banner

UM POMBALENSE CHAMADO CELSO FURTADO

Celso Furtado (Foto Arquivo)
Por Cândido Tertuliano*
Gostaria de ter o poder de poder imaginar como era a vila de Pombal nos idos de 1920 a 1927, período do nascimento e infância de Celso Furtado e dos seus sete anos vividos aqui em Pombal. Quem foram os seus amigos de infância, sua professorinha, o que pensava aquele tenro menino. Como era o casario de nossa cidade naquela época. Nesta célebre entrevista dada a Playboy, Celso fala de uma enchente que costumeiramente acontecia e alagava as residências ribeirinhas da antiga rua do Rio, em que segundo ele, o fogão de sua casa foi parar na sala de entrada. Sabemos pouco de Celso, da sua família materna, apenas que seu pai era magistrado e em 1927 transferiu-se para a capital, onde ele continuou os seus estudos no Liceu Paraibano. Agora talvez seja a hora de nos debruçarmos em um intenso trabalho de pesquisa e tentar resgatar estes dados do homem comum, cidadão Celso Furtado. Do intelectual sabemos um pouco mais, de sua trajetória pelo mundo, suas preocupações que transcenderam os limites da economia, ciência por excelência capitalista e a serviço dos financistas, mas sabemos também de sua visão marxista de mundo, que lhe deu base para pensar a economia além da própria economia e estender para o social e o político o seu pensamento. Celso foi um homem muito além do seu tempo, um homem de vanguarda, como costumamos chamar estes indivíduos que conseguem vislumbrar o futuro muito à frente. Tornou-se mestre de muitos e seguidos por tantos. Foi humilde o suficiente para apanhar o metrô parisiense, no trajeto de ida de uma universidade a outra, quando lecionava na França. Não foi por acaso que tenha assumido a cadeira numero 11, da Academia Brasileira de Letras, anteriormente ocupada por Darci Ribeiro, outro homem do porte de Celso Furtado; aliás para entendermos o Brasil precisamos conhecer um pouco da obra de Celso (Formação Econômica do Brasil), o povo brasileiro (Darci Ribeiro), Raízes do Brasil (Sérgio Buarque de Holanda) e Casa Grande e Senzala de Gilberto Freire, além de Caio Prado Junior. Estes juntos formam e completam um quebra cabeça semelhante ao mapa do nosso país continente. Celso não tinha mais referências em Pombal, porque deixou de ser pombalense para ser um cidadão do mundo como dizia o filósofo Sócrates, a não ser a sua certidão de nascimento; o tempo muitas vezes faz com que percamos as nossas referências, com muita sabedoria. Ele quebrou paradigmas quando colocou na ordem do dia, a questão do subdesenvolvimento da região nordeste, não apenas pela questão geopolítica, mas como o fruto de uma herança colonial de mais de três séculos.
Foi um homem cujo pensamento era descolonizado e procurou transmitir isso aos seus seguidores. Sabia que a metrópole havia se deslocado de Lisboa para Londres e posteriormente para Washington. Foi ético até o extremo da palavra. Probo , simples, recatado, tímido e fiel aos seus princípios até o fim de sua longa e bela existência. Posso me orgulhar de ser seu conterrâneo
*Ativista Político.
UM POMBALENSE CHAMADO CELSO FURTADO UM POMBALENSE CHAMADO CELSO FURTADO Reviewed by Clemildo Brunet on 5/31/2009 05:29:00 AM Rating: 5

Nenhum comentário

Recent Posts

Fashion