banner

RELATO DE PRÓCULA

Por Severino Coelho Viana*
O romancista autor, com sua narração especial do “Relato de Prócula”, emotivamente, deixa-nos extasiado pelas revelações, apesar de ser o estilo romanesco, expõe de forma teatralizada fatos reais e fictícios, verdades e imaginação, realidade e sonho, vivência e pensamento, religiosidade e descrença, fé e misticismo, seriedade e comicidade, com figuras reais e personagens recriadas, realidade cruel de ambiente com seu estilo intelectualizado dentro de um contexto vivenciado no mundo de uma pequena cidade sertaneja.
É o que sempre defendemos esta perspectiva de construção ante à arte de escrever com o seu poder de idealização, criatividade e transmissão de mensagem. A literatura traz um aspecto de notável importância para aqueles que lidam neste campo da arte, conduzindo como instrumento de uso a expressão de espontaneidade na divulgação de situações concretas e irreais ou somente do fruto de criação ou recriação puramente imaginativa. Esta é a arte dos sonhadores que não perdem a esperança de ver seus sonhos realizados, através da própria obra literária. Com a sua instrumentalidade de trabalho, o escritor W. J. Solha presenteia à comunidade paraibana sua mais recente obra literária intitulada de “Relato de Prócula”. As suas revelações são originárias no âmbito a que se propôs dissecá-las, diferentemente das omissões contidas nas obras de cunho religioso que fizeram de Cláudia Prócula, nos últimos momentos da vida de Jesus de Nazaré, relatando apenas um sonho a Pôncio Pilatos antes da cena do lava as mãos, como se fosse uma maneira de intercessão perante o império romano.
Justamente neste trabalho que o autor encampou os fatos realísticos e conseguiu edificar suas ideias imaginárias como se fossem possíveis torná-las palpáveis, numa obra literária, que a princípio, rebrilhou o sentimento de amor que tem a nossa Terra - Pombal. Palco de todos os acontecimentos relatados.
A inspiração do autor originou-se no sítio Mundo Novo, na cidade de Pombal, cuja viagem mental se completa na Praça da Independência, na cidade de João Pessoa, logo recebendo os fluidos magnéticos de sua capacidade intelectiva, com o drama do desenvolvimento unificado para enveredar sobre um tema universal. Como Dan Brown que emplacou “O Código da Vinci” na tentativa de desvendar o mistério da santo graal, mas com uma vantagem para o nosso autor que cuidou primeiro dos assuntos paroquiais de Pombal e elevou para dimensionamento teológico e teosófico na descrição dos fatos e das personagens do seu romance.
As pessoas nominadas no romance, são pessoas conhecidas da comunidade pombalense, que faziam e fazem parte do círculo de amizade do romancista, e este, com a habilidade de mestre na arte de escrever, transfigurou-as em personagens do “Relato de Prócula”. Apesar de ser um romance, concebe-se nas suas entrelinhas a narração e a descrição de fatos vividos e presenciados pelo próprio autor, sem a obrigatoriedade de comprovação.
A curiosidade que desperta os neurônios do leitor acopla-se na forma de externar o seu próprio sentimento, criando maravilhosamente um cenário de concretude, com diálogos vivos de encarnação das personagens quando a fantasia criadora do senso criador remete a um cenário de um palco de teatro ou uma tela gigante de uma filmagem cinematográfica. Se, realmente, não foi esta a intenção do autor, terminou deixando esta ilusão de ótica nas ondas cerebrais do leitor. Analisando por outro ângulo, a narração dos fatos no livro e a própria vida do autor se confundem, como se fossem as premissas de uma autobiografia. Neste contexto, detectam-se dois pontos de rutilância: 1) o amor a Pombal, uma paixão incontida pelo Banco do Brasil, valorização à conquista de amizade; 2) vivência com o mundo da leitura, apego à arte cinematográfica, desenvoltura para a pintura, a música, a poesia, enfim, a arte literária.
A passagem do autor pela cidade de Pombal impregnou-se no seu coração que ficou alocada na parte mais reservada de sua mente: Mundo Novo, Banco do Brasil, Cine Lux, Ginásio de Diocesano, Hospital e Maternidade “Sinhá Carneiro”, Praça Getúlio Vargas, Pombal Ideal Clube, Festa do Rosário, Bar Centenário, Rio Piancó, Feira-Livre, O salário da Morte, ruas e avenidas da cidade interiorana. Encontram-se nas suas próprias palavras a vivência com os costumes da terra pombalina: “Pela feira, em sábados de manhã, passando por aquele mundo de sacos de fumo de rolo, exposições de panelas, enxovais de batizados e casamentos, os olhos enchendo-se com a cor de ferrugem dos gibões de couro dos vaqueiros, com o banco dos porta-seios”... “Acordar com o cheiro gostoso do café sendo coado, ouvir os guizos das cabras, chocalhos das vacas, uma zoada de passarinhos em farra nas árvores”...
A leitura do livro “Relato de Prócula” mostra ao leitor, leva e propõe uma viagem cultural quase sem fim no terreno do conhecimento artístico, a nave tem embarcação na Bíblia Sagrada, apresenta aos seus passageiros filósofos e chega ao desembarque com um sorriso nos lábios com o show de chanchadas de Oscarito e Grande Otelo. A título de ilustração, que tal conhecer, “O Gustavo von Aschenbach, de Monte em Veneza; Don Fabrízio Salina, de O Leopardo; a Marquesa de Merteuil, de Ligações Perigosas; o Don Vito Corleone, de O Poderoso Chefão; o Salieri, de Amadeus; o Roger Verbal Kint, de Os Suspeitos; a Gelsomina, de La Strada; a Capitu, de Machado de Assis; a Diadorim, do Guimarães Rosa; o Zelig, de Wood Allen; o Hannibal Lecter, de O Silêncio dos Inocentes; o Neto, de Bicho de Sete Cabeças; o Pistoleiro, de o Invasor; o Randle, de Um Estranho no Ninho; o Ethan, de Rastro de Ódio”...
O “Relato de Prócula” é um livro que questiona os mistérios do universo, no aspecto religioso e da forma como eles foram traduzidos e repassados de geração a geração, em nome da fé, com o timbre especial para as questiúnculas de Pombal, que recomendamos ao bom leitor, desprovido do carimbo da censura, afastando do fanatismo religioso desenfreado, que compre a sua senha, logo ingresse no ônibus desta viagem espacial. João Pessoa, 01 de novembro de 2009.
*Pombalense e Promotor Público. scoelho@globo.com
RELATO DE PRÓCULA RELATO DE PRÓCULA Reviewed by Clemildo Brunet on 11/03/2009 09:49:00 PM Rating: 5

Nenhum comentário

Recent Posts

Fashion