ANÁLISE DO PROF° VIEIRA SOBRE A POSTAGEM "O ESTUDANTE DOS ANOS 60 e 70"

Prof. Francisco Vieira

Caro Clemildo.

Senti-me sensibilizado com seu artigo sobre o estudante. É que o seu conteúdo, além de dizer-me respeito como educador, trouxe-me grandes recordações.

Sujeito a crítica e até a condenação não hesito em afirmar que já não existe estudante como antigamente. É mais que evidente a diferença entre o estudante do passado e do presente. Observado o alto índice de desinteresse e considerando a falta de compromisso, constatamos na maioria dos casos que alunado mais parece carregadores de livros. Na maioria são jovens sem objetivos que tem a escola como um passatempo e se limitam ao transporte diário do material didático no trajeto casa-escola-casa, sem sequer verificar o seu conteúdo. Dessa forma, enganam a si mesmo. Em que pese à variedade de recursos didáticos oferecidos, fazem de conta que estudam e fingem que aprendem. Falta idealismo, determinação, visão de futuro.

Não tenho aversão a mudanças, mas esse tipo de comportamento é decorrente das sucessivas reformas no sistema educacional. Com certeza a excessiva abertura criada visando incentivar o aluno ao desenvolvimento de suas potencialidades, infelizmente pouco ou nada valeu, pelo contrário, inibiu no aluno o desejo de aprender. Portanto, de nada vale qualquer inovação quando falta o essencial, isto é, o compromisso. Seria, pois de bom alvitre se tais mudanças fossem entendidas pelos alunos como uma forma incentivadora ao desenvolvimento da aprendizagem. E como se isto não bastasse, apesar das constantes mudanças e tentativas no sentido de melhorar a qualidade de ensino, infelizmente o nosso sistema continua como antes, injusto e pouco eficiente.

Em suma, os estudantes dos dias atuais apresentam outro perfil em relação aos do passado que se caracterizam pelo desinteresse, desvalorização de si mesmo. Certamente não entenderam que ser estudante é buscar aprender sabendo que a aprendizagem se constitui numa necessidade vital. Ser estudante é ser mais que aluno, ou seja, é ousar aprofundar-se no conhecimento para ter consciência, senso crítico, ser senhor de si. É enfim ter formação cidadã.

Portanto, na condição de educador congratulo-me com os estudantes pela passagem do seu dia na esperança de que se conscientizem do verdadeiro papel do estudante. Enfim, lhe parabenizo pelo artigo no que concordo em gênero, número e grau.

Pombal, 16 de agosto de 2010.

PROF. FRANCISCO VIEIRA.