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O NATAL COM VOCÊ

Severino Coelho (Foto)
Por Severino Coelho Viana*

O ano de 2010, no seu padrão de normalidade, transcorreu dentro do seu percurso natural, ou seja, na contagem do calendário gregoriano, tem o início de festividade, com seus primeiros clarins do alvorecer, com lábios sorridentes e cumprimentos efusivos; a alegria no carnaval, com o samba no corpo e o frevo no pé assenhoreado com a ginga da capoeira e olhar vibrante no maracatu com o embalar de sua calunga, além dos enfeites de confetes e serpentinas, podendo, assim, no salão da vida, evidenciar o contraste do Pierrô e a Colombina; a religiosidade da Semana Santa, quando deveríamos amar mais o próximo e matar os Judas da vida; as confraternizações maternais, com a entrega da flor do amor verdadeiro e indestrutível, recebida com o gesto da bem-aventurança e a mão estendida pela bondade e a dor do coração de mãe; o arrasta-pé junino, com a barriga recheada de bolo de milho, pamonha, canjica e pé-de-moleque, juntando-se ao ritmo acelerado do nosso genuíno forró pé-de-serra, baião, xaxado, quadrilha e casamento matuto; o aniversário da cidade sempre rejubilado não somente relembra a história do passado, mas traz a alegria da juventude reproduzida ao som do axé e forró, rebolation ou funk; o presente do papai não pode ser esquecido, quer seja com um abraço de carinho ou uma palavra de perdão; o reencontro da Festa do Rosário, com os filhos da Terrinha unidos pela fé e pela solidariedade humana, mesmo que eles sejam sabedores de que a roda gigante do viver é feita de ascendência e descendência, e, finalmente, mais uma vez, chega a magnitude natalina. O itinerário caminhou a mesma rotina na estrada da vida, salvo os desafios da Copa do Mundo e o acalento de um pouco de esperança trazido na campanha eleitoral, no programa propugnado pelos postulantes aos diversos cargos eletivos.

A avaliação exteriorizada, como acima nós explicitamos, é notória, vimos, sentimos e até sabemos os seus resultados: positivo e negativo. No entanto, a grande avaliação que questionamos é a que se processou no interior do ser humano, se boa ou ruim, tudo dependeu do comportamento individual e do modo de agir para com o seu próximo e o seu semelhante.

De qualquer modo, reserve-se no interior de seu quarto, fisicamente, deite-se numa rede ou numa cama, inale o ar de uma profunda reflexão e dê a nota a si mesmo. Depois dessa primeira parte, olhe para a parte mais escondida de seu coração, se, por acaso, não alcançou a nota esperada, tente novamente melhorar, e, aí, então, você se lembrará que é NATAL!

E assim foi, o menino abandonado, saído do casebre, cantarolava batendo na porta de uma mansão, enfeitada de luzes e estrelas, ao som de uma suave nota musical: “pobrezinho nasceu em Belém”, com o coração impulsionado pelo amor de Cristo, fazia um pedido à estrela de amor à vida, suplicando que afastasse todos os trombadinhas das portas das residências. É claro que também alertava que o NATAL é para servir mais e consumir menos. Que traga a paz social a todos os lares. Os assaltantes da vida desarmem-se e deixem nas casas ou deem seus presentes de fraternidade.

Monte a sua árvore de natal ornada pelos seus familiares e decorada com os laços dos amigos sinceros.

Faça a sua cidade mais brilhante e seus amigos sorrirem mais. Não apague a luz do sorriso dele com fuxico e mesquinharia, pois o seu próprio brilho será ofuscado.

A estrela indicadora da paz social nascerá no céu, quando o hino de Papai Noel, no início de seus acordes, entoado pelos anjos mensageiros, renovará as suas energias vitais e sonhe como uma criança cheia de mil esperanças.

É o sinal de que o dia nascerá com nova luz irradiando felicidade para o ar. Será a redescoberta de um mundo de paz onde todos os sonhos se tornem realidade.

E neste dia, um vento brando embalará a sua canção de amor.

A noite bem estrelada apontará a harmonia da natureza num céu inspirador.

Não peça demais para não alcançar menos no ano vindouro, apenas a sua mesa seja composta do suficiente para não enchê-la de esbanjamento e sofisticação. A melhor receita para o seu comportamento individual bastaria amoldar-se ao senso de justiça nas próprias atitudes, além de colocar em prática os ensinamentos declarados nos pecados capitais: o prato servido sem gula, o ganho real não traga a avareza, afaste-se do sentimento da ira, no olho não use a lupa da inveja, não empine o nariz com o sinal da soberba, não compre o manto da luxúria, não se acomode com a pecha da preguiça, mas valorize o seu trabalho com dignidade e perseverança.

Os sete pecados capitais nos dão um tipo de classificação dos vícios que eram abominados na época dos primeiros ensinamentos do cristianismo e que atualmente, por conta do capitalismo avançado, estão cada vez mais presentes no cotidiano da humanidade. O intuito dos antigos cristãos era educar e proteger seus seguidores, no sentido de ajudar os crentes na compreensão e ter autocontrole das suas pulsações e instintos básicos. É importante ressaltar que não existe registro oficial dos sete pecados capitais na Bíblia, apesar de estarem presentes na tradição oral do cristianismo. A nossa lógica razoável diz que devemos entendê-los como doenças biopsicossociais com repercussões em todos os níveis e quadrantes da vida. Neste contexto é que surgem os estudos da psicossomática e dos comportamentos sociopáticos e psicopáticos.

Todas as pessoas possuem, em seus dinamismos psíquicos, tendências de atuação em todos esses sete pecados. Principalmente na atualidade onde vivemos numa sociedade que está brutalizando as dimensões anímicas e espirituais dos seres humanos. Basta observarmos o comportamento da maioria das pessoas que vão ao Shopping para comprar o que não precisam, com o dinheiro que ainda não possuem, para impressionar quem não conhecem! Essa atitude, além de estar na contramão das questões ambientais e de auto-sustentabilidade, tem conotações de inveja, luxúria, avareza e vaidade.

Se naturalmente observarmos o sobrecarrego desses vícios humanos nas nossas vidas percebemos que eles atingem o nosso corpo e a nossa alma.

Faça a sua parte honestamente, troque os pecados pela virtude; a gula pela temperança e moderação; o orgulho pelo o respeito e a humildade; a inveja pela caridade e honestidade; a ira pela paciência e a serenidade; a luxúria pela simplicidade e o amor.

No Natal, grite bem alto no silêncio de sua alma em nome do amor Divino.

João Pessoa, 02 de dezembro de 2010.
*Promotor de Justiça e Escritor.
O NATAL COM VOCÊ O NATAL COM VOCÊ Reviewed by Clemildo Brunet on 12/02/2010 12:59:00 PM Rating: 5

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