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PÁSSARO PRETO: "O GALÃ DAS MENININHAS"

CONTADA POR MACIEL GONZAGA (Foto)
O Rádio Pombalense foi pioneiro na região do Alto Sertão da Paraíba. Nós só perdemos para Cajazeiras que, profissionalmente, através da Difusora Rádio Cajazeiras - de José Adegildo – e, posteriormente, da Rádio Alto Piranhas - do saudoso Padre Vicente de Freitas -, fizeram rádio dantes de nós. Em Pombal, muito antes de eclodir a Revolução de 64, como vários articulistas já falaram nesse Blog, um grupo de abnegados já fazia rádio, embora artesanalmente. Eram: Zeilto Trajano, Eurivo Donato, Genival Severo, Arrudinha, Maciel Gonzaga, Zé Geraldo, Gago de Chicó, Otacílio Trajano, Pássaro Preto, entre outros. Todos sob o comando de Clemildo Brunet de Sá, o nosso querido “Brack”. Aliás, o apelido de “Brack” foi posto por Genival Severo e, agora, passados tantos anos, não me lembro mais o motivo e a razão. Mais isso não vem ao caso. Na verdade, o que me proponho a falar nesse artigo é sobre uma dessas figuras, que já não está mais entre nós: Genivan Fernandes, um dos dois filhos do exímio pedreiro conhecido por “Velho Fernandes”, cidadão de bem, evangélico praticante da Assembléia de Deus, que veio de Campina Grande para trabalhar em Pombal. Posso dizer até que era homem da confiança do comerciante Napoleão Brunet de Sá. O “Velho Fernandes” era espirituoso ao extremo. Mordaz. Quando resolveu, ainda muito jovem, criar o seu próprio serviço de som, Clemildo Brunet começa a arregimentar pessoas para trabalhar e, talvez, um dos primeiros a entrar no ramo foi o garoto Genivan, ainda adolescente, o filho mais velho de “Velho Fernandes”. O menino passou a trabalhar como operador de som (controlista ou sonoplasta), por ser um apadrinhado de “Zefa”, a mãe de criação de Clemildo. O nome artístico “Pássaro Preto” foi dado pelo seu próprio pai, que fazia questão de chamar o outro filho mais novo – Gilson – de “Cara de Broa Preta”. Pássaro Preto fez sucesso no Rádio Pombalense daquela época. Recebia inúmeras cartas das menininhas, tinha muitas fãs, namoradas. Foi o primeiro galã de cor escura do nosso rádio. Estava sempre rindo. Era uma figura genial! Genival Severo, que nunca prestou na vida, muitas vezes chegou a dizer em seus programas de forró: “A escuridão aqui é grande. A única coisa branca que eu estou vendo são os dentes de Pássaro Preto”. Que maldade! Nos dias de hoje seria racismo brabo, que dá cadeia (Lei 7.716). Vamos andar um pouco no tempo. Em dezembro de 1968, a “Voz da Cidade” já havia sido fechada pela Ditadura Militar. Tínhamos apenas o Lord de Clemildo. Todos nós desejávamos crescer no rádio. Eu fui o primeiro a criar coragem, levantar vôo e buscar novos caminhos. Fui estudar em Campina Grande. Lá chegando, através do grande Gilson Souto Maior, que era amigo de um parente meu, fui levado poucos meses depois para trabalhar na Rádio Caturité Ltda, emissora católica pertencente a Diocese de Campina Grande. Poucos anos depois, recebo a visita de Pássaro Preto, que me dizia estar disposto a vir morar em Campina. Gilson Souto já não estava mais na Caturité e, sim, na Rádio Borborema. Apresentei Pássaro Preto a Gilsão e ele arranjou uma colocação na emissora dos Diários Associados, onde o nosso amigo ficou até se aposentar. Aí resolveu mudar de nome, passou a ser chamado de Genival (e não mais Genivan, que era o seu verdadeiro nome). Depois, com o passar do tempo, vieram de Pombal o meu irmão Massilon Gonzaga e, posteriormente, Evilásio Junqueira. Os dois foram trabalhar na Rádio Borborema. Mesmo bebendo, farrando muito, gostando de noitadas no Ypiranga Clube, Pássaro Preto era o conselheiro-mor dos pombalenses. Recebia a todos, arranjava emprego, procurava casa para as pessoas alugar. Era um verdadeiro cônsul de Pombal em Campina. Por conta de meus afazeres fiquei um pouco distante dele. No final da década de 80 me transferi para a capital do Rio Grande do Norte, onde passei a trabalhar na TV Ponta Negra (SBT). Certa vez, nos anos 90, fui visitar Campina Grande e encontrei Pássaro Preto trabalhando como operador de som na Rádio Universitária da UERN, um segundo emprego conseguido por Massilon Gonzaga. Ele foi logo me reclamando que havia dado conselhos ao meu irmão, sobre um filho que o mesmo tinha em João Pessoa e que estava de "castigo" - sem receber a "mesada" - porque havia chegado em casa bêbado. A reação de Pássaro foi esta: "Olhe Maciel, eu não aceito que Massilon vá punir o menino porque ele chegou bêbado em casa. Isso foi a única coisa que EU e ELE sempre fizemos durante toda a nossa vida”. Eu ri muito com suas palavras, procurei Massilon e contei a história de Pássaro. Massilon riu muito e fez as pazes com o filho, dizendo: “Vou perdoá-lo somente por causa de Pássaro”. E completou: “Eu só faço isso, para meu filho Márcio não repetir os erros que eu cometi na vida”. Pássaro Preto passava o dia na Rádio Borborema. Mesmo quando não estava trabalhando. Na ante-sala da emissora, no andar vazado do Edifício João Rique, recebia cantores, fãs, amigos e as menininhas que lá chegavam para entregar cartas, sempre com um largo sorriso. Era amigo, alegre e bondoso. Casou-se, teve um só filho, me parece que se chama Gildo. No final da sua vida, abandonou a cachaça e a vida boêmia e entregou a sua alma ao Criador. Era evangélico. Foi mais um que surgiu no Rádio Pombalense pelas mãos de Clemildo, que fez história fora da sua terra. Não podemos esquecê-lo. MACIEL GONZAGA - JORNALISTA, APRESENTADOR DE TV, ADVOGADO E PROFESSOR - NATAL RN.
PÁSSARO PRETO: "O GALÃ DAS MENININHAS" PÁSSARO PRETO: "O GALÃ DAS MENININHAS" Reviewed by Unknown on 8/14/2007 09:56:00 PM Rating: 5

