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CAMINHOS QUE PERCORREMOS

Genival T. Dantas
GENIVAL TORRES DANTAS*

Há registros que a folha da “Erythoxylom Coca” já era usada no nosso continente por volta de 800 DC, é dessa folha que se extrai a hoje calamitosa cocaína. Os nativos da América do Sul a utilizavam na infusão como chá, dessa forma a absorção, pelo organismo, do seu princípio ativo, é muito baixo.

Em 1580 os europeus tomaram conhecimento dessa planta e em 1863 o químico Ângelo Mariani desenvolveu o vinho Mariani usando como base a folha da popularmente conhecida coca, os americanos criaram a coca-cola para concorrer com esse vinho europeu.

O pai da psicanálise, Sigmund Freud, usou a coca em seus pacientes para tratamento, em seus pacientes, para cura da toxicodependência da morfina. Nessa mesma época começava aparecer os primeiros sintomas psicóticos depressivos resultantes do uso contínuo da coca.

Na primeira metade do século XX o consumo dessa droga caiu substancialmente principalmente pela ideologia política, tanto dos europeus como dos americanos, reprimindo e proibindo o seu uso. A partir da segunda metade do mesmo século o uso da droga avança principalmente com o advento dos novos tempos, era época da juventude transviada, o surgimento dos festivais, do movimento hippie com a introdução do “paz e amor, e faça amor não faça guerra”, esse modelo de liberdade contribuiu para o aumento do consumo das drogas como forma de contestação.

No inicio dos anos 70 o Brasil saia da onda do movimento musical “Jovem Guarda” e surgia a tropicália, a “Bossa Nova” sobrevivia palidamente. Na política os militares se mantinham no poder com um novo modelo econômico, com os lemas o “petróleo é nosso” e “Brasil, ame-o ou deixe-o”. No esporte chegávamos ao tricampeonato mundial com as formiguinhas do Zagalo.

A juventude caminhava na luta nos movimentos sociais e a massa trabalhadora formavam núcleos com seus sindicatos, todos tinham um objetivo que era o retorno da democracia nos tirada com o golpe de 1964. No silêncio e agindo perversamente as drogas avançavam em todas as camadas, nas grandes cidades seus consumidores se multiplicavam, no Rio de Janeiro a droga subia os morros não apenas como produto de consumo, mas, como um meio de sobrevivência para seus distribuidores. Nos anos 80/90 São Paulo já começa a formar sua cracolândia, o local onde se localizava as grandes gravadoras virou a boca do lixo, a decadência do cinema contribuiu muito com essa transformação urbana, moradores de rua ocupavam espaços, principalmente no horário noturno, nas avenidas Duque de Caxias, Barão de Limeira, Cásper líbero, ruas Mauá, Timbiras, Aurora, Andradas, e tantas outras adjacentes. O tráfico de drogas e o meretrício encontravam ali o seu reduto ideal, pela absoluta falta de interesse das autoridades em manter a região central vitalizada, largando ao destino os miseráveis que eram tragados pelo vício e a trágica sina.

Passamos por um momento de muito desconforto social, o governo procura ocupar os morros no Rio de Janeiro, devolvendo a sociedade o que era sua, casas, lares, escolas, educação, saneamento básico, saúde, e o mais importante, restituir a dignidade daqueles que lutam pela manutenção dos seus. São Paulo tenta dar uma nova cara ao seu centro histórico, outras cidades buscam substituir a miséria pela oportunidade de reação de um povo que ainda tem solução, precisamos não apenas mostrar o caminho, mas preparar essa massa alijada do meio social para um novo encontro para os caminhos de um futuro melhor.

Apenas para mostrar com números o que estamos vivendo em termos de degradação humana, informo um site na internet www.cnm.org.br que trata da triste realidade do nosso país, convém que os leitores acessem essa página para sentir que não adianta fugirmos de um problema que é nosso, é de toda uma nação. As drogas invadem nosso país, nossos Estados, nossos bairros, nossas ruas e nossas casas. O crack, que é um derivado da cocaína, um produto mais barato, portanto, acessível aos consumidores de baixa renda, já não está limitado à periferia das cidades, faz parte do conjunto da sociedade. Não vamos esperar que a copa do mundo aconteça em 2014 e a olimpíada de 2016 cheguem como um motivo para lutarmos contra esse mostro que é o tóxico, precisamos nos livras dessa catástrofe que acaba com a juventude da nossa terra, rompe casamentos desfazendo lares, dilapidando patrimônios, jogando à miséria uma geração que ainda pode ser regenerada e recuperada.

*Pombalense e Empresário em Navegantes SC.
CAMINHOS QUE PERCORREMOS CAMINHOS QUE PERCORREMOS Reviewed by Clemildo Brunet on 11/21/2011 07:15:00 AM Rating: 5

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