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PADRE SOLON - EM TUA DEFESA.

Profº Vieira (Foto)
POR FRANCISCO VIEIRA*
Considerando ser a história constituída de fatos e pessoas, verificamos, entretanto, que nem sempre a prática condiz com a teoria. Assim, é que muitas pessoas que em vida prestaram relevantes serviços à humanidade são excluídas do contexto histórico pelos próprios semelhantes, sendo seus nomes esquecidos e desprezados como peças descartáveis, portanto, às margens do reconhecimento público, práticas que se confirmam em nossa terra.
É no mínimo intrigante o comportamento da humanidade nesse sentido. E o que é pior, enquanto enaltece alguns nomes – às vezes com exagero – marginaliza outros os colocando no ostracismo. È difícil entender o quanto à humanidade é ingrata e injusta consigo mesma. Como esquece facilmente pessoas que dedicaram a vida por uma causa, um objetivo. Quem assim procede certamente não entende que a ingratidão é própria dos insensatos, atitude que fere, maltrata e corrói o ser humano.
Nesse aspecto em Pombal não é diferente. Vez por outra, sem uma explicação convincente a população falta com o devido reconhecimento ao trabalho de pessoas que lutaram pelo desenvolvimento do município. A título de exemplo, verifico constrangido o descaso em relação ao saudoso Padre Sólon Dantas de França, que a meu ver não recebeu em Pombal, sequer em Paulista, sua terra natal, homenagens à altura de sua importância. E, como se não bastasse a tímida homenagem recebida durante suas exéquias, ainda foi injustiçado, deixando de figurar como patrono do Campus Universitário de Pombal, instituição pela qual lutou com afinco. Mesmo reconhecendo os méritos do homenageado Celso Furtado, o nome do religioso seria de melhor alvitre considerando o muito que fez pela educação no município e região. Foi ele o grande responsável pela instalação das faculdades de Agronomia e Ciências Contábeis criadas pela FESC – Fundação do Ensino Superior de Cajazeiras, hoje transformadas em UFCG. Foi, por conseguinte o grande mentor, apoiado por outros dignos de elogios como: Martinho Salgado, Ex. Prefeito Jairo Feitosa e Deputado Carlos Dunga. Em suma, a eles devotamos todo o mérito.
Longe de mim a tresloucada idéia de desmerecer a importância do pombalense Celso Furtado. Tentar ofuscar o prestígio do renomado economista seria tão inútil quanto malhar em ferro frio. Falar a seu respeito se faz desnecessário considerando ser o humanista intensamente conhecido e respeitado pelas suas obras e importantes cargos ocupados na área da economia e educação em nível de mundo o que faz jus as inúmeras homenagens recebidas em vida e pós morte.
Entretanto, em que pese o citado economista ter se destacado mundialmente e considerando, sobretudo ser filho de Pombal, o que se constitui uma honra e orgulho para os pombalenses, há de se convir que sua ínfima contribuição para com a terra natal é considerada insignificante em relação aos poderes que detinha. Além de ter nascido em Pombal, o que considero um acidente de percurso, nada mais de importante fez pelo progresso de sua terra e que evidenciasse amor filial. Além do mais, sua breve permanência na “Terra de Maringá”, foi bastante efêmera, por isso, insuficiente para gerar laços de afinidade ou raízes mais profundas que justificassem um amor mais complexo, terno e completo. Afinal de contas amor sem raízes dura pouco ou quase nada.
A propósito procurei em Pombal algo em homenagem ao referido vigário. Em vão busquei algum marco que justificasse o nosso reconhecimento pelo seu trabalho ou que assinalasse seu honroso e marcante convívio entre nós. Infelizmente nada encontrei. .Mais infelizmente ainda é que nada existe Não há sequer uma rua, praça, bairro ou mesmo um edifício com o seu nome. Essa presente ausência de homenagem é prova da insensibilidade humana que numa injustiça desmedida marginaliza quem tanto fez como padre, religioso e administrador. Na condição de padre exerceu a missão com amor, fidelidade e devotamento; como religioso, mostrou-se vocacionado seguindo respeitosamente os conceitos doutrinários e como administrador, soube dirigir com determinação órgãos ligados à saúde e educação, o que lhe permitiu a prática do bem e a prestação de incontáveis favores aos mais necessitados. Foi em síntese um líder sem, contudo exercer cargo político. Enfim, foi um mártir, pois além de defender a veracidade da ”Palavra de Deus”, ainda sacrificou sua vida pelas causas que acreditava.
Como toda causa produz seus efeitos as críticas são conseqüências. Contudo, mesmo sujeito a incompreensão e o risco da condenação, reafirmo meu ponto de vista com o propósito de exaltar o valor e a grandeza das personalidades, conforme a obra de cada um. Meu intuito não é outro, senão, alertar para a reparação da injustiça cometida, pois a prática do bem exige o reconhecimento de todos. Assim, me coloco em defesa de uma grande personalidade, como tantos outros, um mártir mal compreendido, vítima do descaso e posto ao lado como algo inútil. E, se assim não fizesse seria omissão e no silêncio estaria corroborando com o erro, o pecado e a injustiça cometida. Antes a rejeição dos incompreensíveis que a condenação por injustiça.
Bem, diante desse quadro, espero que esta lição nos possibilite reverenciar nossos líderes, nossos heróis, reconhecendo o valor de quem merece ser cultuado sempre, assim como PADRE SOLON – NOME DIGNO DA MINHA DEFESA.
*PROFESSOR, EX-DIRETOR DA ESCOLA ESTADUAL JOÃO DA MATA E EX SECRETÁRIO DE ADMINISTRAÇÂO MUNICIPAL.
PADRE SOLON - EM TUA DEFESA. PADRE SOLON - EM TUA DEFESA. Reviewed by Clemildo Brunet on 1/21/2010 06:36:00 PM Rating: 5

2 comentários

Unknown disse...

Concordo plenamente com as palavras do Professor Vieira , a quem parabenizo pela coragem. E, ainda digo mais, para alguns, o nome de Pe. Solon incomoda. Porém, terão como castigo, a história, pois mesmo que demore, ela subsistirá em tudo o que teve a assinatura de quem verdadeiramente a escreveu com a vida.

Unknown disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.

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