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GINÁSIO DIOCESANO DE POMBAL - REMINISCÊNCIAS I

Prof. Vieira (Foto)
POR FRANCISCO VIEIRA*
Num misto de saudades, tristeza e revolta relembro o extinto Ginásio Diocesano de Pombal, hoje, reduzido a lembranças devido o descaso dos nossos representantes. Dele, além da saudade nos resta apenas a certeza de que sem ele a história de Pombal estará sempre incompleta. A mim, na condição de ex. aluno, o luxo de conhecer sua história e externar meu sentimento, sinal de fidelidade às origens, pois quem procede ao contrário desconhece a si mesmo, portanto, não tem história.
Fundado em 1.954, o Ginásio Diocesano de Pombal, nasceu graças ao trabalho incansável do então pároco Mons. Vicente Freitas e que contou com o imprescindível apoio da população. Suas primeiras aulas foram ministradas no extinto sobrado de D. Jarda, defronte a coluna da hora, hoje “Farmácia Nova”, passando depois para o prédio da Escola “João da Mata” no centro da cidade e em seguida para sua sede própria construída no Bairro Jardim Rogério em terreno doado pelo Sr. Raimundo Queiroga. Sua primeira turma concluiu em 1958, tendo como paraninfo o então Deputado Federal Janduy Carneiro, cuja solenidade ocorreu nas dependências do também extinto Cine Lux. Entre outros foram concluintes Inácio Tavares, Francisco Fernandes (Bibia), Aércio Pereira, Jurandir Guedes e Jurandir Urtiga, Dario Gouveia, Olavo Rocha, Luis Camilo, Lacides Brunet, Carlos Brunet, João Vieira (meu tio) e Miguel Brilhante. Esses dois últimos gozavam de certos privilégios devido a idade e a responsabilidade. Era um exemplo para os demais.
Sua sede própria que fora construída pelo Mestre de Obras Manoel Virgínio, representava a modernidade arquitetônica da época e sua estrutura estava adequada à finalidade para a qual fora criado. Suas paredes robustas e recheadas de ferro davam à garantia de absoluta segurança, portanto, capaz de resistir o desgaste natural provocado pelo tempo.
Como se não bastasse sua rica estrutura física, dotada de laboratório, vasto acervo bibliotecário, quadra de esportes, serviço tipográfico, panificação, etc, a escola oferecia ainda cursos profissionalizantes, tais como: arte culinária, tipografia, panificação e datilografia, todos pelo Ginásio Industrial e Comercial, ambos criados em 1.961 e 1.962, respectivamente, pelo então diretor Côn. Luiz Gualberto de Andrade, outro que empenhou esforços e mostrou-se um timoneiro na luta pela educação de Pombal. Detinha ainda uma equipe de professores competentes e compromissados com a missão de educar o que garantia uma educação de qualidade, entre os quais citamos: Dr. Arlindo Ugulino, os médicos Atêncio Bezerra e Avelino Queiroga, Erotides e Mariinha Santana, Osa Rodrigues, Carmita e Maria José Bezerra, José Marques, Dalva Monteiro, Dra. Lenilda Arruda, Ivonildes Bandeira e muitos outros de igual importância.
Propositadamente, confesso imenso amor pela terra natal. Esse amor telúrico que me deixa orgulhoso de sua história é o mesmo que me faz revoltado quando algo impede o seu crescimento. Por isso, me constrange tanto ex., pois é sinal de regressão. É deveras, esse mesmo sentimento que me prende na memória esses professores, com os quais aprendi para a vida e dos quais tenho em minha formação um pouco de cada um.
Relembrar o Ginásio Diocesano de Pombal é reverenciar com justiça um período marcante da história do município. É exaltar os méritos de Mons. Vicente Freitas, Côn. Luiz Gualberto de Andrade e do Ex. Padre Martinho Salgado, que na qualidade de diretores prestaram relevantes serviços a educação de Pombal. Contudo, me constrange a inércia dos nossos políticos, de cuja inoperância resultou no fechamento da escola. E o que é pior, a sua extinção. É lamentável, porém verdade. Antes fosse um sonho, pois certamente não teria amargado o triste episódio de ver o Gigante de Concreto que fora construído para resistir o desgaste do tempo, literalmente desmoronado, ante a discórdia das partes litigantes, sendo de um lado a Diocese de Cajazeiras, proprietária-vendedora e do outro o Estado que manifestava o interesse de compra, ficando assim entregue ao abandono. Ai, sob os cuidados de ninguém, a cidade assistia indiferente a sua total destruição. Estando a mercê de vândalos, o templo do saber fora transformado em ruínas. Impiedosamente, pessoas insensatas se apoderaram do seu rico patrimônio como bem quiseram, salvo alguns bens como biblioteca e laboratório que foram doados ao Colégio “Josué Bezerra”. Dessa forma dividiram entre si os bens que não lhes pertenciam, tais como: portas, janelas, telhas, tijolos, tudo possível. Cena triste. Era tal qual cantam Os Demônios da Garoa na música Saudosa Maloca: “cada tábua que caia doía o coração”. De certo, restaram apenas lembranças que se eternizaram na memória de cada pombalense, principalmente de ex. alunos como eu.
Ainda bem que existe outro em seu lugar – O Polivalente – o que é menos mal. Melhor seria se tivesse evitado tudo isso, pois seria mais uma escola. Segundo a sabedoria popular é mesmo que descobrir um santo para cobrir outro. Com certeza esta não seria a solução.
Relembrar o GDP – era a sigla impressa nas camisas – é orgulhar-se dos memoráveis desfiles de sete de setembro comandados pelo Prof. Arlindo; é cumprir as normas estabelecidas para evitar uma punição severa depois de um sermão de Mons. Vicente ou Padre Gualberto. É ainda estar obrigado a assistir a missa dominical sempre às sete da manhã e depois participar das sessões do grêmio; é temer o rigor das professoras Maria José e Carmita Bezerra. È finalmente, a caminho da escola, cedinho para educação física, roubar coco no colégio das freiras e os pães deixados nas janelas das casas pelo padeiro. È também lembrar dos colegas: Fan Arruda, Dr. João Ferreira (João Peba), Evanildo Bezerra (burro preto de Hercílio), Raimundo Coelho (filho de Chico Terto), Laércio de Caboquinho, Caveirinha, Cutia, Cajazeirinhas e muitos outros.
O bem à terra em que nascemos é como o amor filial, é um sentimento ímpar. Certamente não há outro equivalente. Por isso se justifica denunciar os erros que precisam de consertos e o que há de injustiça na esperança de que fatos dessa natureza não mais se repitam. Por tudo isso e muito mais se justifica este artigo trazendo a tona o GINÁSIO DIOCESDANO DE POMBAL E SUAS REMINISCÊNCIAS.
Pombal, 02 de abril de 2010.
*PROFESSOR, EX- DIRETOR DA ESCOLA ESTADUAL JOÃO DA MATA, EX- SECRETÁRIO DE ADMINISTRAÇÃO DE POMBAL.
GINÁSIO DIOCESANO DE POMBAL - REMINISCÊNCIAS I GINÁSIO DIOCESANO DE POMBAL - REMINISCÊNCIAS I Reviewed by Clemildo Brunet on 4/04/2010 04:18:00 AM Rating: 5

Um comentário

Novo disse...

Meu caro Prof. Vieira,
Obrigado pela mente prodigiosa que nos traz essas lembranças sobre o grande Colégio Diocesano. Com os mestres disponíveis na época não é de admirar a qualidade cultural dos pombalenses, mantida por todas as gerações.
Um grande abraço,
Antonio D. Maniçoba
São Luis-MA

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