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A IGREJA MATRIZ DE POMBAL

Verneck Abrantes*
A primeira Igreja católica de Pombal data de 1701, quando El-Rei do Brasil/Portugal, deu ordens para sua construção. Tratava-se de uma pequena capela, onde se celebrava o Santo Sacrifício da Missa e se administrava o sacramento aos índios que iam sendo catequizados. Essa primeira construção foi completamente destruída. A segunda Igreja de Pombal, denominada de Nossa Senhora do Bom Sucesso, construída próxima da primeira, tem seu registro datado de 24 de fevereiro de 1721, guardando ainda hoje suas características originais. É uma verdadeira relíquia do barroco colonial, encravada no sertão da Paraíba, hoje denominada de Igreja de Nossa Senhora do Rosário, tombada pelo Instituto do Patrimônio histórico e Artístico do Estado da Paraíba.
Em 1872 é iniciada a terceira Igreja de Pombal, a qual é concluída e inaugurada no dia 8 de setembro de 1897, bem mais ampla, também dedicada a Nossa Senhora do Bom Sucesso, passando a ser a Igreja Matriz, a qual vamos referenciar um pouco da sua história. Apesar de em 1872, Pombal ter praticamente três ruas residências definidas e outras casas isoladas, o paroquiano pombalense achou que a sede do município comportava mais uma igreja, bem maior e mais confortável que a já existente, para tanto, o padre Álvaro Ferreira de Sousa, com auxilio do padre Hermenigildo Herculano Vieira, iniciaram as obras, se arrastando a construção por 25 anos.
Em 27 de setembro de 1893, o padre Valeriano Pereira de Sousa assumiu a direção da paróquia de Pombal, encontra a Igreja apenas coberta e caiada na parte interna e externa, faltando o acabamento geral. Sem recursos, o padre convoca o povo para a sua conclusão, sempre incansável, faz campanha para arrecadação de auxílios financeiros na zona urbana e rural, para isso criou a Irmandade dos Apostolados do Coração de Jesus e, com muito esforço, junto com a população da freguesia, no dia 8 de setembro de 1897, abre as portas da Igreja, restando, no entanto, a conclusão da sacristia e de uma das torres, que só foram concluídas em 1950 e 1954, respectivamente, por monsenhor Vicente de Freitas.
No dia da inauguração da Igreja nova, que passou a ser denominada de Igreja de Nossa Senhora do Bom Sucesso, a imagem da referida santa foi trasladada, em procissão, da atual Igreja de Nossa Senhora do Rosário para nova Igreja Matriz. No ato religioso, foi rezada a primeira missa em meio às festividades e participação do povo em multidão, autoridades municipais e de cidades circunvizinhos, maravilhados com a obra esplendorosa para época. Considerada a construção mais alta de Pombal, a Igreja Matriz se transformou em ponto de referência para os filhos saudosos quando no retorno à sua terra natal. A quilômetros da cidade se avistava suas torres majestosas, induzindo ansiedade, lembranças e a certeza da chegando à terra amada.
No inicio de 1970 foi realizada no seu interior, uma reforma, quebrando a beleza da sua arquitetura original. A Igreja que foi tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico da Paraíba, em 2002. No ano 2004 ocorreu uma segundo reforma, devido o seu teto ameaçar desabamento, no entanto, sem acompanhado técnico de especialistas.
