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O BAR CENTENÁRIO DO MEU TEMPO!

JERDIVAN NÓBREGA DE ARAÚJO* Ao entardecer dos sábados os feirantes faziam suas últimas tentativas em convencer os fregueses a levar o produto exposto. As lojas de Pio Caetano, o Armarinho Antônio de Cota, o Bazar de Zuza Nicácio e as barbearias de Gervásio e Seu Antônio Guerra atendiam aos seus últimos clientes. Os feirantes vindos de Patos e Sousa já começam a fazer a viagem de volta, acompanhados das camionetes e veraneios cheios de matutos que trouxeram suas produções para vender na grande feira do sábado, levando de volta o mantimento que não é possível eles mesmos produzirem. A difusora do Lord Amplificador anunciava o filme a ser exibido na tela do Cine Lux, enquanto que os bronzes da velha Matriz repicavam pela hora do Anjo. O Lord reza a oração das seis horas com a Ave Maria de Shubert. O tempo corria nos ponteiros dos relógios da Coluna da Hora. Às sete horas, dois eventos disputavam à preferência dos filhos de Pombal: a Santa Missa na Matriz e a tela do Cine Lux. Galdino esperava ansioso, na porta do Cinema, a chegada dos seus clientes que um a um vão tomando os lugares à espera dos três sinais sonoros que anunciam o início do filme. As essas alturas, mais preocupado em chegar ao Cinema antes do último toque, Padre Andrade "pula" o sermão, indo direto ao ofertório. Cumprida essas duas obrigações do sábado, as atenções se voltavam para a Praça do Centenário e Getúlio Vargas. Famílias que residem na Rua Nova não precisavam se preocupar sequer em sair de casa para apreciar o espetáculo. Colocavam suas cadeiras de balançar na calçada e proseava noite adentro, enquanto que observavam os casais desfilarem em volta do conjunto de Praças formados pelo Centenário e Getulio Vargas. A Praça do Centenário, reformada e muito bem cuidada, exibia seus tamarineiros, marizais e canteiros floridos de alecrins, margaridas amarelas, bogaris brancos a inebriar o ar com seu perfume hipnotizante. Os rapazes trajavam calça Lee "Boca de sino", sapatos plataforma e camisa de mangas longa. As moças com seus vestidos ou saias acima do joelho e coloridos, calçavam e sapatos altos e usavam blusas também de manga longa. Não havia nenhum imbecil com a mala do carro aberta entediando o ambiente. O som que se ouvia era do conjunto musical "Os Águias", que se apresentava no Coreto do Bar Centenário, tocando de Jovem Guarda aos Beatles. O sorvete no Bar de Bernardo ajudava a amenizar o calor da noite até que o vento do Acari desse o ar da sua graça. No meu tempo de Bar do centenário havia respeito pelos bens públicos, pelas famílias. Tudo que eu queria agora era poder segurar nas mãos dos meus pais e voltar a fazer o passeio por volta do Coreto do Bar Centenário como naquele tempo, reencontrar os meus amigos e pagar um sorvete para a primeira namorada. *ESCRITOR POMBALENSE
O BAR CENTENÁRIO DO MEU TEMPO! <strong>O BAR CENTENÁRIO DO MEU TEMPO!</strong> Reviewed by Unknown on 5/12/2008 07:34:00 AM Rating: 5

Um comentário

Anônimo disse...

Clemildo,
preciso do e-meil de Genival Torres Dantas. Navegantes- Santa Catarina

jerdivn

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