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O DESFILE DA INCOMPETÊNCIA

Genival Torres Dantas
Genival Torres Dantas*

A sinergia que há entre os poderes constituídos em busca de um objetivo maior que é o bem estar geral, o desenvolvimento, material e humano, e a segurança de uma nação, tem se exaurido, em nosso país, na proporção em que a participação de alguns membros, sem necessidade, procura intervir no assunto sem a menor competência.

Nos últimos 40 anos a nossa agricultura evoluiu praticamente pelas mãos da iniciativa privada, quando houve um verdadeiro êxodo dos agricultores do Sul do país, em busca de terras férteis, principalmente no centro-oeste, que pudessem ampliar a área agricultável, particularmente na cultura da soja, produto de valiosa moeda no mercado exportador e consumo interno. Em decorrência desse fato passado, hoje temos uma estimativa de 70.2 milhões de toneladas de soja para a safra deste ano.

Todo esforço da iniciativa privada não é acompanhado pelo poder público em não trabalhando na infra-estrutura para proporcionar o escoamento da safra mais agilidade e menor custo por tonelada transportada, sendo, portanto, a logística o grande entrave do processo produtivo da nossa agricultura e pecuária no nosso país.

O descaso com nossas rodovias é um caso impressionante, sem manutenção, com trechos praticamente sem a menor condição de trafego tornando o transporte rodoviário, de carga, o maior agregador de custos para o setor, e a perda de grãos, muitas vezes com ausência do próprio transporte, o vilão econômico.

O nosso país é um privilegiado quando o assunto é comodities, temos uma área agricultável inferior a 20%, explorada, reservas mundiais de 13% da água potável, produção de 80% da extração do minério de ferro consumido mundialmente, muito embora só tenhamos 5% do mercado de aço, sendo esse nosso grande pecado, vendermos matéria prima sem nenhuma valor agregado que represente geração de emprego para nossa gente.

Somos possuidores de uma reserva de petróleo no pré-sal, cujo volume tem superado a expectativa dos pesquisadores, em virtude de descobertas de novos poços a cada dia, em nossas águas profundas. Sem contar que no plano energético o grande negócio ainda seria reativarmos e incentivarmos o pró-álcool, para produção do álcool, como energia alternativa e renovável, com menos de teor de contaminação ambiental, tanto na produção como no consumo.

Quando tratamos do nosso parque industrial verificamos que estamos num processo de involução quando comparamos os demais países do Brics. Tínhamos em 1980 uma produção que se equiparava a China e Indonésia juntas, hoje representamos 15% da produção dessas duas nações. A nossa mão de obra é tida como uma das mais caras quando tratamos de chão de fábrica, entretanto os nossos operários ganham salários ainda incompatíveis com suas necessidades básicos, o custo decorrer da gula do governo em manter percentuais acima da média mundial com uma contrapartida de serviços inferiores ao que preconiza o bom senso.

No mercado de serviços a coisa vai ficando cada vez mais feia, nessa última semana tivemos um leilão da concessão dos serviços nos aeroportos de Cumbica, Viracopos e Brasília, o filé do boi foi servido por R$24.5 bilhões, a carcaça do boi, aeroportos deficitários, não vão a leilão, com a primeira parcela a ser paga (1) um ano após a assinatura do contrato, o restante em (12) doze parcelas anuais, fonte Anac (Agência Nacional de Aviação Civil). Os consórcios que ganharam as concessões certamente serão privilegiados pelo BNDS no aporte de recursos ao projeto, em até 80% dos valores contratados.

Falando de aeroportos, estamos entrando na semana pré-carnavalesca e duas Capitais nos deixa preocupados, Salvador com uma greve, na polícia militar, de 11 dias, com intervenção, desnecessária, de vários setores do governo federal, inclusive, participação direta, do ministro da justiça, José Eduardo Cardozo, sem nenhum efeito positivo, pelo contrário, e por conseqüência, desencadeou-se a greve no Rio de Janeiro dos policiais civis, militares e bombeiros, tumultuando mais ainda a situação nas duas Capitais, gerando intranqüilidade na população e um nervosismo na industria de hotelaria e turismo, pois, caso o assunto não seja resolvido em caráter emergencial, o transtorno que virá por conta da situação será refletida não apenas no carnaval, maior calendário turístico do nosso pais, mas, na copa do mundo de 2014, no Brasil, e as Olimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro.

Antes que o desfile da incompetência aconteça, é melhor que as partes cheguem num acordo, usem o bom senso, o equilíbrio e a tolerância, procurem proporcionar uma festa de alto nível para os turistas e não estraguem com a soberba, prepotência e a falta de visão futurista, uma fonte de renda que nos traz dividendos não apenas no período do carnaval, e sim, em todos os meses do ano, com a presença de turistas em nossa terra, trazendo divisas para nossa balança comercial e demonstrando o respeito que sempre tivemos para com os nossos visitantes, e nos proporcionando a continuidade do título de país do povo mais alegre do mundo.

*Pombalense, Escritor e Empresário em Navegantes - SC.
O DESFILE DA INCOMPETÊNCIA O DESFILE DA INCOMPETÊNCIA Reviewed by Clemildo Brunet on 2/13/2012 06:22:00 AM Rating: 5

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