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CESSA LACERDA

Onélia Queiroga
Onélia Queiroga*

Com o nome de rainha, Maria do Bonsucesso de Lacerda Fernandes, não poderia ter outro destino que o de brilhar no trono real do magistério e da literatura, com faixa e coroa.

Conhecemo-nos nos bancos escolares da Escola Normal Arruda Câmara. Ela, a oradora da turma, eu, a caçula, sua protegida e da irmã Neves Lacerda, de todas as peraltices que praticava.

Os elos de amizades entre nós não se desfizeram com o término do curso. Tornaram-se, com os anos, mais fortes e profundos pelo culto do magistério, nossa verdadeira vocação. Formar as gerações do futuro era o penhor maior do nosso espírito. E, quantas vezes, trocamos idéias sobre essa inclinação irresistível!

Afinávamo-nos, ainda, no amor às letras. Ela mais abrangente do que eu, por ter enveredado na arte pictórica, deixando-me, como lembrança, o quadro do rio de Pombal, com a famosa “Pedra do Sino”. Hoje, essa tela adorna a sala da nossa casa em Pombal.

Em 1995, revelei-lhe o desejo de construir a Academia de Letras de Pombal. A sua dúplice resposta de alegria e sentida emoção externou-se nos seus olhos, plenos de lágrimas cintilantes.

A ALP foi inaugurada em janeiro de 1997, com pompa e prestígio. Na ocasião, discursamos: ela, como a primeira Presidente eleita; eu, como Vice-Presidente, fundadora e responsável pela edificação do sodalício.

Quatorze anos se passaram. E Cessa, com o apoio integral do marido, seu grande amor, e dos filhos, dedicou-se integralmente à Casa do Saber. A sua vida e a da Academia estavam de tais formas entranhadas que esta se tornou a sua feição e ela a cópia fiel daquela. Eram inseparáveis.

Inseparáveis, sim, até que a vida de Cessa Lacerda completou o seu ciclo temporal, em 25 de fevereiro de 2011. Fechou os olhos, em calmaria, e se foi para junto do Pai.

Todos nós, pombalenses e amigos, ficamos desolados. O funeral foi na Academia, com missa cantada pelos integrantes do ECC, menos ela, que jazia, silente. Fui a primeira a homenageá-la, ao pé do caixão. Muitos me seguiram. Reconfortei-me, por sabê-la querida e amada. Também pelo dom que Deus lhe deu de ministrar o ensino e o conhecimento aos seus inúmeros discípulos, que, por isso, foram aquinhoados pelo Destino.

*Escritora. João Pessoa - PB
Coluna Onélia Queiroga "aos domingos" Jornal Correio da Paraíba de 20/03/2011.
CESSA LACERDA CESSA LACERDA Reviewed by Clemildo Brunet on 3/23/2011 10:36:00 AM Rating: 5

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