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CAUBY PEIXOTO, 60 ANOS DA VOZ E DO MITO DA ERA DO RÁDIO!

Clemildo Brunet (Foto)
CLEMILDO BRUNET*

Foi em 1949 ano em que nasci que aos 16 anos Cauby Peixoto começava os primeiros passos como cantor. Seus ensaios iniciais se deram em uns programas de calouros, como o chamado a “Hora dos comerciários” da Rádio Tupi, atuando logo em seguida como crooner em diversas boates do Rio de Janeiro. Até hoje paira um dúvida a respeito do ano de nascimento do cantor, 1931 ou 1934?

Por não haver alcançado a maioridade quando começou a cantar, Cauby aumentou sua idade para se apresentar nas casas noturnas e dizia que tinha 19 anos. Em alguns lugares o cantor se apresentava por trás da cortina e os freqüentadores tinham o prazer apenas de ouvir sua voz. Houve até ocasião de ter sido dispensado de cantar quando o proprietário da boate descobria sua verdadeira idade.

Se algumas fontes informam que Cauby Peixoto nasceu em 10 de fevereiro de 1934, outras, porém, dão conta que ele nasceu em 1931, (embora nunca tenha sido revelado pelo próprio cantor); no entanto, a televisão brasileira registrou e comemorou no dia 10 deste mês de fevereiro seus 80 anos de vida e 60 anos de carreira como intérprete da nossa música popular.

Cauby Peixoto Barros herdou de sua família a genes da música, seu pai tocava violão, sua mãe bandolim, os irmãos instrumentistas e seu tio grande pianista. Ganhou fama pelo seu timbre de voz grave e aveludado, bem como seu estilo que inclui figurinos e penteados excêntricos. Sua capacidade de interpretar músicas em inglês impressionou o empresário Di Veras, que criou aos poucos estratégias de marketing, da qual era constituída a maneira de se trajar, do repertório e apresentação de palco.

Cauby Peixoto (Foto)
Em 1951 gravou seu primeiro disco 78 rpm pelo selo Carnaval com o samba “Saia Branca” de Geraldo Medeiros, o disco continha a marcha “Ai Que Carestia” de Victor Simone e Liz Monteiro. Já em 1955 Cauby Peixoto gravou seu primeiro LP - Blue Gardênia uma música do repertório de Nat King Cole, nesse mesmo ano o mito da nossa música popular, foi escolhido “o melhor cantor do ano” pelo o Crítico Silvio Túlio Cardoso da coluna Discos Populares do Jornal o Globo recebendo como prêmio um “Disco de Ouro”.

O maior sucesso gravado por Cauby Peixoto é uma composição de Jair Amorim e Dunga, a gravação original é de 1956 e até hoje é interpretada nos shows como se fosse um hino de sua carreira. Não há uma apresentação de Cauby, que no final ele deixe de cantar a música Conceição.

Cauby Peixoto foi considerado pelas revistas "Time e Life" como: "O Elvis Presley brasileiro." Convidado para uma excursão aos EUA, onde gravou, com o nome de Ron Coby, um LP com a orquestra de Paul Weston, cantando em inglês. De volta ao Brasil, comprou, em sociedade com os irmãos, a boate carioca "Drink", passando a se dedicar mais a administração da casa e interrompendo, assim, suas apresentações.

Em 1955, o cronista Louis Serrano do jornal O Globo em sua coluna "Cartas de Hollywood" escreveu sobre ele: "Quem tem recebido elogios rasgados por aqui, é o jovem e modesto Cauby Peixoto. Não posso deixar de trazê-lo muitas vezes à minha coluna, sabendo como por aí devem estar seguindo os passos deste cantor que veio aqui gravar e está despertando tanto interesse que agora mesmo um caçador de talentos do Arthur Godfrey Show, de Nova York, anda procurando-o por toda a parte. É que Cauby veio para um hotel de Hollywood, o Knicherbocker, para ficar mais perto dos estúdios de gravação da Columbia! Se Cauby tivesse vindo para ficar, estou certo de que depois das apresentações iniciais que tive o gosto de lhe fazer e os contactos que lhe proporcionei, já teria um bom contrato. Mas o tempo limitado o tem feito perder boas propostas”.

Em 1959, retornou aos EUA para uma temporada de 14 meses, durante os quais realizou espetáculos, apresentou-se na televisão e gravou, em inglês, "Maracangalha" (Dorival Caymmi), que recebeu o título de "I Go". Numa terceira visita aos EUA, algum tempo depois, participou do filme "Jamboreé", da Warner Brothers. Cauby Peixoto diz ter se arrependido de voltar dos EUA, para o Brasil. Segundo ele, voltou por causa da saudade e da insistência de Di Veras para que voltasse.

Durante toda a década de 1960, limitou-se a apresentações em boates e clubes. Em 1970 reapareceu como vencedor do "Festival de San Remo", na Itália, classificando em primeiro lugar a música que defendeu, "Zíngara" (R. Alberteli, versão de Nazareno de Brito). Em 1971 participou do "VI FIC" da TV Globo, no Rio de Janeiro, cantando "Verão vermelho" (Sérgio Ferreira da Cruz).

Cauby Peixoto cercado de fãs (Década de 50)
Para se ter uma ideia de que Cauby Peixoto é um dos mais populares cantores do Brasil e um dos mais bem sucedidos remanescentes da era do Rádio, é preciso lembrar que no ano de 2000, ele sofreu uma intervenção cirúrgica para colocação de seis pontes de safena no coração e em 2001 o Jornalista Rodrigo Faour lançou o livro “Bastidores – Cauby Peixoto 50 Anos da Voz e do Mito”, obra biográfica, que recebeu os elogios da crítica especializada como uma das melhores ligadas à música da primeira década do século XXI.

Na última década, apesar de um problema de coração surgido no início dos anos 2000, Cauby continuou a se apresentar e a lançar seus trabalhos. Há cinco anos, gravou um DVD para comemorar seus 55 anos de carreira. Depois vieram Cauby canta Baden, Cauby interpreta Roberto Carlos e Cauby sing Sinatra. Há seis anos se apresenta semanalmente no Bar Brahma, na tradicional esquina das avenidas Ipiranga com São João. Os shows, sempre às segundas-feiras, já fazem parte do calendário cultural da cidade de São Paulo.

Cauby é assim. Calmo e sorridente, mas com garra. Desafia o tempo e qualquer limitação natural da idade. Parabéns pelo seu aniversário em dose dupla: 80 anos de vida, dos quais, 60 dedicados a carreira artística.

Este é o nosso Cauby, dele ouvi falar em meados dos anos 50, quando ouvia seus discos em uma radiola no Grande Hotel de Pombal, principalmente o Rock and’Roll, observando a coreografia alucinante do ritmo do nosso amigo José Costa - o gago de Chicó.

Pombal, 24/02/2011.
*RADIALISTA
Contato: brunetco@hotmail.com
Twitter @clemildobrunet
Web. www.clemildo-brunet.blogspot.com
CAUBY PEIXOTO, 60 ANOS DA VOZ E DO MITO DA ERA DO RÁDIO! CAUBY PEIXOTO, 60 ANOS DA VOZ E DO MITO DA ERA DO RÁDIO! Reviewed by Clemildo Brunet on 2/24/2011 02:24:00 PM Rating: 5

Um comentário

Clemildo Brunet disse...

O Cantor Cauby Peixoto faleceu nesta madrugada de segunda feira 16 de maio de 2016, em São Paulo SP aos 85 anos de idade.Se encontrava internado em um hospital da capital paulista há uma semana acometido de pneumonia, o cantor também sofria de diabetes.

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