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A EVIDÊNCIA DA MÚSICA BREGA

Clemildo Brunet
CLEMILDO BRUNET*

A conceituação que se dar ao termo brega, diga-se de passagem, é um tanto desconhecida em sua originalidade, tem sido discutida e até mal interpretada. Brega é um gênero musical brasileiro que no pensamento de alguns tem seu significado pejorativo cheio de preconceito. Uma das hipóteses levantadas, é que ele tenha vindo dos prostibulos nordestinos, cuja utilidade era embalar as desilusões amorosas e os romances de aluguel.

Há quem se aventure a dizer que o termo brega tenha sua derivação do “Nóbrega” da Rua Manoel da Nóbrega em Salvador, logradouro público que ficava numa região de meretrício da capital baiana. Outra sugestão provável é que a palavra brega seria originária do Rio de Janeiro como uma corruptela da gíria "breguete” usada com desdém pela classe média para com as empregadas domésticas e que por dimensão tenha vindo também nomear o gosto característico popular.

Por não situar a origem da música brega, alguns críticos chegam a considerar o estilo dos cantores das décadas de 40 e 50 que eram seguidores dos boleros e do samba canção como brega, sendo que na década de 60 a música interpretada por cantores populares como Carlos Alberto, Orlando Dias, Waldick Soriano e outros, foi considerada cafona ou deselegante. O surgimento do movimento da Jovem Guarda com inovações estilísticas dentro do cenário musical que agradou de modo sensível o jovem urbano da época, provocou mudança e foram exatamente às inovações estéticas e radicais como do iê-iê-iê que atraiu o Rock’N’roll estrangeiro, dando-lhe uma roupagem nacional nova, a ponto de revolucionar e transformar num grande fenômeno em comportamento e moda.

Torna-se ainda mais difícil uma conceituação para o ‘brega’, pois na década de 90, ele ressurgiu com novos aspectos, embora menos romântico e mais cheio de ritmos, como são o brega pop e do tecnobrega muito popular no cenário regional do Norte do Brasil, especialmente na cidade de Belém. Não obstante esteja longe de uma definição precisa do que seja ‘brega’, esse estilo musical vem tendo grande aceitação entre os seguimentos das camadas mais populares deste país.

A Paraíba não está distante dessa aceitação haja vista que por iniciativa e idealização do Deputado Estadual Tião Gomes, a cidade de Areia foi sede durante anos seguidos do Festival Brega Areia, obtendo muito sucesso com o evento e arrecadando dividendos para o município, época essa, em que, o parlamentar e sua esposa em suas respectivas gestões foram Prefeitos daquela cidade brejeira.
Dep. Tião Gomes
Em recente conversa que tive com o poeta e escritor José de Sousa Dantas, nosso conterrâneo, por ocasião da Festa do Rosário em nossa cidade, ele me falou da pretensão do Deputado Tião Gomes, apresentar um projeto de Lei na Assembleia Legislativa da Paraíba, instituindo o dia 04 de setembro como o “DIA ESTADUAL DA MÚSICA BREGA” em homenagem ao Cantor e Compositor Eurípedes Waldick Soriano, o “Rei do Brega”, data da morte do Cantor em 2008 no Rio de Janeiro.

Caso o Deputado Tião Gomes consiga aprovação de seus pares isso representará em muito para os cantores desse gênero, constituindo também uma homenagem que se estende a todos eles: cantores, compositores, poetas, músicos, artistas, produtores, fãs e apreciadores da música “brega”, bem como aos demais seguimentos da sociedade e o povo em geral. Bem disse o historiador Paulo César de Araújo: “Os ídolos da música BREGA brasileira sempre viveram perto do coração do público e longe do gosto dos críticos”.

Waldick Soriano um mito, ícone da música brega, um nordestino que valorizou a nossa gente e conquistou o ápice de sua carreira artística com a música ‘Eu Não Sou Cachorro Não’, que o fez conhecido nacionalmente como maior sucesso de sua trajetória artística, que valeu até a versão para o inglês “I’m Not Dog No” pelo cantor cearense Falcão. Waldick cantou e encantou muita gente e se eternizou na música brasileira.

Executado em diversos ritmos a música brega se firmou no norte e no nordeste, permeia pelos boleros, tangos, choros, lambadas, calypsos, sertanejos e outros gêneros, sempre com inovações de estilos, ganhando preferências, conquistando novos espaços, crescendo e alcançando ampla aceitação nos diversos seguimentos sociais e mantendo-se nas paradas de sucessos.

A atriz Patrícia Pilar fez um documentário sobre a trajetória de Waldick Soriano com o título: “Sempre No Meu Coração” e afirmou que: “As Músicas de Waldick me encantam há anos e, com o tempo, fui me apaixonando pelo personagem que ele é”.

Que chegue logo para nós paraibanos, o “DIA ESTADUAL DA MÚSICA BREGA” 04 de setembro e todos os anos, não só nos lembraremos de um dos principais astros desse estilo musical, expoente máximo, emblemático e popular, saudoso Cantor e Compositor Waldick Soriano, mais também dos demais cantores e compositores da música ‘brega’.

Pombal, 26/10/2011

*RADIALISTA, BLOGUEIRO E COLUNISTA
A EVIDÊNCIA DA MÚSICA BREGA A EVIDÊNCIA DA MÚSICA BREGA Reviewed by Clemildo Brunet on 10/27/2011 05:13:00 AM Rating: 5

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