banner

POMBAL: ANTES E DEPOIS.

Por Severino Coelho Viana
A literatura traz um aspecto de notável importância para aqueles que lidam neste campo da arte, deixando como instrumento de uso a expressão de espontaneidade na divulgação de situações concretas ou do fruto de criação ou recriação puramente imaginativa. Esta é a arte dos sonhadores que não perdem a esperança de ver seus sonhos realizados.
Neste nosso trabalho encampamos os fatos realísticos e tentamos edificar as nossas ideias imaginárias como se fossem possíveis torná-las palpáveis num futuro bem próximo, rebrilhado pelo sentimento de amor que temos pela nossa Terra. Este é o objetivo maior desta nossa investida literária na perspectiva de crescimento do nosso querido Pombal, tornando-o mais grandioso e altaneiro em todos os setores da comunidade. Então, vamos em frente e mãos à obra!
Concretamente, ninguém sabe a fonte originária do primeiro habitante de uma localidade, de onde ele veio e aonde ia. Desconhecemos completamente o local da primeira oca, a disseminação da primeira taba ou a construção do primeiro casebre ou da primeira casa, apenas identificamos a raça primitiva. Esta identificação se deu com a colonização, cuja raiz genealógica aflorou dos índios Cariris, com suas ramificações das tribos: Ariús, Pegas, Paiacus, Tapuias, Jaduis, Sucuriús, Canidés, Coremas, Panatis etc. que nas suas peripécias pelo areal do Rio Piancó, caçando e pescando, faziam estripulias por cima das canafístulas, ingazeiras e oiticicas, juntamente no meio das feras bravias e a suavidade das aves silvestres, neste ambiente ecologicamente equilibrado, da fauna e da flora, ao longo das ribanceiras.
Esta paz ecológica seria por pouco tempo, o desbravador feroz e impiedoso estava por chegar! Como se caracteriza o desenvolvimento de uma localidade? Tradicionalmente, com apoio nos usos e costumes de um povo, a voz corrente percebe que a Vila cresceu, logo começa a chamar de Rua Velha e Rua Nova, daí, então, o passo seguinte é deixar de ser Vila, isto é, pequeno povoado num misto de transformação à alçada de cidade. A cultura popular também acompanha o desenvolvimento da cidade, onde existe uma maior aglomeração humana, e renomeia o antigo e o novo, chamando de Cidade Velha e Cidade Nova. O nosso sonho de futuro será a chegada a uma metrópole. Quando? Isto depende da ação administrativa dos gestores públicos.
Os colonizadores foram impiedosos com os nossos primitivos, usaram de violência, trucidamento, ações sanguinolentas e matanças desmedidas, ocasião que, no dia 27/07/1698, fundaram no Arraial das Piranhas, o conglomerado de Arraial de Nossa Senhora do Bonsucesso, cujo comando coube a Teodósio de Oliveira Ledo, artífice da família Oliveira Ledo.
Do Arraial nasceu a Vila de Pombal, no dia 04/05/1774, autorização advinda por Carta-Régia, assim o fez. Uma curiosidade na instalação da Vila de Pombal, que efetivamente ainda não era cidade ou município, se bem que vila na linguagem de Portugal era equiparada a município, mas no Brasil, Vila é sucedâneo de aldeia, se ocorreu forçosamente ou por um equívoco de interpretação legal ou mesmo um lapso na lavratura do termo de criação da Vila, uma vez que não havia disposição legal neste sentido, qual seja de instauração de município ou cidade, porém, e na verdade, ao mesmo tempo em que instalaram a Vila, nesta data, criaram e instalaram também, o Conselho Municipal, correspondente à Câmara Municipal, cujo primeiro administrador municipal foi o Capitão-mor, Francisco de Arruda Câmara. Por este deslize ou desvio de propósito de boa vontade, não se instalou uma Vila propriamente dita, mas sim, a formação de um município, assim compreendido no vernáculo brasileiro, com a sua própria sede, justamente pela existência de um Conselho Municipal. Tirou em linha direta, de Arraial passou à Cidade. A Vila de Pombal figurou, no aspecto legal, de acordo com o conteúdo da Carta-Régia. E para confirmar que não foi um simples equívoco, a presidência de instalação da Vila de Pombal coube ao desembargador, José Januário de Carvalho. Portanto, com o simples ato de composição do Conselho Municipal e administrador Municipal não se poderia imaginar na instalação de uma Vila, mas de um município legalmente constituído.
Decorridos 88 anos deste ato presidido pelo desembargador, José Januário de Carvalho, um outro ato normativo provindo do Presidente da Província da Paraíba do Norte, de 21/07/1862, do status de Vila foi dimensionada ao nível de Cidade. Ora, cidade ou município já era desde 04/05/1774. Esta lei promanada do Presidente da Província apenas normalizou o ato presidido pelo desembargador, José Januário de Carvalho, pois, na prática o status de cidade já existia, deixando uma confusão de interpretação para ser desvendada pelos pesquisadores da história.
