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MALDADE NO CORAÇÃO

Por Severino Coelho Viana*

O problema da maldade no mundo é dos que mais intriga à mente humana. Por que existem homens perversos que violam a inocência, oprimem os pobres, caluniam impunemente e trucidam vítimas indefesas? Porque estes perversos de coração não pensam em nenhum segundo de paz e harmonia social. São esses criadores de ideias mirabolantes que destroem o seu próprio ser e acalentam um sonho de destruição coletiva.

O grande mal é porque as pessoas não se conhecem a si mesmo, e não se conhecendo a si mesmo, os seus próprios defeitos tentam passar para terceira pessoa. O ódio que carrega dentro de si termina fabricando uma imagem de maldade no coração alheio da inocência.

A maldade é uma grande enfermidade da alma. Produz apenas satisfação fugaz no momento que ataca o espírito de bondade de outrem. O antídoto está dentro do coração individual desde que proporcione um mínimo de iniciativa para eliminá-la. Se a maldade do mundo habita o coração dos homens, coloque um pouco de piedade na sua mente.

Relembramos o pensamento de Leon Tolstoi: “Os homens distinguem-se entre si também neste caso: alguns primeiro pensam, depois falam e, em seguida, agem; outros, ao contrário, primeiro falam, depois agem e, por fim, pensam”.

Se o homem pensasse antes de agir, ele mesmo reduziria a maldade que rodeia a humanidade, diminuiria a criminalidade que assola a mente maldosa e contribuiria para criação da tolerância social, cuja consequência se edificaria no castelo de respeito aos outros e a si mesmo. Depois de lançada esta seta venenosa não há remedeio, tudo poderá ser desmoronado.

A maldade humana é desafiadora. Desarticula qualquer princípio de benevolência, desfaz o reinado da calma, destroi o castelo da paciência. Anula todo sentimento puro que possa existir dentro de alguém, tornando seres humanos em verdadeiros monstros.

O coração desafiador da maldade, por si só, torna uma pessoa pobre de espírito, falta-lhe a virtude da docilidade e não auspicia um lugar na morada de mansidão. Certamente é uma pessoa infeliz, estúpida, sem coração, medíocre e tola. Ainda falta muito para vencer!

A mente é o maior causador da maldade. Criar uma maldade sem sentido, sem explicação, somente com o fim de prejudicar. Muitas vezes não atinge o alvo desejado, porém esquece do efeito estufa que esta criação diabólica lhe causará no futuro.

A mente enganadora é cheia de artimanhas, cada um usa de ardil meticuloso. É insensata com o que não ver e acredita piamente na sua própria ilusão de ótica, desde que tenha como meta massacrar o seu semelhante. Aqueles que se transmudam facilmente por uma questão de conquista pessoal, que se disfarçam de lobos em peles de ovelhas, para conseguirem o que querem, e depois que conseguem, sua natureza carnal é revelada através de desvarios do seu coração e com isso dão lugar à maldade ali escondida.

O seu próprio ser está rodopiado de vento que bate em todas as portas a procura de suas vítimas. É efígie de uma insatisfação generalizada, que emana fogo contra tudo e contra todos, é um sintoma perfeito da doença mental do maldoso, cujo arcabouço está sendo alimentado no campo da inveja e acaba plantado no coração da maldade.

Esta pessoa não pode pegar num pincel para pintar uma paisagem natural, as fibras do pincel pingam tinta de sangue, o azul da visão aparece ofuscado, os traços surgem completamente desnorteados, tamanha era a maldade que sobrecarregava o coração do autor da obra.

Nós não conseguimos conceber porque existem pessoas que praticam maldade, cultivam ódio pelo próximo e ainda acreditam que Deus está com elas? Além de uma atitude farisaica são reveladoras de tamanha mesquinhez.

O mundo físico não precisa de tantas mudanças, até por que as suas maravilhas são encantadoras. Todavia, o mundo interior precisa de transformação radical, por exemplo, aqueles que procuram os caminhos mais estranhos, exóticos, da moda esdrúxula, das loucuras desenfreadas, pois já houve até quem acreditasse na Suástica de Hitler, e que exterminar judeus era um passe livre para o céu.

Vejamos, pois, o que Charles Chaplin deixou como lição: “A ambição envenenou a alma dos homens, ergueu um muro de ódio ao redor do mundo, nos atirou dentro da miséria e também do ódio. Desenvolvemos a velocidade, mas nos fechamos em nós mesmos. As máquinas que trouxeram mudanças nos deixaram desamparados. Nossos conhecimentos nos deixaram cínicos. Nossa inteligência nos deixou duros e impiedosos. Nós pensamos demais e sentimos muito pouco. Mais do que maquinaria, nós precisamos de humanidade. Mais do que inteligência, precisamos de bondade e compreensão. Sem estas qualidades a vida será violenta e estaremos todos perdidos. O aeroplano e o rádio nos aproximam, e a própria natureza destes inventos demonstram a divindade do homem. Exige uma fraternidade universal para a unidade de todos nós”.

