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O ESTUDANTE DOS ANOS 60 e 70... Em Homenagem ao Dia 11 de Agosto

Clemildo Brunet

CLEMILDO BRUNET*



Estudante já foi gente neste país. Não, que não o seja nos nossos dias. Estou falando da representatividade, da pujança, do idealismo e das lutas renhidas por uma causa. A vontade heróica do estudante de uma determinada época neste Brasil dava-se de maneira voluntária, nas reuniões, em lugares fechados escolhidos pela classe ou em manifestações nos logradouros públicos, para dizer aos que lhes eram contrários, o sentimento de liberdade no grito e na raça, sinalizando seu protesto, até mesmo no período em que tudo era censurado.

Quanto mais proibidas essas manifestações mais gloriosa era luta pelos seus ideais. Assim era o estudante dos anos 60 e 70. Não se envergonhava do açoite, da tortura, da opressão e não havia força humana que o impedisse de lutar mais e mais com bravura, na esperança de alcançar seus objetivos.

Os valores inestimáveis e o conceito formado em torno do estudante de outrora era de tal forma, que nas repartições públicas ou privadas, quando se indagava sobre a profissão era posto no documento: Estudante. Eu pergunto: Nos dias atuais quem furtou a coragem e a bravura de uma classe que no passado era vista pelas autoridades como pessoas desordenadas, subversivas, comunistas e outros qualificativos desairosos que lhes foram dados pelos seus censores?

Para onde foi aquele estudante que formava rodinhas e saia a perambular pela cidade, conversava e discutia assuntos de interesse público, buscava o ideal de liberdade plena. O estudante que mesmo debaixo do tacão do militarismo reinante, não dedurava seus colegas, ainda que isso viesse causar-lhe sofrimento ou morte no porão ou na masmorra?

O Estudante que se entusiasmava com as músicas; algumas até usando metáforas. Mas, ele entendia muito bem o sentido da mensagem. Composições essas, que continham letras, cujo teor não soava bem aos ouvidos dos órgãos da censura federal, que decretava a proibição para não ser executada no rádio e em lugares públicos.

O estudante nas décadas de 60 e 70 era foco de mobilização social. Na época as várias organizações da classe como: Os DCes (diretórios centrais estudantis) no âmbito universitário, as UEEs: (União estaduais dos estudantes) e a UNE – União Nacional dos Estudantes, foram responsáveis em levar adiante o conhecido movimento estudantil para influenciar significativamente com os seus protestos, reivindicações e manifestações os rumos da política nacional.

Movimento Estudantil no Rio 68
O avanço com a criação de inúmeras faculdades e universidades no final dos anos 50, fez com o acesso ao ensino superior viesse a ser condição fundamental para apressar o processo de modernização, abrindo novos caminhos para mobilidade e ascensão social. Com esse resultado, houve o crescimento e consolidação de novas correntes políticas no meio universitário por intermédio de lideranças dos cargos mais importantes das organizações estudantis.

O Golpe militar repercutiu no meio estudantil pelo fato das autoridades aplicarem uma reprimenda as lideranças dos estudantes, desarticulando as principais organizações representativas da classe. Mesmo assim a estudantada da época, não se deixou intimidar e foram criadas novas organizações e novos procedimentos foram adotados para a escolha de seus representantes.

Estudantes na rua 1968
Essas novas correntes políticas infiltradas no meio dos estudantes se tornaram hegemônicas e defendiam ideologias ligadas à esquerda marxistas (projeto socialista de transformação da ordem social). Foi justamente na primeira metade dos anos 60, que a chamada “Reforma da Universidade” consistiu na mais importante luta estudantil. O vértice da radicalização dos grupos estudantis ocorreu em 1968, ano marcado por grandes manifestações de rua contra a ditadura militar.

De 1969 a 1973, a coerção política atingiu o seu ápice. Neste período, o movimento estudantil foi completamente desarticulado. A maior parte dos militantes e líderes estudantis ingressou em organizações de luta armada para tentar derrubar o governo.

Finalmente, o auge da retomada estudantil ocorrida em 1977, ano que também foi marcado pela saída dos estudantes a rua. Eles se mobilizaram em defesa das liberdades democráticas, fim das prisões, torturas e anistia ampla, geral e irrestrita. Movimento esse que tomou força motivacional a mover os estudantes. Gradualmente as principais organizações dos estudantes foram reconstruídas. Surgiram então, os DCEs-livres, em seguida as UEEs e, em 1979 a UNE foi reorganizada.

Com os desmandos da nossa classe política, a falta de ética e zelo com a coisa pública nos dias de hoje, o avanço constante da violência por parte do crime organizado mandando neste país; eu pergunto: onde se encontra o brado de liberdade que havia na classe estudantil dos anos 60 e 70?


*RADIALISTA



Web. www.clemildo-brunet.blogspot.com
O ESTUDANTE DOS ANOS 60 e 70... Em Homenagem ao Dia 11 de Agosto O ESTUDANTE DOS ANOS 60 e 70... Em Homenagem ao Dia 11 de Agosto Reviewed by Clemildo Brunet on 8/13/2010 06:23:00 PM Rating: 5

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