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VINTE ANOS SEM O AUTOR DE "A CIGANINHA"

CLEMILDO BRUNET*
Vinte anos são passados, foi no dia de 30 de janeiro de 1989, que faleceu vítima de acidente automobilístico após um show na cidade de Pesqueira - PE, o cantor e compositor Carlos Alexandre, cujo nome de batismo era Pedro Soares Bezerra; natural de Nova Cruz – RN. Nasceu no dia 01 de junho de 1957. Já adulto foi morar em Natal, onde deu início a sua carreira artística.
Segundo seus amigos ele era por demais família. Apesar da insistência dos que o acompanhavam para não viajar logo após o show, pois queriam descansar, ele respondeu de modo taxativo – “o que é isso? Descanso só depois de morto! Enquanto tiver forças, saio dos shows e vou direto para casa, não agüento ficar longe de Solange e dos meninos”. Infelizmente, chegou em casa sem vida.
Carlos Alexandre foi ajudante de padeiro e costumava nas horas vagas cantar em comícios. Numa dessas ocasiões o deputado Carlos Alberto (RN), animador de programa de auditório e conhecido como o Sílvio Santos do Nordeste, ficou convencido que o ajudante de padeiro seria sucesso no disco; com livre trânsito que tinha nas gravadoras conseguiu um contrato experimental na RGE, tendo Carlos Alexandre correspondido às expectativas. Daí então, a partir de 1978, nunca mais deixou as paradas de sucesso.
Seu disco de estréia foi um compacto com a música “Arma de Vingança” e no ano seguinte estourou com a música “Feiticeira” vendendo mais de 500 mil cópias, o que lhe valeu o primeiro disco de ouro da sua carreira. Garante o seu antigo divulgador Aarão Perlov, que essa música era a cara do Carlos Alexandre e foi com ela que o cantor ficou conhecido em todo país. Passou mais de um ano nas paradas e se tornou o prefixo musical da entrada da saudosa jurada Aracy de Almeida no show de calouros do programa Silvio Santos. E assim fez sucesso, um atrás do outro. “A ciganinha” emplacou. Foi o seu segundo maior sucesso; a letra da música, conta a história de um rapaz que deseja pedir uma cigana em casamento. “Índia e Cartão Postal” também freqüentaram a lista das mais tocadas. O sucesso do cantor teve uma dimensão tamanha que em vida chegou a ganhar 15 discos de ouro. Cantores como Bartô Galeno e Giliard chegaram a gravar músicas do cantor. Suas composições ganharam destaques também em outras vozes, recebendo os aplausos do público romântico de Barros de Alencar, Ismael Carlos, Bartô Galeno, Giliard e tantos outros. O Quinto LP da Carreira de Carlos Alexandre, “Revelação de um sonho” 1982, foi em homenagem ao cantor popular Evaldo Braga, morto em 1973, em acidente automobilístico, sete anos depois Carlos Alexandre, também nas mesmas condições, viria a óbito. O disco fez com que reascendesse a saudade dos fãs do ídolo negro e foi o mais vendido na época. O cantor explicou para a repórter Ângela Toledo, da revista Sétimo Céu, a razão da homenagem: “Como Evaldo Braga estava muito esquecido, me propus a fazer um trabalho para reabilitar sua memória e depois porque sempre me identifiquei com o que ele cantava” Seguindo a linha de Evaldo Braga, Carlos Alexandre, inseria sentimento de traição, vingança e revolta nas letras das músicas que cantava nos moldes de uma interpretação dramática.
Outra curiosidade na vida do artista foi a promoção do Cantor mascarado da Buzina do Chacrinha. Carlos Alexandre cantava a música “Feiticeira” com o rosto encoberto e Chacrinha distribuía prêmios para quem acertasse o nome do cantor mascarado; este foi o maior incentivo ao sucesso do ídolo popular, pois, o quadro na Buzina do Chacrinha, repetiu-se por várias semanas.
Em 1999, seu filho Carlos Alexandre Júnior, fez um tributo ao pai com a música “Tributo ao Meu Pai” primeiro CD pela gravadora GEMA lançado em 2000. Mas, a mais importante homenagem prestada ao cantor depois de morto, foi a peça realizada pelo Produtor Cultural, Marcelo Veni no dia 02 de junho de 1999, no Teatro Alberto Maranhão, em Natal. O espetáculo recebeu o nome de “Vem Ver Como Estou” (título de uma música de Carlos Alexandre e Nando Cordel), do disco que leva o mesmo nome gravado em 1984). Nesse show, cantores da nova geração do Rio Grande do Norte, fizeram uma releitura da obra do artista homenageando-o, fazendo enfeites nas músicas velhas, com blues, rock e pop. Nomes conhecidos como: Júnior Baiano, Cristina Holanda, Cantus do Mangue, General Junkie, Cleude Freire, Babal, Além de Carlos Alexandre Júnior e Marina Elali, cantora conhecida no Brasil pelo sucesso na trilha sonora da novela “Páginas da Vida”, homenagearam o ídolo.
No dia 20 de setembro de 1985, Carlos Alexandre esteve em Pombal pela segunda vez e concedeu entrevista ao programa “A Tarde é Nossa” da Rádio Maringá AM. Ainda tenho guardado no meu acervo a gravação do Programa, oportunidade em que acompanhado de um violão, ele interpretou ao vivo, várias músicas de seu vasto repertório. Nessa ocasião, o cantor tinha vindo fazer um show no Gram Tyanito Circus, que se encontrava armado na Rua de Baixo ao lado do Colégio Josué Bezerra.
“Carlos Alexandre era e fazia questão de ser popular, por isso se tornou um dos maiores vendedores de música brega do país”, afirmou José Eudo, disck-jóquei de uma rádio de Natal. Concordo plenamente. Eu mesmo testemunhei, ao convidá-lo para fazer uma vinheta do meu programa com sua voz, no que fui prontamente atendido. Tendo como fundo musical a melodia “Cartão Postal”, Carlos Alexandre assim se expressou: “Oi Gente. Aqui quem fala é Carlos Alexandre, escreva muitas vezes para o programa A tarde é Nossa, o programa do nosso amigo Clemildo Brunet e ganhe no final do mês um LP meu, tá... Carlos Alexandre”.
Neste dia 30 de janeiro vamos lembrar mais uma vez do nosso Carlos Alexandre, são vinte anos que ele se foi, no entanto, podemos matar saudades, ouvindo as músicas de seu grande repertório recheado de sucessos. “Eu estou distante, mas estou lembrando de você amor/ Estou lhe escrevendo com o coração partido de dor/ Pois estou sentindo uma vontade louca de beijar teus lábios, abraçar seu corpo e ficar quase morto com um beijo seu/ lhe falar de mim e não repetir a palavra adeus”...
*RADIALISTA
VINTE ANOS SEM O AUTOR DE "A CIGANINHA" VINTE ANOS SEM O AUTOR DE "A CIGANINHA" Reviewed by Clemildo Brunet on 1/28/2009 10:27:00 PM Rating: 5

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