A única certeza que temos é que nada do que fizermos aqui ficará impune, mais cedo ou mais tarde a coisa voltará para o agente demolidor de forma igual ou mais dolorosa do que a praticada, mais horrendo do que a má premeditação. A própria maldade castiga o seu mestre. O difícil é a compreensão de que toda areia movediça que caiu no pantanal foi resultado de sua própria história construtiva de maldade, porém o maldoso não tem a mínima capacidade de assimilação deste resultado que lhe está sendo compensado, justamente porque ele não se olha para dentro de si mesmo.

O nosso arremate final reluz com um tom de conselheiro, que o maldoso se olhe no espelho de sua alma, busque os caminhos do ego interior, descubra as formas de eliminação do mal, bastando somente um pouco de esforço mental, logo encontrará aquilo que Platão afirmou: “A paz no coração é o paraíso dos homens”.

João Pessoa, 05 de agosto de 2010.
*Pombalense e Promotor de Justiça em João Pessoa PB.

CARTA A PAULO ABRANTES E PROF. VIEIRA:

João Pessoa – Pb, 09 de agosto de 2010.

Meus conterrâneos e amigos,
Paulo Abrantes e Prof. Vieira:

Os comentários feitos pelos dois amigos e parceiros na arte literária ao artigo de nossa autoria, intitulado de “Maldade no Coração”, vieram complementar o sentido de nossa inspiração. Vocês tiveram o mesmo alcance correto da interpretação, coincidentemente. Parece até que houve uma comunhão telepática.

Às vezes, o fato mais difícil é a justa e real interpretação do texto escrito. Há pessoas que leem um texto e interpretam diversamente diferente do contexto, quando não chegam a um outro sentido textual.

Justamente, o egoismo das pessoas faz com que nasça dentro delas o estigma da maldade, e, é claro, como consequência natural disso, esquecem a prática dos ensinamentos de Jesus. O olho da maldade só mira o alvo a quem quer atingir no campo do crescimento pessoal, familiar, social e humanitário. Quando a pessoa tem um pouco de virtude começa ser vista aos olhos da miopia. Aquele pequeno defeito que cada um tem é visto sem o uso de microscópio. O olho da ganância cria seus próprios monstros.

Existem pessoas que têm facilidade de transformar pequenas coisas em grandes coisas quando seguem o lado do mal. Se fosse o inverso, a humanidade agradecia muito.

A palavra da Bíblia soletrada na ponta da língua não vale nada para o espírito, se não for posta em ação perante os seus semelhantes, enchendo a mente e o coração de maldade. Não adianta passar o sábado e domingo dentro do templo e viver o resto da semana como um bárbaro.

Isto é válido para o seguidor de qualquer religião ou ciência religiosa: o Budismo, o Islamismo, o Taoísmo, o Confucionismo, o Cristianismo e o Espiritismo. Todo o iluminismo da doutrina leva ao caminho da luz, e a luz que clareia a vida é a paz universal, e esta é o fulgor da própria paz interior.

Amigos, Paulo Abrantes e Vieira, as palavras, aliadas ao nosso texto, sejam refletivas para que as pessoas façam uma profunda meditação apegada ao espelho da alma. E deste momento em diante, não acredite na imagem virtual que as mentes vazias costumam criar.

O poder da literatura é fazer com que as pessoas mudem um pouco, um pouco para melhor!

Um abraço fraternal.

SEVERINO COELHO VIANA
MALDADE NO CORAÇÃO MALDADE NO CORAÇÃO Reviewed by Clemildo Brunet on 8/05/2010 01:52:00 PM Rating: 5

Um comentário

André disse...

Natal, 22 de Agosto de 2010

Caro Clemildo,
como sempre, vasculhando na internet, encontrei um comentário que você fez em 03/02/2009 no site, http://www.eliezergomes.com/noticia/1566/o_comentario_da_semana__20_anos_sem_o_autor_de_a_ciganinha/.

Lendo esse comentário, fiquei feliz em saber que o senhor tem ainda no seu arcevo algo que considero realmente raro. Sou fãn do inesquecível cantor e compositor potiguar, Carlos Alexandre, desde antes de sua morte, mas apenas de uns anos pra cá, quando com a facilidade da internet, faço pesquisa e procuro adquirir, fotos, revistas, etc, e tudo que se relacione a esse que é para mim, o maior cantor e compositor de música "brega" romântica, Carlos Alexandre. Colocarei aqui o seguinte comentário colocado pelo senhor.
No dia 20 de setembro de 1985, Carlos Alexandre esteve em Pombal pela segunda vez e concedeu entrevista ao programa “A Tarde é Nossa” da Rádio Maringá AM. Ainda tenho guardado no meu acervo a gravação do Programa, oportunidade em que acompanhado de um violão, ele interpretou ao vivo, várias músicas de seu vasto repertório.

O que desejo do senhor, é a posibilidade de adquirir(comprar) uma cópia dessa entrevista. No meu ainda pequeno arcevo, já tenho várias coisas dele.
Gostaria de afirmar que o que desejo é uma cópia, e que se tratando de uma relíquia, peço que me diga o preço para que esse humilde fãn possa comprar.

Agradeço a atenção

Atenciosamente, André de Brito Madureira, Natal -RN

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