Se complexo é o deslinde da história de fundação da cidade de Pombal muito mais dinâmica e divertida será a nossa cidade futurista, ou seja, a Nova Cidade de Pombal. Se, atualmente, existem três datas comemorativas: de fundação, de instalação da vila e elevação à cidade, imagine uma quarta data de recriação de uma cidade: chamada de Nova Pombal, que comunga os ideais de hoje com os dos nossos antepassados, ressaltando-se, que somente no aspecto de temperança, de pujança, de rebeldia e daquilo que é socialmente útil ao seu progresso.
Os administradores públicos que tiveram o comando no itinerário de sua longa história, de Francisco de Arruda Câmara a Poliana Feitosa, cada um ao seu modo, seu tempo e estilo deixou um pouco de contributo para o crescimento do município. Uns fizeram mais; outros menos. Convém salientar que nenhum nasceu com o espírito de destruição como fez Nero, na Roma antiga.
Há um elo de união entre o novo e o velho. A diferença das duas cidades que estão unidas por um laço de fraternidade será uma divisão que forma um todo. E como uma divisão poderá formar um todo? Simplesmente, poético! Não há divisão, somente união em nome do bem comum. Uma união em nome da paz. Uma bandeira branca erguida como símbolo de conciliação entre os irmãos, originários da mesma raça humana.
A atual Igreja do Rosário, que inicialmente fora Igreja de Nossa Senhora do Bonsucesso, em 1721, com o seu rosário de fé, simbolizará as autoridades e a comunidade em geral, e num apelo veemente em nome do Deus verdadeiro, por favor, não deixem cair a atual Igreja do Bonsucesso, além da repercussão negativa de âmbito nacional, muitas vidas inocentes poderão pagar o preço altíssimo pelo pecado dos ímpios.
E nossa cidade nova imaginária terá uma padroeira? Nossa Senhora do Rosário ou Nossa Senhora do Bonsucesso? Se houver muita resistência, que seja realizado um plebiscito! E assim prevalece a vontade da maioria, não a vontade unilateral. A cidade nova não precisa de padroeira. Sabe por quê? Porque a nova cidade de Pombal não terá igreja, porém a diocese que nunca chegou, apesar da luta incansável empenhada pelo Padre Sólon Dantas de França. Esta diocese congregará as igrejas do Rosário, Bonsucesso, São Pedro, São Judas Tadeu, Nossa Senhora de Fátima, a capelinha de São José, que o velho Inácio dos Fogos construiu com esmolas do povo, além das freguesias paroquiais dos distritos e demais municípios que compõem a diocese.
O percurso da cidade velha poderá ser feito de trem, partindo da pedra da estação ferroviária, no Bairro dos Pereiros, local que já fora ponto de diversão e atração turística da cidade, ou de bicicleta, motocicleta, de burro, jegue ou cavalo, que obrigatoriamente terá uma parada de frente a Brasil Oiticica, em pleno funcionamento, ativada pela sirene que atiça os nossos tímpanos, quando uma fileira imensa de trabalhadores, pais e mães de família que estão iniciando uma jornada de trabalho, alegres e satisfeitos. A alegria será redobrada quando receberem a notícia que várias indústrias irão ser abertas na Nova Pombal, de vários ramos, de café, de macarrão, de óleo, de sandálias, de doce, de papel, de plástico etc. onde os trabalhadores serão remunerados dignamente e serão transportados por ônibus de uma rede coletiva municipal.
As pequenas padarias continuam na cidade velha, com o seu fornecimento diário de pães nas bodegas, mercearias, deixado nas janelas das casas, barracos e botequins, entretanto, como não atendem à demanda, pedirão suporte às grandes panificadoras da Cidade Nova.
Quando passar pela Brasil Oiticica, o pedestre olha em direção ao antigo cemitério Nossa Senhora do Carmo, que pelo menos, deverá ter sido restaurado, uma vez que o São Francisco carece de ampliação e o cemitério novo, que já está velhinho, terá sido inaugurado? Ou o riacho das cavalhadas o levou à ruína? Mas, de qualquer modo, haverá uma forma de reverenciar os entes queridos do passado. Enquanto isso, na Cidade Nova tem um cemitério planejado e estruturado nos padrões da arquitetura moderna, e no dia de finados, serão realizadas missas nos três expedientes, onde os ônibus coletivos farão o transporte dos visitantes entre a Cidade Nova e Cidade Velha, todos irmanados no mesmo sentimento de solidariedade humana.
