EM NOME DO PAI E DO FILHO: UMA PEQUENA BIOGRAFIA DO PE. SOLON

Pe. Solon (Foto) saudosa Memória

Por Jose Tavares de Araújo Neto*

Nascido a 04 de maio de 1935, na zona rural do então Distrito de Paulista, município de Pombal (PB), fruto da união conjugal do grande poeta popular Belarmino de França e de Dona Emerendina Dantas, de tradicional família paraibana, o seminarista Solon Dantas de França foi ordenado padre, junto com outros colegas, no dia 10 de julho de 1968, em uma concorrida cerimônia realizada em Paulista, sob a benção do Bispo da Diocese de Cajazeira, Dom Zacarias Rolim de Moura.

Na época, o jovem padre, que mais chamava a atenção por ser filho de Belarmino de França do que por virtudes próprias, foi conquistando a simpatia e confiança dos seus conterrâneos. Carismático, inteligente, culto, eloqüente e cativante, Padre Solon logo mostrou que, mesmo herdando muito dos dons do seu velho pai, era possuidor de uma personalidade própria. Assim, se auto-afirmou ao assumir o comando da paróquia de Pombal em 1969, onde permaneceu até o ano 2004, totalizando 35 anos, quando se afastou por problemas de saúde. Na longa e contínua história da paróquia de Pombal, iniciada em 1711, com o Padre Antônio Saraiva da Silva, apenas o Monsenhor Valeriano, que conduziu a paróquia de Pombal por 48 anos (1893/1945) permaneceu mais tempo que o filho do poeta.

Enquanto pároco, Padre Solon Dantas de França fez de sua vida um sacerdócio na exata concepção da palavra. A fé e a perseverança transformaram-no em um abnegado realizador dos sonhos do seu rebanho. Apesar de sua peculiar discrição, a peregrinação na busca de recursos juntos aos abastados para reverter em benefícios dos mais carentes era uma constante em sua trajetória de líder, transformando-o em dos grandes benfeitores das comunidades por ele assistidas.

Mais do que o mero assistencialismo, a filantropia, marca indelével do seu caráter, sempre esteve presente em ações executadas pelo líder religioso, seja na condição de diretor do Hospital e Maternidade Sinhá Carneiro, Orfanato Nossa Senhora de Fatima ou da Escola Normal Josué Bezerra, ou ainda, quando de sua determinação em implantar o nível superior na terra natal, que culminou com uma grande conquista para toda região, oportunidade em que, além de idealizador e fundador, transformou-se no primeiro diretor das Faculdades de Agronomia e de Ciências Contábeis de Pombal, hoje encampadas pela Universidade Federal de Campina Grande, através de medida do Ministério da Educação que criou o Campus Celso Furtado.

O falecimento de Padre Solon, ocorrido em 03 de Junho 2006, deixou uma lacuna impreenchível nas histórias de Paulista e Pombal, municípios que foram contemplados por um amor ufanista de um filho que sempre acreditou no potencial de seu torrão. Plagiando Câmara Cascudo, não é exagero afirmar que quando se fizer a colheita da nossa história, sem dúvidas reaparecerá Padre Solon, não apenas como um mero líder religioso, mas como um cidadão que se aventurou em buscar, aqui na terra, uma oportunidade de ofertar uma vida digna aos seus concidadãos.

Certamente nesta oportunidade, irá transparecer a verdadeira proficuidade do trabalho deste homem que soube como poucos dedicar uma vida a sua terra e ao seu povo. E todos poderão perceber que muito mais que um líder religioso, Padre Solon teve efetiva e decisiva participação na vida cultural e política dos dois municípios, direcionando ações principalmente para as áreas de saúde e de educação, assim como no apoio e incentivo à preservação da cultura popular.

*Colunista.