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A PRAÇA DO PIRARUCU EM POMBAL

Eronildo Barbosa
Eronildo Barbosa*

Há pouco mais de dois anos, estive com o historiador Wertevan Fernandes, em João Pessoa, conversando, entre outras coisas, sobre a importância para a nossa geração de um logradouro público da Terra de Maringá, conhecido popularmente como Praça do Pirarucu, localizado na Rua Nova, entre a Igreja Matriz e a Prefeitura Municipal, que de acordo com José Tavares, o homem que liga Pombal com o mundo, por meio do facebook, o nome oficial é Praça Monsenhor Valeriano.

Nessa Praça, a partir de 1970, um grupo de garotos com idade média de 11 anos, todos os dias se encontrava para jogar bola, andar de patinete ou mexer com alguns peixes pirarucus que havia num pequeno aquário, esculpido na forma da letra s, feito de ladrilho de cor azul, vigiado por um homem que pouco comparecia ao local de trabalho, deixando os peixes, na prática, por conta do humor da garotada.

O charme dessa praça era o campo de pelada. Ficava onde hoje está o prédio que abrigou a Telpa. Era todo cercado por um discreto “murinho”. Antes de a gente convertê-lo em campo, havia alguns brinquedos para criança. Devia medir uns 20 metros de fundo por 10 de largura. Só não era melhor porque tinha uma edícula na parte esquerda, no sentido centro/bairro, em frente à casa de Antonio Olinto, que atrapalhava o desempenho dos atletas. Ainda não havia o edifício da Prefeitura Municipal e nem a Praça Hermínio Neto.

Na parte da manhã a grande maioria dos garotos estudava. O bicho começava a pegar a partir das 14 horas. Primeiro, com os patinetes, feitos com rolamento de automóvel e tábua, capazes de desenvolver razoável velocidade e produzir um barulho ensurdecedor. Muitas vezes, a pedido dos vizinhos da praça, o guarda que deveria proteger os peixes pedia para a gente parar com a correria de patinete, mas, quando ele saía da área, a coisa começava de novo.

A reunião da moçada acontecia na altura da casa de Severino Macena, avô de Raildo e Railson, mais conhecido como o homem que adivinhava chuva. Por volta das 15 horas começava a pelada. A bola, na maioria das vezes, ficava na casa de Galego, filho de Vanda e irmão, entre outros, de Legal (Gregório). É importante destacar que Dona Vanda, mulher que criou sozinha pelo menos seis filhos, nos recebia com o máximo de carinho, no velho casarão que ficava ao lado da Igreja Matriz.

Os principais peladeiros que freqüentavam o campinho da Praça do Pirarucu, antes de brilhar no Campinho do Ginásio Diocesano de Pombal, conforme pode se ler na obra do escritor Werneck Abrantes “O Futebol Pombalense” - 1920/1990, eram o autor dessas linhas, conhecido na época como Quenildo, Wertevan, Legal, Galego de Vanda, Jailson, Diá, Joaquim, Gato, Careca, Memém, Durão, Raildo, Cândido Filho, Beba, Dabelo, João Velho, Baú, Sató, entre outros. O atleta surdo e mudo, conhecido como Mudo Joca, filho de Josias, assíduo freqüentador do nosso campo não poderia ficar fora desse texto.

Nos domingos, por volta das oito horas, antes do banho nas três pedras do rio, era uma festa só. Os mais velhos vinham assistir a nossa pelada. Bobóia e Severino Sadi, os homens considerados mais sábios da cidade, que moravam nas imediações da praça, estavam sempre presentes incentivando a moçada. O mecânico de carro Jaqueirão e o bancário Luís Camilo também batiam cartão no nosso campinho.

Durante a semana o jogo se encerrava quando a noite começava a chegar, mas por volta das 20 horas, estávamos de novo na praça, sentados nos bancos que ficavam perto dos peixes, inventando novas peraltices, entre elas mexer com Barrão 40 que ficava abrigado no antigo Posto Texaco, na esquina da Rua da Rodagem, com Rua Nova, ou brincar de tomar choque na sacristia da Igreja Matriz, onde havia uma viga que, por um erro de projeto elétrico, oferecia um discreto choque em que tocasse nela com o pé descalço. Havia um fila de moleques esperando a sua vez para tomar o seu choque e mostrar para os demais que era um legítimo “cabra da peste”.

Essas são algumas lembranças de um logradouro público que foi muito importante para a vida de uma parcela importante dos moleques de Pombal. Sem a contribuição do historiador Wertevan Fernandes não conseguiria lembrar todos os detalhes aqui narrados.

*É Doutor em Educação e Professor Universitário
A PRAÇA DO PIRARUCU EM POMBAL A PRAÇA DO PIRARUCU EM POMBAL Reviewed by Clemildo Brunet on 8/14/2011 05:19:00 PM Rating: 5

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