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DIA 23 DE OUTUBRO: MEUS CINQUENTA ANOS

Jerdivan, Aniversariante dia 23 de outubro
Por Jerdivan Nóbrega de Araújo

O Tempo ta se esgotando no cronômetro da minha existência. Aos cinquenta chega-se ao pico para começar a decida, que é tão penosa quanto foi a subida.

Chegar aos cinquenta foi trilhar por caminhos difíceis; foi ver amigos desistindo e ficando para trás, foi ver os filhos chegarem e a esposa partindo, mas também foi saber se levantar, onde muitos desistiriam. Foi bater a poeira e recomeçar em uma nova chance. Assim, aprendi uma verdade: a vida sempre dá um jeito.

Chego aos cinquenta e fito o horizonte em todos seus pontos cardeais e o que vejo é o limiar de uma nova era onde em breve eu não mais estarei e, tão pouco farei falta. Nestes cinquenta anos eu não fui o que quis ser nem tampouco o que queriam que eu fosse. Fiquei na metade desse caminho onde cruzam os sonhos e as realidades da nossa existência e onde nos anulamos para fazer outros felizes.

Não fui religioso nem cético, não fui bruxo nem místico, mas também não me comportei assim para agradar as pessoas em detrimento da minha vontade. Portanto se perguntarem, e hão de perguntar, o que eu fiz da vida que me deram, simplesmente responderei que apenas fiz. Não fiz a diferença, não fiz diferente, mas, também não hostilizei o diferente, não fiz inimigos -, os que tenho se fizeram por si -, não tentei impedir que os amigos se fossem, nem aconselhei aos inimigos para que eles saltassem do abismo, muito embora algumas vezes assim desejei vê-los.

Cinquenta anos não é metade de uma vida, não é sequer uma vida: é apenas uma marcação cronológica, criada por homens que insistem em contar, marcar, somar e multiplicar as suas posses, mesmo que estas sejam apenas o efêmero e intangível tempo.

O tempo voa, se multiplica não se divide, não se prende a donos, não é meu nem é de ninguém. Não são meus estes cinquenta anos que carrego e, mesmo não sendo meus, pesa - me aos ombros e isso basta a humanidade.

Ter a posse, nem que seja do tempo que lhes acabrunha, lhe torce a coluna pende aos ombros, mas, quê, ao final é apenas às vezes em que o planeta terra faz uma volta completa em torno do sol, deixa o homem orgulhoso por ter, muito mais do que por ser.

O tempo só existe se existir um observador, um dono. Nós somos esse observador do peso que prende sobre nosso ombros, muito embora o tempo fuja pelas nossas mãos, como a areia fina apertada entre os dedos.

Quero, no final, estou certo que ele chegará e não tenho mais medo disso, apenas que se faça ao meu redor o silêncio suave dos galhos de uma arvore balançando aos ventos onde, em sua infinita sombra, eu possa sentar e ouvir a minha própria história.

A vida é isso, afinal!

Jerdivan Nobrega de Araújo
DIA 23 DE OUTUBRO: MEUS CINQUENTA ANOS DIA 23 DE OUTUBRO: MEUS CINQUENTA ANOS Reviewed by Clemildo Brunet on 10/18/2011 09:35:00 AM Rating: 5

Um comentário

Novo disse...

Meu caro Jerdivan,
Cinquenta anos é o limiar de uma nova era. Alguns falam que nesta idade se atinge a curva descendente da vida. Você fala que em breve não estará mais aqui e que tampouco fará falta. Claro que fará falta a todos que se deleitam com os belos textos que escreve e aos que podem desfrutar da sua amizade.Um dia, desejando que muito distante, quando se for, certamente deixará um legado histórico para toda uma geração de pombalenses com os seus escritos. Parabéns pelo cinquentenário e que venha outro, repleto de verve literária!
Novo

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