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SAUDADES DO BOLERO E DO SAMBA-CANÇÃO.

MACIEL GONZAGA* (foto) A música entra na vida da gente e deixa sinais profundos. Como a sonoridade do vento e as ondas do mar ao cair da tarde. Ao olhar uma pessoa que esteja ao nosso lado descobre-se que há uma melodia brilhando em seus olhos. Pessoas foram compostas para serem ouvidas, sentidas, interpretadas. Quem não tem uma música predileta ou uma música que marcou aquele momento especial? A origem da palavra “música” vem do grego mousikê, que significa "arte das musas". Música pode ser definida como "arte e ciência de combinar harmoniosamente os sons". Não é possível definir exatamente quando a música surgiu. Ao longo da história inúmeros gêneros e estilos musicais foram produzidos. Da época Medieval, passando pela Renascentista, Barroca, Clássica e Romântica, nomes como Bach, Vivaldi, Mozart, Beethoven, Chopin, Wagner e Villa-Lobos são personagens desse mundo da musicalidade. Na fase moderna, Jazz, Samba, Chorinho, Blues, Bossa Nova, Rock, Pop, Tropicália, Soul Music, Reggae e MPB foram movimentos que marcaram época e tornaram inesquecíveis nomes como Louis Armstrong, Cartola, João Gilberto, Beatles, Madonna, Caetano Veloso, Bob Marley, Tom Jobim, Caetano Veloso, Elis Regina, Luiz Gonzaga e muitos outros.Na antiguidade, a música era utilizada com a finalidade de reverenciar Deus, sendo classificada como Divina (religiosa). Com o tempo a primeira arte saiu do âmbito sagrado, alcançou as massas, o lucro e a fama, sendo chamada de profana ou pagã. A música influencia comportamentos, épocas e atitudes. De acordo, com as últimas descobertas da ciência, a música também possui um grande poder curativo. Ela estimula, acalma, alegra, entristece, cura... Possui uma profunda ligação com nossos sentimentos.O ser humano tem contato desde muito cedo com a música. As mães ninam seus bebês, as crianças aprendem cantigas de roda, os jovens não desgrudam do MP3 (4, 5 ou 6) e os adultos ouvem a rádio no carro ou adquirem o costume de cantarolar no banheiro. Como se pode notar a música está em todo o lugar. Não existem fronteiras para a melodia. Não há como pensar em um mundo sem música. Pois, a própria natureza através do barulho da cachoeira, pássaros, vento e outros elementos faria o papel de compositora e, assim, um homem de alguma forma seria estimulado a assoviar, compor, cantar... O Dia da Música é comemorado no Brasil em 22 de novembro. Hoje, as emissoras de rádio já não tocam mais boleros e samba-canção. O bolero é uma das mais lindas vertentes da nossa música. Um ritmo que mescla raízes espanholas com influências locais de vários países hispano-americanos. Surgiu no Caribe, mas sofreu modificações, especialmente desenvolvendo temas mais românticos e ritmo mais lento. O primeiro bolero data de 1883, na voz do cubano José Sanchéz, posteriormente adotado pelos mexicanos e, depois, por toda a América Latina. O mais célebre bolero mexicano é sem dúvida “Bésame Mucho”, composto por Consuelo Velásquez (1941) e interpretado por dezenas de cantores em vários países. Dentre os mais conhecidos intérpretes estão: Altemar Dutra, Trio Irakitan, Trio Los Panchos, Agustín Lara, Bievenido Granda, Lucho Gatica, Pedro Vargas, Consuelo Velásquez, Luis Miguel, entre outros. Sabe-se que o bolero influenciou o samba-canção, um gênero musical baseado no Romantismo, que surgiu no final da década de 1930, caracterizando-se como o samba lento e melodioso, que apresenta marcação forte por meio de outros instrumentos rítmicos, inclusive o tambor. Por ser muito romântico, exaltando o tema amor-romance e o sofrimento por um amor frustrado, como ocorre no bolero e na balada, o samba-canção recebeu a denominação de "fossa (dor-de-cotovelo)". Desta forma, exaltava desde um vocabulário bastante culto e muito elaborado nas letras, representado por autores como Noel Rosa, Ângela Maria, Cauby Peixoto, Nelson Gonçalves, Dolores Duran, Maysa Matarazzo, Lindomar Castilho, entre outros, até outros compositores como Elino Julião e Genival Santos. Lamentavelmente, o Brasil é um país sem memória musical. Mesmo que o tema amor-romance ainda exista, o estilo suave, muito elaborado e melodioso do bolero e do samba-canção não tem mais espaço na musicalidade brasileira. Ah! Que saudades... *Jornalista, advogado, apresentador de TV, e Professor. Natal-RN.
SAUDADES DO BOLERO E DO SAMBA-CANÇÃO. SAUDADES DO BOLERO E DO SAMBA-CANÇÃO. Reviewed by Clemildo Brunet on 12/01/2008 05:01:00 AM Rating: 5

Um comentário

Atapoã Feliz disse...

Prezados Cremildo e Maciel Gonzaga.
Li o primoroso artigo "Saudades do bolero e do samba-canção". Para nosso gáudio, ainda temos pessoas que amam a boa música. Só não pude concordar com a afirmação segundo a qual "o estilo suave...do bolero e do samba-canção não tem mais espaço na musicalidade brasileira." Com efeito, por acreditar ao contrário, gravamos em 2012 um CD instrumental com 12 faixas só de boleros inéditos e estilizados. Gostaria de lhes encaminhar alguns exemplares do CD que tem por título "Fascínio de Mulher", sem nenhuma intenção de autopromoção.Para tanto, preciso apenas que me enviem o número da caixa postal ou endereço.
Grande abraço
Atapoã Feliz
www.omapala.mus.br

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