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FELIZ NATAL E PRÓSPERO ANO NOVO!

Ignácio Tavares
 Ignácio Tavares*

Você sabe quem foi o autor da expressão: “Feliz Natal e Próspero Ano Novo”? Se você não sabe, não se preocupe porque eu também não sei. Mas, tenho absoluta certeza que foi São Francisco de Assis, lá pelos idos da idade média, o construtor do primeiro Presépio que reproduz o cenário do nascimento de Jesus.

Sei também que os eventos natalinos estão ligados aos interesses comerciais desde a antiguidade. A felicidade natalina está relacionada as possibilidades que as famílias têm de organizar uma farta mesa ao redor da qual reúne-se toda família para comemorar a data magna da cristandade.

De certo modo o conceito da felicidade guarda uma forte relação com o sonho de bem-estar propagado a partir do momento que surgiu a emergente sociedade burguesa européia. Isso aconteceu lá pelos idos da segunda metade do século XIX, com o advento da Revolução Industrial.

È evidente que antes deste século a felicidade era algo associado à perspectiva de ser bem sucedido no plano Celestial. Para tanto era comum os ricaços senhores feudais comprarem indulgencias a fim de purificar os pecados antes que a morte chegasse. A venda de indulgencias robusteceu os cofres da Igreja, bem como o patrimônio dos familiares do papa Alexandre VI.

Quanto a prosperidade, na frase em questão, parece ter um sentido individual. Acontece que ninguém prospera sozinho. Mas, talvez na época em que foi construída a frase “Feliz Natal e Próspero Ano Novo”, realmente as pessoas pudessem prosperar individualmente. Isso era possível acontecer porquanto as famílias fossem auto-suficientes na produção de suas necessidades de consumo. Com o passar do tempo, com a urbanização da economia, a prosperidade passou a ser coletiva.

Apesar de a prosperidade ser de caráter coletivo, não obstante o crescimento da economia mundial, ocorrida, ao longo dos últimos duzentos e sessenta anos, não foi possível engajar no sistema produtivo, grande parte da população dos chamados países pobres ou periféricos.

Os excluídos hoje representam cerca de um terço da população mundial. Lamentavelmente esses irmãos vivem a margem do ciclo de bonança e fartura que a modernidade econômica está a proporcionar aos países ricos. O pior é que, grande parte desses excluídos, ainda acredita que a pobreza é um desígnio de Deus.

É comum escutar a expressão “sou pobre porque Deus quer”. É triste não é? Estes que assim procedem, são os filhos bastardos da predestinação social perversa, que chega a um terço da população terrestre, cujo autor é o próprio homem.

Depois do concilio Vaticano II em 1962, a predestinação da pobreza, como uma dádiva perversa de Deus caiu por terra. A nova Teologia que despontou na America Latina, depois desse magnífico evento, nos anos sessenta, em contraposição a Teologia Clássica Européia, desfaz a crença na pobreza predestinatória ao afirmar que o Céu começa aqui.

Noutras palavras, os teólogos estão a nos dizer que o Reino de Deus vai ser construído aqui no planeta terra. A revelação do Gênese diz homem foi posto no Paraíso segundo a vontade de Deus. Perdeu o Paraíso em razão do pecado, por isso recebeu a missão de reconstruí-lo com o suor do próprio rosto.

O homem não só perdeu o Paraíso como também perdeu o seu próprio rumo. Que Paraíso é este que haveremos de reconstruir? João Batista exortava o povo a se arrepender dos pecados porque estava próximo o Reino de Deus. (Mt, 3,2). Jesus instruiu os apóstolos a pregar que estava próximo o Reino dos Céus. Essas instruções foram repetidas por outros discípulos (Mt, 10,7, 24,14,28, 19-20, Act, 1, 18)

Que Reino é este? Com certeza é um Reino possível, onde os homens serão libertos da fome, da miséria, da luxuria, da dominação por parte dos poderosos, da estupidez das guerras, do egoísmo exacerbado, da injustiça, da falta de crença no Deus único, enfim, de tudo que o leva a crer que, as contradições políticas e sociais que existem na face da terra são coisas da vontade de Deus.

Quando tudo isso acontecer podemos dizer de boca cheia pra os irmãos que estão ao nosso lado: “Feliz Natal e Próspero ano Novo”.

Ah sim, apesar dos pesares aos amigos que generosamente divulgam os meus textos, bem como os que os lêem, UM FELIZ NATAL E PRÓSPERO ANO NOVO.

João Pessoa, 16 de Dezembro de 2011

*Economista e escritor pombalense
FELIZ NATAL E PRÓSPERO ANO NOVO! FELIZ NATAL E PRÓSPERO ANO NOVO! Reviewed by Clemildo Brunet on 12/16/2011 06:00:00 AM Rating: 5

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