A Cruz da Menina, localizada no Bairro do Guindaste, muito mais antiga do que a Cruz da Menina de Patos, pois o fato ocorreu em virtude da seca causticante e uma mulher assassinou uma criança, que salgou a carne e comeu para saciar a fome, no dia 27 de março de 1877, basta conferir o processo de Donária dos Anjos, confirmará esta veracidade, agora tem como atração a religiosidade, que foi transformada num ponto turístico, erigindo um crescimento assustador pelo intercâmbio cultural, envolvendo as cidades nordestinas e de outras regiões da territorialidade brasileira.
A Nova Cidade tomará dimensão desproporcional ao seu crescimento. Num alto mastro iça uma bandeira azul e branca, dando sinal aos turistas que estão chegando de aeroplanos, mas que trazem na curiosidade a informação de que os hábitos dos moradores da Cidade Velha continuam os mesmos: dormir e acordar cedo, bater papo nas calçadas, ir à missa aos domingos, fazer serenata, tomar pinga com buchada e miúdo de galinha, torresmo, tripa assada, e socialmente bebem no final de semana. As festas que participam são: o Carnaval, São João, São Pedro, (com sua quermesse, com leilões de galinha, bilhetes de namoro, rainha da festa e oferecimento de música pela difusora instalada no poste), Festa do Rosário, Natal e Ano Novo, além da tradicional Vaquejada. A única coisa que extirparam do costume antigo foi o voto de cabresto. O coronelismo desenfreado ficou somente na lembrança, de triste memória, este foi completamente execrado do ideário político.
No aspecto humano, como dito anteriormente, a única repugnância que foi extirpada do costume antigo foi o voto de cabresto e o coronelismo foi execrado do ideário político, mas este vez enquanto tenta voltar, de forma camuflada, com artifícios e práticas engenhosas, logo solapadas pela rebeldia da juventude da Cidade Nova. Os moradores da Cidade Velha mantêm os valores que construíram e são orgulhosos destas virtudes: religiosidade, honestidade, hospitalidade, solidariedade, caridade e respeitabilidade à dignidade da pessoa humana, salvo poucas exceções que se mantêm relutantes aos códigos da civilidade. Cada um trabalha com sacrifício para conquistar os bens materiais que alicerçam a sobrevivência humana, enquanto que do seu pensamento amordaçaram qualquer ideia de usurpação indevida ao patrimônio alheio. Este é o exemplo, o roteiro, a direção que orientarão os inquilinos da Cidade Nova.
Os moradores da Nova Pombal não esquecem as reservas morais do passado e sempre visitam o centro histórico, que será preservado na sua integralidade, quando IPHAEP - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico da Paraíba – que será mais cioso no seu dever para com o patrimônio histórico e a sociedade será menos omissa na sua missão de zelo para com os seus próprios bens e valores artísticos, estéticos, históricos, turísticos e paisagísticos. Na caminhada desta visita, eles não encontrarão mais a antiga Praça do Pirarucu. Ostentarão a Igreja Matriz do Bonsucesso, inaugurada no dia 08 de setembro de 1897, que com certeza terá sido restaurada e continua dando assistência religiosa aos paroquianos. A Praça Getúlio Vargas estará bem mais arborizada e rodeada de árvores frondosas, amenizando o nosso clima seco. O velho costume será mantido em vigor quando os moradores sentarão, cercando o banco principal da praça, achincalhando a vida alheia, até altas horas da madrugada, uma vez que o Cine Lux não está mais na sua atividade rotineira. O relógio da Coluna da Hora, que foi consertado e realmente está funcionando, desperta os recalcitrantes e os alerta de que está na hora de ir para casa.
No largo do centenário que ainda será possível fotografar o seu cartão-postal, na Praça José Ferreira de Queiroga, contrapõem-se à religiosidade da Igreja do Rosário e o divertimento social do Bar Centenário juntando-se ao profano do Pombal Ideal Club e Associação Universitária, sentindo um profundo lamento pela falta do Jovem Club de Pombal. Mas, antes que me esqueça, chegarão à antiga Cadeia Velha, que se relembrarão os seus hóspedes famosos: Rio Preto, Chico Pereira e Leonildo, isto ficou apenas no seu passado histórico. Realmente, hoje, na condição de Casa da Cultura, que foi inaugurada no dia 21 de julho de 1989, com uma magnífica festa cultural, quando lançamos o livro de nossa autoria – A VIDA DO CEL ARRUDA – Cangaceirismo e Coluna Prestes, estará funcionando em horário corrido, com um museu contendo as relíquias dos nossos ancestrais e havendo uma efetiva participação da juventude estudiosa de Pombal.
