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S O S FORRÓ

FRANCISCO VIEIRA (FOTO)

FRANCISCO DE ASSIS VIEIRA NUNES*

Aproxima-se o mês de junho e com ele as festas juninas, época em que se comemoram os maiores santos da igreja, São João e São Pedro. É tempo de saborear comidas típicas como: canjica, pamonha, bolos e outras iguarias de igual sabor, todas feitas de milho, produto do incansável trabalho do homem do campo. Esse período é acima de tudo festivo. É tempo dos folguedos, isto é, brincadeiras, entre as quais se destaca o tradicional forró pé de serra que ritmado pelo fole da sanfona, o couro do zabumba, o leve metal do triângulo e a pancada da pele do pandeiro com o tilintar de suas rosetas prateadas, fazem a festa animando as noites sertanejas, É lamentável, mas, já não se faz São João como antigamente. É que o “progresso” tem a visão voltada para os lucros e caminhando nessa direção fere nossas tradições desrespeitando os valores intelectuais que vivem à mercê do império selvagem da mídia que por sua vez prima pelos interesses econômicos onde a qualidade e o talento são peças descartáveis. A exemplo disso podemos citar o forró, que vem sofrendo os efeitos desse “progresso” e aos poucos perdendo a sua identidade. Mudaram a estrutura do nosso forró pé de serra e lhe impuseram uma nova cultura, uma nova cara. Em síntese, o que se vê hoje, são " super-bandas " com nomes extravagantes, enxertadas de instrumentos impróprios ao gênero musical e assim enganando com músicas de uma pobreza sem concorrência, além de letras de péssima qualidade e sem nenhuma expressividade ou sentimento. De certo, são na maioria pornográficas, portanto, nocivas aos bons costumes. Letras assim são prejudiciais à cultura, pois não transmitem nenhuma mensagem de otimismo ou de enaltecimento ao nordestino, seus costumes, riquezas e peculiaridades. E, como se fosse pouco, para enganar mais facilmente, o falso forró tem como atração casais de dançarinos que são reconhecidamente exímios na arte da dança. São ainda de uma elegância exuberante que se apresentam seminus exibindo coreografia mesclada de acrobacias e passes próprios de outros ritmos. O nordestino parece viver um carma, pois se não bastasse o sofrimento com as constantes secas e o descaso das autoridades, ainda somos condenados a conviver com a degradação do que ainda temos de melhor, o xote, o baião e o xaxado, cuja história jamais seria contada sem Luiz Gonzaga, Marinês, Jackson do Pandeiro, Sivuca e outros. Para o nosso orgulho este foram mais que cantores, mais que artistas, pois com arte e maestria encantaram o mundo cantando o Nordeste e o Brasil. Não, não tenho absolutamente aversão às mudanças, desde é claro, que tragam benefícios. Elas acontecem de forma positiva ou não. Entretanto, nem sempre são benéficas, pelo contrário, às vezes causam danos irreparáveis como acontece com o forró que se sente ferido em suas origens e agonizante pede socorro. Bem, partindo do princípio de que “tudo o que é bom dura pouco” só nos resta uma alternativa: aproveitar o que ainda existe. Assim, em meio a tanta agressividade nos deleitamos em ouvir Dominguinhos, Flávio José, Alcimar Monteiro, Fagner, Elba Ramalho e outros também remanescentes do autêntico forró e fiéis as origens como legítimos herdeiros de artistas imortais, principalmente de Luiz Gonzaga - ETERNO REI DO BAIÃO. Contudo, ainda creio no forró. Acredito que enquanto houver pessoas sensatas que amam o que é bom e o que é belo, certamente o forró não morrerá. Assim como o samba o forró agoniza, mas não morre. Afinal de contas o forró é uma arte e a arte se eterniza a medida que nós a cultivamos. Assim o forró é eterno. Viva o forró e o faça imortal.

*PROFESSOR E EX-ADMINISTRADOR ESCOLAR

S O S FORRÓ S O S  FORRÓ Reviewed by Unknown on 5/31/2008 01:44:00 PM Rating: 5

2 comentários

Anônimo disse...

BRAVO BRAVO BRAVO. Que página maravilhosa. Falar das nossas raízes musical, e com tanta eloquência, Sr, Franciso.. Muito obrigado.. Parabens e um abraço de agradecimento.. Socorro de Pombal

Anônimo disse...

Bravo, Bravo Bravo. Que página maravilhosa, Ffalar das nossas origens músical, com tanta sabedoria, com tanta certeza, e eloquência. Fico por demais feliz. Parabêns! Realmente foi gratificante, lembrar os nosso imortais sanfoneiros.. Socorro de Pombal

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