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PROFESSOR GUIMARÃES ESTÁ MORTO, MAS NÃO ENTERRADO!

Sede da Escola do Prof. Guimarães
Por Chico Parahyba*

O amor e o rancor são antagônicos. A primeira forma de amor recebemos dos nossos pais e este sentimento levamos por toda nossa vida biológica. A frase mágica que ninguém jamais esquece, “eu te amo” é a primeira forma que usamos para expressar este sentimento. Ouvimos, pela primeira vez, esta expressão vinda da boca dos nossos pais. Daí em diante, passamos toda a nossa vida biológica repetindo-a. Seja para nossas namoradas ou namorados, filhos, netos, etc, e etc.

O rancor é um ressentimento, um ódio profundo e reservado, uma grande aversão algo que nos fez sofrer. Mas nem tudo que nos fez sofrer nos levará a desenvolver um sentimento de rancor. O rancor é uma enfermidade e, como enfermidade, tem que ser tratada por um experto em ciências da mente (psicólogos, psicanalistas, psiquiatras, etc.). Tem cura!

Este dois parágrafos, acima, são necessários para que eu possa responder ao artigo do meu amigo de infância Eronildo Barbosa da Silva (Quinildo). Quinildo é graduado em Historia e Doutor em Educação. Atualmente é professor da Universidade Federal do Matogrosso. Foi um militante do PC do B, MR-8 e chegou aliar-se com Quércia, o que mostra que ele é uma pessoa bastante versátil. Ele escreveu um artigo para demonstrar todo o seu rancor pelo Professor Guimarães. Ao ponto de acusar o mestre de ser pedófilo.

Eu tive parentes e amigos que foram alunos do Mestre Guimarães. Cadarço (meu irmão), Cabral (primo-irmão), Chico Belo (primo), Sousa de Maroquina (meu amigo Adilson Ribeiro), Zé Tavares (meu amigo Boquinha), entre outros, passaram pela sede operaria. Todos tem lembranças boas e ruins do sistema educacional desenvolvido pelo Professor Guimarães. Este sistema era próprio daquela época. Com Tabuada, Ditado e leitura, por exemplo, eram obrigatórias. O castigo com palmatória, ficar de joelhos por um determinado tempo, etc., eram “Naturais”. Dona Marinheira, Dona Mirinha, Dona Licor (mulher de Hildo César - Careca) promoviam, culturalmente, um sistema educacional semelhante.

Este sistema pode ser criticado da perspectiva do tempo atual? Qualquer critica deve ser desenvolvida tomando em conta o tempo social onde se deu a ação. O tempo, desde a época de Santo Agostinho, é ação, no passado, presente e futuro. Por sua vez, a ação que ocorreu no passado é registrado em nossa mente como lembrança. Como o futuro é formado de elementos ainda não existentes, ele esta encaixado no nosso cérebro como esperança. Mas qualquer ação tomada no presente modificará o futuro. O tempo, por ser ação, só existe de forma concreta no presente.

A acusação de Quinildo faz parte, no presente, de conjunto de lembranças que fez ele sofrer no passado e – novamente, no presente -- carregar rancor no seu coração. E nada melhor do que uma vingança. Acusar seu mestre, que está morto, de pedófilo. Colocá-lo no banco dos réus! A estratégica é a mesma do grande inquisidor de Aragão, o Dominicano Nicolau Emérito (1320-1399) -- autor do “Directorium Inquisitorium” , o Manual dos Inquisidores. A inquisição julgava ate os mortos, para enterrar para sempre ate as almas. Aos vivos, os princípios, que regiam os julgamentos, era dois. Partiam-se do principio de que o réu, se fora inocente, não precisava de Rábula (defensor publico naquela época), porque era inocente. Se fora culpado, o principio era o mesmo. Não precisava, do ponto de vista do manual, de um defensor publico, por ser culpado. Portanto, a vida está nas mãos do inquisidor. O resto agente sabe: queimado vivo na fogueira.

O réu esta morto. Não pode se defender. Portanto, ele é culpado e deve ser enterrado para sempre, segundo o Inquisidor Quinildo. Mas, meu caro, Professor Guimarães está morto, mas não será enterrado. Ele foi um mestre, um educador. Agora, eu e você, somos doutores e lecionamos em Universidades. Eu fui alfabetizado por Dona Mirinha e você passou pelas mãos de Professor Guimarães, para neste presente desempenharmos uma ação civilizacional como mestres. Ser mestre, no meu entender, é agir e pensar o mundo para transformá-lo. Não para defender o status quo. É, também, ser solidário, criar discípulos e, principalmente, ser tolerante e não despertar rancor.

Finalizando este artigo, me despeço enviando, das terras geladas do Canadá um forte abraço para o conterrâneo e, ao mesmo tempo, pedindo-lhe uma resposta para esta questão filosófica. Quem tinha relações sexuais com Chico Geraldo, Catita, Reginaldo e Manoel Plástico não era homossexual (aquele tem atração sexual por pessoas do mesmo sexo)? Só você pode responder esta pergunta!

Edmonton, AB, Canadá, 10 de dezembro de 2011.

*Francisco Romualdo de Sousa Filho,
vulgo: Chico Parahyba, Grandalhão, Magrão e Nenen.
Professor Titular de Antropologia Social na Universidade Grant MacEwan, Canadá.
PROFESSOR GUIMARÃES ESTÁ MORTO, MAS NÃO ENTERRADO! PROFESSOR GUIMARÃES ESTÁ MORTO, MAS NÃO ENTERRADO! Reviewed by Clemildo Brunet on 12/12/2011 07:08:00 AM Rating: 5

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