No dia 8 de setembro de 1997 a Igreja de Nossa Senhora do Bom Sucesso completou um século de existência, sem comemorações. Em outros tempos já foi diferente, verificando os fatos, transcrevo um dos trechos da conferencia "A Origem e Evolução Histórica da Paróquia e do Município de Pombal", proferida por padre Manoel Otaviano, nas solenidades comemorativas das bodas de ouro, isto no dia 8 de setembro de 1947, hei-la: "...mas, Senhores, o fácies luminoso desta festa, ao se comemora o jubileu da Nova Matriz de Pombal, arrasta-nos à evocação do dia 08 de setembro de 1897. Cinqüenta anos já se foram! Vejo aqui, Senhores, um acontecimento verdadeiro emocionante: o vigário que presidiu as solenidades daquele grande dia, ainda é nosso vigário! Velho, alquebrado, mas ainda sorri convosco, canta convosco no dia de hoje! Foi uma graça especial que a Virgem do Bom Sucesso concedeu a Pombal. Eu diria melhor: um milagre do seu coração materno. Monsenhor Valeriano Pereira de Sousa, no compasso lento do seu velho coração, está recordando o badalar festivo dos sinos daquele dia. Tem saudades! Lembra a voz cheia e piedosa do pregador da festa, Monsenhor Emídio Cardoso. Este, Deus chamou há poucos dias, para lhe pôr sobre a cabeça branca a coroa das justos, senão, estaria aqui também, recordando, vivendo outra vez o brilho das solenidades de 1897. Veria, então, como a nova Matriz cresceu, como suas torres majestosas furam o espaço azul dos céus sertanejos, como o velho vigário trabalhou com seus cireneus, para presentear a Nossa Senhora do Bom Sucesso um templo digno da sua gloria. Como o povo católico de Pombal, está comemorando hoje esse pio acontecimento e sorrir com seu velho vigário a frente, segurando-lhe a dextra que tantas benções derramou sobre esta terra, esta figura moça e virtuosa de sacerdote-padre Vicente Freitas, nosso ardoroso pro-paróco, alma viva desta comemoração. Recordar é viver duas vezes. A saudade tem asas. Ela nos levou, em espírito, aos esplendores do grande dia que cinqüenta anos sepultam, e já nos trouxe para bebermos os eflúvios da festa de hoje. Maior glória não poderia caber a Pombal. De pé, todos de pé, saudamos as glórias da Virgem do Bom Sucesso e as alegrias da família pombalense. Pombal, eu saúdo neste momento de elevação espiritual e febre patriótica, as raízes da tua ancestralidade. Tu foste o ninho murmuroso de onde rebentam os primeiros arrulhos da civilização sertaneja. Foi o teu solo quente e fecundo, aqui onde se abraçam, no escachoar das suas águas, no batismo da fé, dos lábios desse Franciscano que acompanhou a primeira bandeira de penetração, e ergueu a primeira ermida, de onde a luz eucarística de um Deus escondido espargiu os raios brancos da paz e de amor. Tu és o protoplasma dessa geração de bravos sertanejos, dessa gente forte e ousada ante as intempéries climáticas do nosso hinterland, tostada de sol ardente esquecida dos favores públicos, mórbidas de pesados tributos, mas mesmo assim firme como um rochedo cuspido das procelas altaneira e heróico nas provações e horas minguantes da Pátria. Tu és soldado valente quase alucinado no incêndio dos combates; sentinelas indormida do lar; guarda vigilante das tradições cristãs derramando o sangue das veias pela liberdade e pela grandeza do Brasil. Salve, Pombal, heróico!..."
Parabéns aos filhos de Pombal que nasceram à sombra de suas seculares Igrejas...
*Escritor e Historiador.
A IGREJA MATRIZ DE POMBAL A IGREJA MATRIZ DE POMBAL Reviewed by Clemildo Brunet on 2/09/2009 09:31:00 AM Rating: 5

Um comentário

Severiano Torres Bandeira disse...

Sou filho do município de Pombal, sertão de Maniçoba e Lagoa Escondida. Quando criança e menino de 7 anos fui batizado e recebi a primeira comunhão na Igreja Nova de Nossa Senhora do Bom Sucesso, ministro padre Acácio Rolim, có-pároco. O padre Valeriano ainda era o pároco e eu me lembro de sua figura patriarcal e de histórias que contavam a seu respeito, pois era orgulho dos tios e tias dizerem que foram batizados e casados pelo padre Valeriano e assim quase todos os habitantes da cidade. Desde então ausentei-me, estudei, obtive o diploma de engenheiro e lá voltei para coordenar a construção do primeiro prédio próprio da agência do Banco do Brasil, na década de 70, na praça central, esquina com a rua Nova.

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