banner

JOSÉ MEDEIROS VIEIRA: UM POMBALENSE DE FATO!

JOSÉ MEDEIROS (Foto arquivo Verneck) MACIEL GONZAGA* Historicamente, a cidade de Pombal é um celeiro de vultos que marcaram a vida política da Paraíba. Nesse momento torna-se desnecessário citar nomes. Mas, neste artigo, quero enfocar um nome que faz parte da história: José Medeiros Vieira. Apesar de sua naturalidade ambígua fez questão de deixar que a condição de pombalense se propagasse com o indício de maior afinidade com a nossa terra. Era filho de uma das mais tradicionais famílias de nossa cidade. Seus pais: Manuel Vieira de Medeiros (Seu Né) e Rita Vieira de Medeiros. Nasceu no dia 11 de agosto de 1917, por acaso na cidade de Cajazeiras, em razão de seu pai à época do seu nascimento haver sido designado para trabalhar como servidor do Fisco Estadual. Mas, viveu os dias de sua infância em Pombal, no convívio com numerosos parentes. Falava do Velho Arraial de Piranhas como sua terra natal. Iniciou o curso primário na escola particular de D. Nininha Castro, prosseguindo, como aluno da escola pública regida pelo professor Newton Seixas, pai do renomado historiado Wilson Seixas e uma das mais comoventes vocações do magistério no Sertão Paraibano. Voltou a Cajazeiras para estudar no Colégio Diocesano Padre Rolim, a mais nobre tradição da terra cajazeirense. Em 1935 José Medeiros já estava cursando o Colégio Diocesano Pio X, escola dirigida pelo grande educador Cônego Francisco Lima, em João Pessoa. Ali manifestou os seus pendores literários como membro da Arcádia Pio X onde publicou seu primeiro poema “Recordação do Piancó”, em que relembrava saudoso, o velho rio que banha a cidade de Pombal: Rio Piancó!/Quantas recordações!/Saudades de “eu” criança/Saindo do banho ao pino do sol/Com cinzas nos olhos da cor de fogueira/Com um medo fantástico de apanhar... Em 1937, cursando a quinta série daquele educandário, conquistou o segundo lugar no concurso promovido pela Confederação Pan-Americana de Boas Estradas, recebendo atencioso ofício do Ministro da Educação, Gustavo Capanema, felicitando-o pela honrosa classificação. Ingressou na Faculdade de Direito do Recife, época em que viveu os dias de intolerância política da ditadura de Getúlio Vargas. Tornou-se amigo do colega de turma, Paulo Germano Magalhães, filho do interventor Agamenon Magalhães, que o acolhia, com outros integrantes da turma, na residência oficial do Palácio das Princesas. Na sua turma estavam outros paraibanos que se destacaram nas atividades jurídicas: Djacy Alves Falcão (Ministro do STF), Luiz Rafael Mayer (Procurador Geral da República e Ministro do STF), Otacílio Nóbrega de Queiroz (Deputado Federal), Rivaldo Silvério da Fonseca (Desembargador na Paraíba), entre outros. Ainda como acadêmico de Direito fez o CPOR (Curso de Preparação de Oficiais da Reserva), turma de 1943, da qual foi orador. Após concluir o curso de Direito, José Medeiros iniciou suas atividades profissionais em Pombal, instalando-se como advogado em 1944, onde expunha à juventude as suas idéias libertárias em defesa do movimento de redemocratização do país. Com a organização dos partidos políticos, filiou-se à UDN (União Democrática Nacional) como simpatizante da cruzada do Brigadeiro Eduardo Gomes, José Américo de Almeida e o médico José Queiroga, político de grande influência na cidade. Orador entusiasta de todos os comícios na campanha de 1950, José Medeiros teve a oportunidade de saudar José Américo de Almeida na passagem por Pombal como candidato ao Governo da Paraíba. Quando José Américo tomou posse, a 31 de janeiro de 1951, convocou José Medeiros Vieira para o cargo de Diretor do Serviço Público, destacando-se na