2 comentários

Anônimo disse...

Meu dileto amigo Maciel Gonzaga,tenho lido todos os seus artigos e comentários nesse mais novo LORD AMPLIFICADOR - é mais uma criação do perssistente Clemildo Brunet de Sá. Que aliás o Clemildo já fazia esperiencias rediofonica no muro de sua casa pertinho do Grande Hotel. O Clemildo inventava em colocar lata de Leite Ninho no pico da uma pé de tamarindo e puxava fios e tentava enviar vibrações de sons através de caixas de fósforo com cacos de liletes. Pergunte a ele se nãp assim......
Há nesse seu artigo lembrando Genivan (o Pássaro Preto da Menininhas), o apelidio BRACK,foi por conta de um cachorrinho de "balaio"- de cor avermelhada. Determinado dia Eurivo Donato(Minchuruca)chegou na casa do Clemildo e perguntou a Zefa(uma Negra baixinha que criou Clemildo e demais irmãos: Quando Minchuruca pergunta Pelo Clemildo a Zefa travou-se o seguinte diálogo:
-ZefaClemildo Está?
-Tá!!! e acrescetou ele está ai embaido do Sofá.
Eurivo intrigado, diz.
Zefa eu queria saber se Clemildo estar!!
Foi quando a ficha de Zefa Caiu e emendou
Ah! entendi que vc. estivesse procurando pelo Brak.
Eurivo pergunta; e quem é BRACK ZEFA?
- BRACK E O CACHORRO DE CLAUDETE!!!!
Bom quando Minchuruca falou dessa convera com Zefa, ai o PUS do Genival Severo espalhou o acontecido e passou vez por outra chamar Climildo de BRACK. O apelidio Pegou. Mas só os amigos mais chegados como nós da Voz da Cidade,LORD AMPLIFICADOR tinham a liberdade de Chamar O CLEMILDO POR B R A C K.
De João Pessoa
Otacilio Trajano - (diaza).

Anônimo disse...

Diaza!
Só Clemildo mesmo nos permite esse encontro através do seu "Novo Lord". Foi um prazer agora, depois de tanto tempo, poder me comunicar com você. Peço-lhe desculpas por tratar em artigo de assuntos ligados ao nosso saudoso e inesquecível Zeilto. Mas, não podia deixar de fala o que o PUS do Genival Severo fazia conosco: chamava a banda musical de "Zeutrajano" de BABA; chamava a banda de música da qual o seu velho pai "Diaza" tocava, de SÁZEFINHA. Pois não é que o safado do Genival me chamava de "Blue Cap", pois dizia que eu, na minha juventude, parecia com um dos integrantes do conjunto Renato & seus Blue Caps". Eu tinha que denunciar isso. Estou preparando a “cama” dele, através de um artigo com o título “PERIGO & ABISMO”.
Quero também lhe dizer que estou preparando um outro artigo denominado de "Mixuruca, o Rádio e a Bola", onde falarei sobre a importância que Eurivo Donato deve no futebol de Pombal, através do São Cristóvão e, também, no Rádio Pombalense. Dê um abraço por mim em Gago de Chicó e João Gago, aí em JP.
Obrigado pela leitura dos artigos.
Maciel Gonzaga de Luna

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