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NELSON GONÇALVES: PASSADO E PRESENTE - PARTE II

ONÉLIA QUEIROGA
ONÉLIA QUEIROGA*

O valor e prestígio de Nelson Gonçalves são reconhecidos pelos grandes expoentes da música popular brasileira, quando, com euforia, carinho e dedicação, acolheram a sua idéia de gravar com eles, como se fossem os “escolhidos”. Realmente, quem contracenou com Nelson ao som do pinho, das cordas e dos teclados integra, hoje, no cenário musical do país, a galeria dos privilegiados.

Em “Ele e Elas”, vols. I (84) e II (86), em “Eu e Eles (85), em “Nós” (87), em “Nelson Gonçalves e Convidados”, em “Nelson Gonçalves - Cante Comigo” - desfilam as vozes de cantores nossos consagrados, dividindo, com a voz maior, as faixas dos Long-Plays e Cds. O primeiro dos discos mencionados reúne, no vol. I, Nelson com: Fafá de Belém (O Negócio é Amar), Núbia Lafayette (Devolvi), Alcione (Louco - Ela é seu Mundo), Joana (Como é grande o meu amor por você), Ângela Maria (Pensando em ti), Beth Carvalho (Pedi ao Céu); no vol. II, com Gal Costa (Dos meus braços tu não sairás), Tetê Espíndola (Saia do meu caminho), Elizeth Cardoso (As Rosas não Falam), Maria Bethânia (Caminhemos), novamente Joana (Alguém me Disse) e Elza Soares (Se Acaso Você Chegasse). Em “Eu e Eles” cantam com Nelson: Tim Maia (Renúncia), Martinho da Vila (Lembranças), Caetano Veloso (Maria Betânia), Fagner (Mucuripe), Luiz Gonzaga (Asa Branca). Em “Nós”, Nelson Gonçalves faz-se acompanhar de: Zizi Pozzi (Castigo) e Nana Caymmi (Não tem solução, Só Louco e Nem eu); Milton Nascimento (A Saudade mata a gente), Lobão (A Deusa do Amor) e Chico Buarque (Valsinha). Em “Cante Comigo”, marcam presença: Lobão (Normalista), Chico Buarque (As Vitrines) e Ney Matogrosso (Caminhemos), destacando-se, aqui, a única presença feminina de ELBA Ramalho que nos dá um belíssimo depoimento acerca dessa experiência musical: “Nelson Gonçalves é para mim uma história de vida, forte e bela. Ter participado deste disco é uma bênção na minha carreira! Obrigada!”.

O elenco de cantoras e músicas do primeiro disco, nos seus dois volumes, e de cantores e músicas do segundo e terceiro discos repete-se, totalmente, no quarto deles, ou seja, “Nelson Gonçalves e Convidados”.

Os sucessos de Nelson inspiraram, ainda, O Piano Espetacular e o Teclado Espetacular de Don Euclydes e orquestra, ambos no seu vol. 2 que deslizou em suas teclas as músicas Risque, Argumento, Apelo, Doidivana etc., e A Volta do Boêmio, A Média Luz, Negue, Caminhemos, etc, respectivamente.

Outro pianista famoso acalentava um sonho: tocar as músicas de Nelson. Não queria, apenas, solar as músicas; queria mais, queria o vozeirão do cantor. Conseguiu realizar o sonho e a música popular brasileira foi presenteada com a obra prima: Nelson Gonçalves e Artur Moreira Lima, o boêmio e o pianista. Ouvir os toques mágicos de Artur em a Camisola do Dia, Caminhemos e Meu Dilema, tendo, ao fundo, a voz de Nelson, é prêmio de brilhante para nós mortais. Isto sem falar nos solos do pianista, das músicas Tico-tico no Fubá, Lamento e Apanhei-te, Cavaquinho.
Nelson Gonçalves nunca se deixou intimidar com o tempo, e pelo tempo. Enfrentou-o de cabeça erguida com a arma que Deus lhe deu: a voz. Em 1982, aos 62 anos, é, na Praça da Sé, em concentração monstro, que lança o LP Conclusão, com o acompanhamento do regional de Caçulinha. A partir de 1984, como assinalado já o foi, passa a gravar com os artistas da nova geração. Em 1989, comemora os cinqüenta anos de carreira, lançando um álbum com cinco discos e apresentando-se em espetáculo, no Olímpia, em São Paulo, “com orquestras e músicos de primeiríssimo time”, como Raphael Rabello. Aos 76 anos participou de shows no Palace, em São Paulo, no Canecão, no Rio, no teatro, em Manaus.

Nelson Gonçalves, nos quase 79 anos, deu entrevistas, recentemente, nos programas de grande audiência, na televisão. Gravou um disco antológico com músicas de Cazuza, Lobão, Chico Buarque e outros valores, cuja vendagem atingiu o número de cem mil cópias. Três meses antes de morrer, cantou em Nova Iorque. Em seu velório, aos prantos, Ângela Maria recorda este momento: “Cantamos juntos três meses atrás, em Nova Iorque. Não nascerá outra voz como a dele”. Digo-lhe, Ângela Maria, que Nelson soube enfrentar o tempo com receitas perfeitas que o tornam sempre jovem e presente. A sua voz não se foi, pois, quem nasceu cantando, quem cresceu cantando, quem viveu cantando, quem morreu cantando, como ele, cantará eternamente.

*Onélia Setúbal Rocha de Queiroga.
Escritora e Professora de Ciências Jurídicas
da Faculdade de Direito da UFPB.
Colunista do Caderno 2, página Cultura,
do jornal “ Correio da Paraíba”.
NELSON GONÇALVES: PASSADO E PRESENTE - PARTE II NELSON GONÇALVES: PASSADO E PRESENTE - PARTE II Reviewed by Clemildo Brunet on 1/29/2012 06:28:00 AM Rating: 5

Um comentário

anonimo disse...
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