A Nova Pombal, realmente, não terá o Cine Lux, mas um Cine Box, com várias opções de exibições diárias. Uma pena que os meninos não viverão mais as peripécias das matinês e não assistirão aos filmes de Tarzan, ou ao faroeste quente de Giuliano Gemma; não poderão dar as gargalhadas excitantes com as chanchadas de Mazzaropi, Oscarito e Grande Otelo, além do inesquecível estilo romântico de Dio Come Te Amo, com Gigliola Cinqueti, pois na tela panorâmica do Cine Lux, não assistirão mais o Ébrio nem verão a Aparição de Fátima etc.
No largo do centenário, não encontraremos os velhos seresteiros, mas, também, não ouviremos as músicas sem gosto e sem sentido da juventude tresloucada, com seus carros de som ligados acima dos decibéis permitidos. Ouviremos, sim, a música saudável e aprazível aos nossos tímpanos, com uma mistura de saudosismo e melancolia.
A juventude que mora e freqüenta a Nova Pombal terá o seu lugar de divertimento, certamente, uma praça bem mais ampla, inclusive, a Praça do Povo será o local apropriado para a realização do Pombal-Fest, com organização, higiene, limpeza e segurança pública, sem a rivalidade dos blocos, por uma apaixonite partidária, pois o maior e o melhor enredo serão do “Bloco da Alegria”.
O nosso velho Rio Piancó, na mansidão de suas águas límpidas, estará menos poluído, mais prazeroso e dará maior deleite aos visitantes e turistas, com seus atrativos de final de semana, além do aproveitamento das propriedades rurais localizadas às suas margens quando o resultado de sua safra não terá dificuldade no escoamento dos produtos agrícolas e será facilitado o intercâmbio nacional e internacional.
O rio será o ponto de desfrute com a natureza de todos os filhos de Pombal – Do Novo e Do Velho, pela forma de purificação do corpo e da alma, com a esperança de melhores dias, como nos antigos carnavais que havia a união dos foliões da Sede Operária e os do Pombal Ideal Club com o saudável banho da ressaca.
Nesta gangorra de vai e vem da Cidade Nova à Cidade Velha, a juventude, cansada e azucrinada com o som eletrônico e barulhento da Cidade Nova, resolve voltear a Cidade Velha, e, numa dessas comemorações de rotina, ouve-se o som melodioso vindo das bandas do coreto do Bar Centenário entoado pela banda de música, “João Alfredo”, que avistando do adro da Igreja do Rosário o acompanhamento da Irmandade do Rosário, com toda a sua corte paramentada e enaltecida pelo toque do batuque dos Congos, Pontões e Reisado, grupos ornamentais do nosso folclore.
De repente, aquele cenário causa uma impressão maviosa na mente dos jovens, que retornando à Cidade Nova, num rompante do idealismo, eles se reúnem no auditório da escola profissionalizante e assumem um compromisso de honra para a criação de uma escola de manutenção dos valores culturais pelo pleno exercício dos direitos culturais e a difusão das manifestações culturais, as formas de expressão, os modos de criar, fazer e viver no âmbito do espaço artístico-cultural.
Os grupos folclóricos não perderão o seu sentido cultural e seu objetivo histórico, pois serão preservados, com a instalação de uma escola para adolescentes de renovação ao aprendizado dos nossos costumes que se perpetuarão no tempo e no espaço.
Em decorrência da expansão do Campus Universitário de Pombal, que será orgulho da Velha Pombal e esperança da Nova Pombal, com abrangência em todas as áreas do ensino superior, além de absorver e exportar mão de obra qualificada, será uma referência não somente na Paraíba e no Nordeste, mas em nível nacional.
Tudo isso que acabamos de expor não significa um ato de fantasia nem a criação de um mundo de utopia, pois tudo que imaginamos transfere para o subconsciente, e, um dia será realizável. É o desejo imenso de ver a nossa Terra maior e seus filhos mais valorosos. Não é um sonho irrealizável, mas uma proposta razoável dentro dos limites de nossas possibilidades. O sonho seria impossível se quiséssemos transformar a nossa cidade num novo planeta do sistema heliocêntrico, aí, sim, seria navegar contra as próprias forças da natureza. Para isto acontecer basta um coisa: QUERER! A propósito, quando falamos em utopia, relembramos um poema do escritor uruguaio, Eduardo Galeano, que assim exortou: A utopia está lá no horizonte Me aproximo dois passos, Ela se afasta dois passos. Caminho dez passos E o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe Jamais alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: Para que eu não deixe de caminhar. João Pessoa, 02 julho de 2009.
SEVERINO COELHO VIANA scoelho@globo.com
POMBAL: ANTES E DEPOIS. POMBAL: ANTES E DEPOIS. Reviewed by Clemildo Brunet on 7/03/2009 04:31:00 PM Rating: 5

Nenhum comentário

Recent Posts

Fashion