me preparava para ir estudar em João Pessoa e morar na Casa do Estudante. Genival organizou uma “clack” para me intimidar, dizendo que iriam me soltar na orla marítima, próximo de uma favela, e eu nunca mais ira voltar para casa. Pois não é que eu fiquei com medo e acabei optando por ir estudar em Campina Grande, longe da turma dele. O tempo passou. Há décadas que não me encontro com Genival Severo. Apenas fica a lembrança do grande amigo, do homem honesto, digno, trabalhador e responsável que sempre foi – pois ainda jovem começou a trabalhar no cartório de José Avelino -; do comunicador inigualável na apresentação de programas de forró e, principalmente, daquele que nos levava alegria e descontração numa época em que não tínhamos violência, não havia droga, tudo era voltado para o estudo, o aprendizado, paz, amor, harmonia e sonhos, já que todos nós na flor da juventude, almejávamos algo na vida. Um abraço meu querido Genival, você é um PERIGO!
*JORNALISTA, APRESENTADOR DE TV, ADVOGADO E PROFESSOR. NATAL- RN
GENIVAL SEVERO: "O ETERNO COMUNICADOR"! GENIVAL SEVERO: "O ETERNO COMUNICADOR"! Reviewed by Unknown on 8/22/2007 08:39:00 PM Rating: 5

Um comentário

Anônimo disse...

Bom... quem é doido de fazer algum comentário sobre esse art.do Maciel? Pois o home contou toda e verdadeira biografia do "PUS". O Genival não respeitou nem os "pades" Orié,Gualberto e tudo mais...
Mas o gostoso mesmo prezado irmão Maciel, é lhe reencontrar da forma bem ao seu estilo escrevendo. Vc sempre foi um sujeito que procurou ler e escrever. E mais, como vc tem facilidade de memorizar tantas coisas boas que vivenciamos na velha Pombal, ou seja: dentro da VOZ DA CIDADE E DO LORD AMPLIFICADOR. É... o BRACK é mesmo um predestinado em cumunicação,nos bons tempos dos "cabaços nos postes"- outra denomiçãoa do Genival Severo- o Brunet sai do Cachibo Eterno,Pau num Cessa,Rua da Cruz,Pereiros tudo mais e nos coloca "pru"mundo. Eu já soube que esses "cabas" que vão ajeitar num sei o que lá por riba no espaço,nas horas de recreio, se plugam no Blog do Brack, para dar gostosas gargalhadas com causos contados por vc e outras memórias previlegiadas de nossa terrinha. Vou me comunicar com o Gago Novo e dar aquele abraço do Blue Caps.
Ah! O pus me botou outro apelido: "pinduca" -que tirou daquele moleque do seriado do patrulheio rodoviário Silva e seu inseparável CÃO rin-tin-tin, que pegava os desordeiros...
De João Pessoa
Otacilio Trajano
e-mail dysbundeconfeccoes@ig.com.br

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