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POR QUE NÃO DEVEMOS ACREDITAR NOS INSTITUTOS DE PESQUISAS...

Maciel Gonzaga
Por Maciel Gonzaga*

O resultado das urnas mostrou erro nas pesquisas eleitorais divulgadas nos últimos dias. Todas erraram fragorosamente em suas previsões. Até quando esta situação irá perdurar no ordenamento jurídico brasileiro? Os institutos de pesquisas continuam afrontando a tudo e a todos. Alimentam a mídia com pesquisas criando uma expectativa no meio político a seu bel prazer. Este excesso de pesquisa dos institutos afeta a qualidade do trabalho e gera desconfiança no eleitor.

E não adianta dizer que fazer um levantamento, uma pesquisa eleitoral, é um trabalho muito complicado, que exige muita precisão e cuidado, tendo que passar por uma supervisão de campo precisando ser checado para evitar que o pesquisador vá lá numa cidade e preencha questionários só para preencher sua cota e vir embora para casa.

Conversando com o diretor de um desses institutos, ponderava ele que "não adianta jogar os institutos contra a parede", uma vez que há questões "imponderáveis" que as pesquisas sempre terão dificuldade para captar. Respondi: “Tudo bem! Só que isso vocês não dizem”.

Em entrevista concedida ao programa "Roda Viva", da TV Cultura, a diretora executiva de Inteligência do Ibope, Márcia Cavallari, defendeu as pesquisas. "Não considero que os institutos tenham errado. Ao longo da campanha todas as tendências foram captadas", disse. Discordo plenamente dessa afirmação. Qual o instituto de pesquisa que disse que o percentual de Dilma estava em queda? Muito pelo contrário.

Pela minha experiência de trabalhar nos bastidores da política em Campina Grande e em Natal, há muitos anos, inclusive sentando-se à mesa de negociação com os institutos de pesquisa, posso afirmar categoricamente que eles calculam mal ao ponderar o voto dos indecisos. Essa é obtida após a divisão das intenções de votos em um candidato pelo total de intenções de votos, desconsiderando aqueles entrevistados que declararam voto branco, nulos ou indecisos. O engano está aí. Não se pode excluir os indecisos, afinal eles podem votar em um candidato no momento da eleição. E mais: as pesquisas de amostragem por quota não podem conter margem de erro, trata-se de algo incompatível. A margem de erro se coloca numa pesquisa de amostragem estatística, isto é, quando as pessoas são sorteadas e não escolhidas para entrar num determinado perfil de renda, cor de pele e sexo, como ocorre com amostragem por quota.

Historicamente, os institutos de pesquisa, erram, mas desta vez o problema foi assustador, acima da margem de erro. E o problema não é apenas de saber qual instituto errou, mas a interferência de maneira inadequada no processo eleitoral. Discrepâncias entre as pesquisas e os votos sempre ocorreram e é preciso aprimorar a forma com que elas são feitas para evitá-los. Porém, o “x” da questão está no fato de que os institutos de pesquisa se tornaram parte da ação política deste ou daquele grupo/partido. Os políticos já chegaram à conclusão de que pesquisa é coisa séria demais para ser deixada nas mãos de pesquisadores. E seriam eles (os políticos) os responsáveis pelas mudanças. O que podemos esperar? Por enquanto é ficar vendo os institutos de pesquisa destinarem-se, unicamente, a induzir a opinião pública. No nosso humilde entendimento, a participação dos institutos na realização de pesquisas em campanhas eleitorais deve

ser repensada. Ou então perderão completamente a credibilidade. Como é que terão credibilidade com erros tão absurdos?

*Jornalista, Advogado e Professor. Natal RN.
POR QUE NÃO DEVEMOS ACREDITAR NOS INSTITUTOS DE PESQUISAS... POR QUE NÃO DEVEMOS ACREDITAR NOS INSTITUTOS DE PESQUISAS... Reviewed by Clemildo Brunet on 10/05/2010 09:03:00 PM Rating: 5

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