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VERDADE E FOFOCA

Por Severino Coelho Viana
A narrativa de um assunto passa necessariamente por dois caminhos que nos levam a estes resultados distintos e diferentes, principalmente de onde e de quem emite o juízo de valor. Esses resultados rebuscam a criatividade do receptor sobre o acatamento daquilo que foi repassado pelo o autor da notícia, se verdadeira ou falsa.
A verdade começa exatamente quando afirmamos ou negamos sobre o conhecimento de um fato. Se a pessoa sabe afirma, se não sabe efetivamente nega, a certeza é não distorcer ou falsear a realidade dos fatos. Todo erro é uma causa de precipitação, por falta da devida advertência ou por uso de um fator passional. A verdade é adequação entre aquilo que se percebe da coisa, do fato em si, e aquilo que a respeito dele, se manifesta por qualquer sinal expressivo: o gesto, a palavra escrita ou oral. A mentira consiste exatamente em falsear propositadamente a identidade da mente e do sinal que exprime.
Entre verdades e mentiras existem aqueles mexericos, fofocas insinuosas, fuxicos maldosos, falácias perniciosas, enfim, uma gama de palavras sinônimas ou quase sinônimas cujos atributos são devastadores perante a ética. Socialmente falando, sem dúvida alguma, um dos maiores fenômenos ainda é a fofoca. A pessoa que escutou uma coisa e passou adiante e assim foi caminhando. Na maioria das vezes lidamos com a questão de que cada conto aumenta um ponto, ou seja, alguém que possivelmente espirrou no centro de uma grande cidade e logo este espirro provocou o “Tsunami”. Assim seguem os fatos, sejam eles verdades ou não, se tornam fatos pela constante comunicação feita sobre o mesmo tema. Fofocas, lengalengas, picuinhas ou qualquer forma de destilar o veneno antigamente eram tidas como privilégio ou assunto exclusivo de mulheres. Hoje em dia, muitos homens estão se sobressaindo melhor do que a mulher nestes assuntos, quer no meio social quer no ambiente de trabalho, e desregradamente nos temas políticos.
Quando se tem conhecimento de um fato, antes de divulgá-lo, você procura investigá-lo? Ou leva logo adiante a primeira informação? Tenha cuidado! Pois, você pode está cometendo uma injustiça com a sua própria consciência e penalizando a inocência de um justo. Não se precipite! Observe as várias direções da narrativa que lhe foi repassada antes de enveredar pelo mesmo caminho tortuoso.
A fofoca pode comprometer a pessoa lesada, arruinando a sua moral e a sua integridade, assim como poderá levar o propagador à responsabilidade penal ou o ressarcimento do dano moral. Geralmente, os principais motivos da fofoca são a inveja, o despeito, a intriga, a maledicência e o desejo de vingança, além de vários outros sentimentos negativos. De repente, o assunto se torna público, certamente distorcido.
As conseqüências, além de sérias, desastrosas e dolorosas, podem ter um final infeliz, podendo colocar vítima e agressor frente a frente para esclarecimento dos fatos, seja num tribunal, numa delegacia, num hospital ou até num cemitério, como sabemos de várias histórias que culminaram em tragédia, pois há quem perca o controle e queira fazer justiça com as próprias mãos!
Manter o autocontrole, a integridade, a serenidade, a compostura e o equilíbrio são pontos favoráveis para a vítima deste tipo de problema, que deve ser cortado pela raiz. O assunto deve ser tratado de forma racional e com delicadeza, não devendo ser ignorado, tendo em vista que a moral e conduta estão sendo denegridas. Quando sabemos quem é a fonte que propaga a fofoca, todo cuidado é pouco! Discutir ou partir para a agressão física só complica a situação, e podemos passar de vítima para agressor. Caso a fofoca seja insignificante, mesmo sabendo a origem da fonte, convém ignorá-la. Não disperse as suas energias! Somente fique mais atento e mais esperto, pois você pode estar incomodando por ser natural, espontâneo, franco ou sincero, envolto a um progresso socioeconômico e crescimento pessoal que causa especulação ao fofoqueiro, ou seja, simplesmente por ser você mesmo pelo estilo de viver e ser autêntico nas suas atitudes. Avalie a sua conduta e proceda conforme a sua consciência. Os afamados fuxiqueiros, geralmente, são pessoas infelizes consigo mesmas, com a vida, com o trabalho, com a família, enfim, nada para elas têm uma razão nem um sentido positivo. A pessoa fofoqueira, como não tem perspectivas e nem motivação pessoal, ocupa o seu tempo julgando e falando mal da vida alheia.
Uma pessoa fofoqueira é falsa e muito perigosa! Já diziam os mais antigos: Se você deseja que o mundo saiba de um determinado assunto, escolha a pessoa certa, conte-lhe um assunto, pede-lhe segredo e ela se encarregará de divulgar tudo.
A fofoca chega até nossos ouvidos pelo próprio fofoqueiro, com as seguintes frases: Já está sabendo da novidade? Sabe da última? Você não vai acreditar! É uma bomba!
Independentemente da frase maldosa que venha a chegar aos seus ouvidos, pense: Se alguém fala mal de algum conhecido para mim, quem me garante que quando virar as costas essa mesma pessoa não estará falando mal de mim também? Caso a fofoca venha acompanhada da seguinte frase: Vou te contar uma coisa, mas jura que guarda segredo? Desbanque o fofoqueiro com classe, alertando-o: Não julgue o todo por uma parte, e não julgue para não ser julgado. Lembre-se de que quando você aponta um dedo para uma pessoa na intenção de julgá-la, três dedos da sua própria mão se voltam contra você. É a chamada lei da recompensa, analise a lei da natureza humana que você encontra um montão de exemplos.
A palavra mexerico é o mesmo que fofoca porque a mexerica, a tangerina, é uma coisa que se come, depois se sente o cheiro no ar e não se sabe de onde vem. Como a fofoca é a mesma coisa, se espalha de um jeito e ninguém sabe onde começou.
Um grupo liderado pelo rabino Chaim Feld, que conta com o apoio de políticos e astros dos EUA, deflagrou uma campanha com vistas a conscientizar as pessoas do poder da palavra, da importância do seu uso, que pretende ativar e "promover o discurso ético para melhorar a democracia e construir o respeito mútuo, a honra e a integridade". A pesquisa promovida por esse mesmo grupo sobre as conseqüências da fofoca nos mais diversos ambientes o resultado foi: a fofoca é um problema para 84% dos americanos; já na política, para 80%; no trabalho, para 79% e na escola, para 69%. Quem se propõe a defender o discurso ético? Somente aqueles que não têm coragem de não acreditar na eliminação do fuxico, e que dentro de si carrega o emblema de um tremendo fofoqueiro! João Pessoa, 30 de julho de 2009. SEVERINO COELHO VIANAscoelho@globo.com
VERDADE E FOFOCA VERDADE E FOFOCA Reviewed by Clemildo Brunet on 7/30/2009 09:51:00 AM Rating: 5

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