administração pública pela sua integridade moral e comprovada competência profissional. Em seguida, foi nomeado para o cargo de Secretário de Educação e Saúde e uma de suas obras foi a construção do Colégio Estadual de Campina Grande (Estadual da Prata). Em 3 de outubro de 1954 foi eleito para Assembléia Legislativa pela legenda do Partido Libertador, onde permaneceu até 1957, quando obteve licença especial para exercer cargo público na administração federal. Foi um grande parlamentar. José Medeiros Vieira integrou o Grupo de Estudos sobre o Desenvolvimento do Nordeste, organismo federal que deu origem à SUDENE, ao lado de outro pombalense Celso Furtado, de Aloísio Afonso Campos e Geraldo José de Melo (ex-governador e ex-senador do Rio Grande do Norte). Mas, em 1961 foi convidado pelo ministro João Agripino, de Minas e Energia, para exercer a Chefia de Gabinete daquele Ministério, função que permaneceu até a exoneração do ministro com a renúncia do presidente Jânio Quadros. Com a Revolução de 1964 foi convidado pelo General Cordeiro de Farias para exercer a função de Assessor Especial do Ministério Extraordinário para a Coordenação dos Órgãos Regionais, onde foi Chefe de Gabinete e permaneceu até 1966, quando retornou à Paraíba convidado pelo governador João Agripino para exercer o cargo de Secretário de Interior e Justiça. Depois, a assumiu a Secretaria de Educação e Cultura. Após a conclusão do período administrativo do governador João Agripino, José Medeiros retornou a Brasília, reassumindo as atividades no Ministério do Interior, como assessor jurídico. Em 1971, foi eleito suplente do senador Domício Gondim. Tinha eu em torno de 7 a 8 anos de idade. José Medeiros Vieira chega a Pombal e é recebido na casa de uma parenta sua – Dona “Nem” Firmino, próximo da Igreja Matriz. A minha mãe – Roza Gonzaga – me leva à presença daquele homem de postura mediada, bem vestido, fala pausada. Dirijo-me a ele e peço à bênção – aquilo que se fazia no passado em reverência aos mais velhos. Contava a minha mãe que o homem perguntou-me: “O que você deseja ser quando crescer?”. Respondi-lhe: “Quero aprender a ler”. Dr. José Medeiros pois a mão no bolso, retirou a carteira e me deu uma nota boa (dinheiro). Voltando-se para Dona “Nem” Firmino, disse José Medeiros: “Cuide desse menino e lhe dê o que for preciso para ele estudar”. Por muito tempo, enquanto vida teve Dona “Nem”, a minha mãe recebia uma ajuda de custo para os meus estudos em Pombal, depois em Cajazeiras e, em seguida, em Campina Grande. Hoje, com o passar do tempo, relembrando a história, faço um exame de consciência sobre a minha resposta dada a Dr. José Medeiros. Na verdade, o que desejava no futuro, consegui: aprendi a ler e escrever. José Medeiros Vieira faleceu em Brasília no dia 31 de outubro de 1973. A sua morte deu motivo a vários pronunciamentos de amigos, conterrâneos e admiradores que o estimavam pelas virtudes de homem público e pela persistente paixão pelo serviço público. É um Pombalense de fato! *Jornalista, Advogado e Professor. Natal – RN.

JOSÉ MEDEIROS VIEIRA: UM POMBALENSE DE FATO! JOSÉ MEDEIROS VIEIRA: UM POMBALENSE DE FATO! Reviewed by Unknown on 8/11/2008 08:20:00 PM Rating: 5

Um comentário

Anônimo disse...

Minha cidade de pombal, onde vivi parte de minha infância. Hoje me orgulho dessa cidade pelos bons frutos que gerou para nossa Paraíba e o nosso Brasil. Orgulha-me as ilustres figuras de prestígio regional e nacional s que devem sercomo José Medeiros Vieira, Celso Furtado e tantos outros que brilharam no cenário nacional. São exemplos que devem servir de estímulo para o crescimento intelectual .dos mais jovens pombalenses.

Recent Posts

Fashion