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ECONOMIA: CRISES E PERSPECTIVAS

Ignácio Tavares
Ignácio Tavares*

A economia da velha Europa esta em chamas. Tudo começou com um pequeno incêndio lá pras bandas da Grécia. Sim isso mesmo, estou a me referir àquela Grécia que na antiguidade foi o berço dos mais iluminados filósofos do planeta.

Quanta ironia, hein? Vejam só: a Grécia é a pátria dos primeiros sábios da antiguidade cujos saberes serviram de base para o surgimento das sociedades democráticas do ocidente, não é verdade? Nos dias de hoje parece, que neste país, os sábios emburreceram. Não é possível compreender porque os sucessivos governantes daquele país deixaram a economia chegar a uma perigosa situação de insolvência.

Teoricamente a Grécia, como ente econômico, está a beira da extinção. O País deve o equivalente mais de uma vez e meia o valor do produto interno bruto (PIB). Numa linguagem simplista equivale a dizer que o valor do estoque é bem menor do que o valor da dívida. Por mais que produza, a renda gerada é insuficiente para pagar a monumental divida contraída ao longo dos últimos anos.

O resultado, é que, ao atingir o ponto critico do limite de endividamento, simplesmente a economia quebrou. Alguns jornais da Europa denunciam que a Grécia maquiou os grandes numero da economia para poder ingressar na zona do euro. O pior é que o banco central que administra a política monetária da zona do euro fez vista grossa, justo, no momento de aceitar a Grécia como mais um integrante do bloco.

Inicialmente pensou-se que o desequilíbrio das contas do tesouro grego seria resolvido com muita rapidez, porque os parceiros mais ricos do bloco acenaram com a possibilidade de transferir recursos para fortalecer o combalido banco central desse afortunado país.

Ledo engano, pois o tesouro grego está qual um saco sem fundo. O dinheiro que entre não é suficiente para liquidar os encargos da divida. Não há dinheiro sequer para assegurar as despesas do dia a dia. Como conseqüência, em pequeno espaço de tempo, a crise assume dimensões catastróficas a ponto de contaminar os demais países da zona do euro.

A conseqüência de tudo isso é que esta crise expõe ao mundo uma realidade desconhecida, por sinal preocupante. Pois, está em jogo a ameaça de desmantelamento de um importante eixo da economia mundial, com amplas possibilidades de repercutir negativamente no resto do mundo.

À exemplo da Grécia, a Itália, Espanha, Portugal, entre outros pequenos países, assumiram dividas que comprometem as suas respectivas capacidades de gerar riquezas suficientes para ressarcirem os compromissos assumidos nos prazos contratuais.

Em razão disso, os títulos do tesouro desses países foram desaconselhados pelas agências de avaliação de riscos por representarem investimentos de retornos duvidosos. Como conseqüência os títulos emitidos por esses países só encontram espaços de mercado a taxas de juros fora dos padrões normais do mercado europeu. A velha Europa treme nas bases. Quem te viu quem te vê?

A Europa sempre foi uma espécie de vitrine para o resto do mundo. Tudo lá parece ser perfeito. É um caso típico de fundamentação econômica cuja modelagem desperta interesse das organizações capitalista do resto do mundo.

A Europa está em crise. Por quanto tempo durará esta crise? Não sei ninguém sabe. Mas de uma coisa tenho certeza: depois dessa crise a relação estado/agentes do capitalismo financeiro não será mais a mesma. Outra pergunta: quais os reflexos dessa crise sobre as economias emergentes, tais como China, Brasil, Índia e Rússia? Acredito que só com o passar do tempo será possível fazer uma avaliação dos estragos causados nesses países.

A economia brasileira dá sinais de que a referida crise retardou os planos de crescimento do ano que passou. As previsões indicam que invés de 4.5%, a economia brasileira poderá crescer apenas 3% ou até menos, em 2011.

O governo está atento para as perspectivas de desempenho da economia em 2012. Já tomou algumas medidas voltadas para baratear alguns produtos de consumo durável através da redução do IPI, a fim de que os estoques atuais sejam descartados para que as indústrias do setor permaneçam em atividade no exercício econômico que se avizinha. Significa dizer que neste setor não haverá desemprego, pelo menos no médio prazo.

Quanto ao setor exportador com certeza haverá um esfriamento nas relações de trocas com a Europa, assim como, com a China, em razão da desaceleração do crescimento da sua economia, observada nos dois últimos exercícios.

A China pisou no freio para se ajustar a realidade da conjuntura internacional. Essa freada com certeza reduzira suas importações, principalmente de matérias primas básicas, o que sem dúvida, afetará as exportações brasileiras, principalmente no setor de minério de ferro.

Os Estados Unidos, segundo maior parceiro do Brasil, logo após a China, a sua economia há muito patina em conseqüência da crise que abalou o país há cerca de três anos atrás. Desse modo, não é um mercado promissor capaz ampliar, no curto prazo, os espaços para os produtos brasileiros.

Assim sendo a expectativa de um bom desempenho nas exportações do Brasil em 2012, vai depender do poder de recuperação da economia do bloco europeu que vai demorar algum tempo, bem como da reaceleração da economia chinesa que aos poucos esta a reduzir gradativamente a taxa de crescimento.

Em síntese, sem a expectativa de bom desempenho do setor exportador brasileiro em 2012, mas com possibilidade de ampliação do mercado interno, não é possível prever expansão da economia nacional a taxa superior a observada em 2011.

A rigor, se o Brasil conseguir pelo menos manter o nível de empregos atual, com leve expansão, associado a uma taxa de crescimento modesta, enquanto durar a crise européia, será um grande feito.

Enfim, somos hoje a sexta economia mundial, portanto para se manter nessa posição ou até mesmo avançar para quinta, o país terá que crescer a taxas superiores a 5%, nos próximos cinco anos. Quem viver verá.

João Pessoa, 01 de Janeiro de 2012

*Economista e escritor
ECONOMIA: CRISES E PERSPECTIVAS ECONOMIA: CRISES E PERSPECTIVAS Reviewed by Clemildo Brunet on 1/01/2012 09:58:00 PM Rating: 5

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