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AFETOS E DESAFETOS

Genival Torres Dantas
Genival Torres Dantas*

Quando D. João 111, rei de Portugal, resolveu colonizar o Brasil, em 1534 implantou o sistema administrativo nas nossas terras, denominado de capitanias hereditárias, formadas por faixas de terras partindo do litoral, indo até alcançar o limite do Tratado de Tordesilhas, cada faixa tinha um donatário indicado pelo próprio rei. Formou-se então 13 faixas assim denominadas: capitania do Maranhão, do Ceará, do Rio, Grande, de Itamaracá, de Pernambuco, da Baia de todos o Santos, de Ilhéus, de Porto Seguro, do Espírito Santo, de São Tomé, de Santana e de São Vicente.

As capitanias de Pernambuco e de São Vicente, atual Estado de São Paulo, foram as únicas que realmente prosperaram graças as riquezas produzidas pela produção da cana de açúcar e exportada para o Europa.

Esse sistema que se estendeu por 225 anos, ou seja, até 1759, foi extinto pelo Marquês de Pombal em decorrências dos problemas apresentados pela ineficiência da sua administração e seus precários controles. Seus donatários que tinham o direito sobre as terras que lhes eram confiadas, exploraram suas riquezas minerais, animais e vegetais, arrecadava impostos, além de usar a mão de obra indígena como escravos, tiveram que obedecer as ordens de Portugal que ficou apenas com o Governo Geral.

O atual momento político fez voltar a tona esse termo, capitanias hereditárias, pelos problemas enfrentados pela presidente Dilma em conseqüência da crise existente em alguns ministérios e explorado pela oposição. Com a necessidade de manter uma governabilidade apoiada pelos partidos da base aliada, dando-lhe sustentação política, foi necessário que o governo do PT, situação, desde o governo Lula, criasse novos ministérios para abrir espaço aos integrantes desses partidos que exigiam uma participação mais efetiva na administração federal.

Dessa forma, o novo modelo administrativo, agora inchado pela incorporação de novos ministérios, e por conseqüência o aumento do quadro funcional, trouxe problemas adicionais, dentre eles o controle e fiscalização dos seus membros. Alguns partidos tiveram alguns elementos e até ministros apontados por corrupção nas sua respectivas pastas, penúltimo caso o do Ministério do Trabalho, tendo como titular o ministro Carlos Lupi que luta desesperadamente para se manter no cargo, chegando ao ridículo de fazer declarações estapafúrdias e grotescas, tipo: “só saio à bala”.

Ministro que pertence ao PDT, partido aliado, que tem em seu quadro membros de notória coerência política e ética, caso do Senador Cristovam Buarque, que engrandece a classe política nacional.

Infelizmente surgem outros escândalos, e nesse final de semana problemas aparecem novamente no Ministério do Trabalho, e no Ministério das Cidades que é acusado de corrupção no projeto para a copa de 2014 aqui no Brasil.

A oposição aponta erros no governo, usando esses desajustes ministeriais acusando-os de loteando de cargos comparando-os as antigas capitanias hereditárias, criando desafetos dentro da situação e embaraço ao governo federal.

Nós, pobres eleitores e contribuintes ficamos na expectativa de medidas rígidas e não paliativos para que toda essa barafunda seja resolvida e o atual momento seja, por nós, contado amanhã, aos nossos netos, como um momento brilhante, e possamos nos orgulhar, se não termos feito a história, mas, participado desse momento de transformação mundial, sem vergonha do nosso passado.

*Pombalense, Empresário em Navegantes - SC.
AFETOS E DESAFETOS AFETOS E DESAFETOS Reviewed by Clemildo Brunet on 11/28/2011 06:55:00 AM Rating: 5

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