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POIS É, PROFESSOR VIEIRA,

Jerdivan N. Araújo
Nós que já vivemos, muito, tudo e tão bem (se é que viver é demais) agora sonhamos em reviver este nosso passado maravilhoso de tantos amigos e aventuras dentro dos nossos textos.

O bom dos nossos desejos e sonhos é que eles são um tanto que coletivos. As pessoas das nossas aventuras de adolescentes estão por ai sonhando os mesmo sonhos e querendo ler ou ouvir uma estória que as leve de volta as sombras das algarobas, Coreto do Centenário, Avelosão ou ingazeiras do rio Piancó.

Estive em Pombal e ouvi muita gente dizer que chorou ao ler o livro que fiz Ignácio. Chorar pode ser de alegria, de saudade e às vezes de tristeza. Os nossos textos permitem que se chore por um dos três motivos.

Aos que morreram na flor da idade deixando mesas vazias e fotos amareladas pelas lágrimas dos nossos pais, fica a saudade. Por isso, é bom poder dizer que como disse o poeta que embalou nossa juventude:

“Quando eu estou aqui
Eu vivo esse momento lindo
Olhando pra você
E as mesmas emoções
Sentindo...

São tantas já vividas
São momentos
Que eu não me esqueci
Detalhes de uma vida
Histórias que eu contei aqui...”

Não sei de outras cidades, mas falo da nossa Pombal, onde eu vi e vive momentos inesquecíveis. Alguns que, naquele instante não queríamos testemunhar, mas que a história nos colocou ali naquele momento, como a morte de Lúcio Flávio, Zé Piloto, Bau, Tião, Vigó, e tantos outros que cedo deixou saudade.

Porém, entre mortos e feridos, nos restam às boas estórias a serem contadas. Historia dos Parques na Festa do Rosário, dos álbuns de figurinha colecionados no armarinho de Antonio de Cota e que me leva ao nosso Gilmar de António de Cota, amigo do G. E João da Mata.

Hoje, quando abria o blog de Clemildo, o que faço todos os dias em busca de estórias da nossa terra, eu me lembrava dos comícios do “Bolinha”, ele sempre cercado de correligionários ou levado nos braço pelo seu povo. Você lembra-se do “Bolinha”? Lembra-se das musicas de Biró de Beradeiro no tempo das eleições?

“Avelino é candidato de conceito.
Com Nelito vão marchar para a vitória.
O povo já lhes considera eleitos.
Vai ser o nosso Prefeito
Que vai ficar na história
Pombal agora
Vai dar um passo à frente.

Duas figuras decentes.
Vão governar sem demora.
É Avelino e Nelito que o povo quer.
Vai ser nosso Prefeito
Em Pombal se Deus quiser”

Tanto tempo, não?

Eu havia prometido não mais escrever sobre nossas reminiscências. Havia prometido que já chega de reviver o passado. Mas, vez por outra me pego viajando na máquina do tempo que é esse nosso cérebro, que tanto nos leva ao futuro como nos transporta de volta ao passado de uma cidade onde homens e animais, cruzavam as ruas sem pressa, onde a noite podia-se sentar em cadeiras nas calçadas das Ruas do Comércio e de Baixo para ouvir boas histórias contadas pelos mais velhos, estes construtores da nossa cidade que nos legaram tão boas estórias a ser contada, como as que hoje leio nos textos de Ignácio Tavares, seus e do nosso Paulo Abrantes.

Eu também quero de volta o Cine Lux, os Sobrados, o Bloco de Sujos, Os Águias, os bailes na SAOB, os trabalhadores da Brasil Oiticica, e as ruas do nosso tempo. Quero e as tenho quando fecho os olhos, apenas. Se o tempo os transformou em cinzas e “a força grana que ergue e destrói coisas belas” fez o seu papel, hoje, na minha idade, o que importa é o que eu posso e sou capaz de reconstruir dentro de mim.

Se eu quiser ainda posso entrar no Mercado Publico e encontrar Valdemar soldado vendendo Feijão, Zé Peixoto, João de Mocinha e seu Benigno vendendo macaúbas, de quem sempre roubávamos uma ou duas, antes de descer para o banho no Rio Piancó. (Nego Rubens me disse certo dia que sabia que eu roubava aquelas macaúbas, mas, não sei por que só agora ele me confessou. Nós sempre achávamos que fazíamos tudo certinho).

O nosso mundo, quando já se viveu meio século, é abstrato, principalmente hoje quando tudo muda a cada segundo e somos considerados absoletos a este mundo.

Na semana passada recebi um telefonema de João Maria de Cabina dizendo que ao ler uns textos meus chorou como uma criança. Ele disse que voltou a ser menino e correr pela Rua de Baixo. Ate lembrou-se de outras histórias que estavam presas na sua memória. Lembrei-me até das brigas de Godo com Enedina -, disse-me.

Portanto, você esta certo ao dizer que:

“Todo ser humano cria ao longo dos anos seu mundo de fantasia e nele se delicia sem nenhuma justificativa, pois as palavras não explicam os sonhos Cada um tem algo a realizar ou conquistar; são desejos, vontades, anseios, sentimentos que se resumem numa só palavra: sonhos.

Nosso desejo talvez seja levar os nossos conterrâneos de volta as ruas de Pombal de antes de 1980.

Continue fazendo isso que segurei teus rastros.

Joao Pessoa, agora, de 2010-12-29

Jerdivan Nóbrega de Araujo
POIS É, PROFESSOR VIEIRA, POIS É, PROFESSOR VIEIRA, Reviewed by Clemildo Brunet on 12/30/2010 06:59:00 AM Rating: 5

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