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TEORIA DAS CRISES ECONÔMICAS

Eronildo Barbosa
Eronildo Barbosa*

O mundo do trabalho passou por radicais transformações nas últimas décadas, tendo como resultado, entre outras coisas, o aumento do desemprego e da miséria de uma parte da população, a precarização do trabalho e a queda substancial das atividades sindicais. Soma-se a isso a perda paulatina dos direitos sociais dos trabalhadores, conquistados com dificuldades ao longo dos últimos séculos.

Esse processo é resultado direto de uma nova reorganização do capital ocorrida a partir da década de 1980, com o objetivo explícito de ampliar as taxas de lucro que vinham caindo desde os anos 1970, por conta de mais uma crise econômica.

A história do modo de produção capitalista registra momentos de crise e de prosperidade econômica. É da lógica dessa formação social o aparecimento em períodos cada vez mais curtos de convulsões econômicas. Essas crises estão ligadas diretamente ao fato de que no capitalismo os bens produzidos são transformados em mercadorias.

Cada organização econômica produz a quantidade de bens que acredita ser possível vender, sem a preocupação com as demandas do mercado. Essa questão é determinante para o surgimento das crises, como muito bem analisou o velho Karl Marx, em seu famoso livro - O Capital.

O que acontece é que a disputa entre os capitalistas pelos nichos de mercado cria estoques de mercadorias não vendáveis. Uma parte delas fica encalhada. Com isso a taxa de lucro da organização econômica começa a cair. Mesmo as empresas que atuam em regime de monopólio ou oligopólio são afetadas pelas tensões econômicas.

Seus produtos também ficam parados nas gôndolas e nos depósitos porque os consumidores não têm condições econômicas de comprá-las. Esse fenômeno é conhecido como subconsumo.

Para tentar se defender dos efeitos da crise o empregador efetiva cortes nos custos do capital variável. Os postos de trabalho são os primeiros a serem atingidos. Na seqüência a crise vai se espraiando até se tornar universal, como nas décadas de 1930, 1970, 1990 e 2008 até os dias de hoje.

O mais grave é que parcela expressiva dos trabalhadores que perdem os seus empregos dificilmente volta ao mercado de trabalho. As novas tecnologias e a reformulação do processo produtivo que são administrados como recursos de superação das crises os conduzirão compulsoriamente para o chamado exército industrial de reserva, peça chave no processo de acumulação e desenvolvimento do modo de produção capitalista.

O empregador sabe que a existência de força de trabalho desempregada ou subempregada colabora diretamente para a queda da massa salarial e cria um ambiente favorável ao capital.

A história mostra que o medo do desemprego impacta o processo de organização do trabalhador. Os sindicatos, nesses momentos, perdem força e tendem a refrear as suas reivindicações mais imediatas,

Mas, por outro lado, as crises econômicas também são portadoras de oportunidades. O capital, nelas, procura alternativas para recompor a tendência decrescente da sua taxa de lucro.

Na década de 1970, por exemplo, depois de mais uma crise, o capital procurou soluções para elevar seus lucros. Nessa tarefa contou com o concurso das idéias neoliberais, formuladas nos anos 1940 por um grupo de economistas liderados por Friedrich Hayek, cuja base teórica apontava para o combate direto ao Estado de Bem-Estar criado nas décadas de 1940 e 1950 na chamada era de ouro do modo de produção capitalista.

Então, o que estamos assistindo nos últimos anos é um esforço danado das nações centrais para saírem da crise que elas criaram.

As dificuldades não são poucas e nem pequenas. Enquanto os capitalistas acharem que o desemprego e a especulação financeira criam riqueza o mundo continuará perdendo oportunidade de melhorar as condições de vida dos seus habitantes.

O que cria riqueza é o trabalho humano. Esse deve ser estimulado e bem remunerado. Essa é uma das saídas para as crises. Sem aumento do consumo não pode haver crescimento econômico. Essa é uma lição básica da economia política.

*È doutor em educação e professor universitário.
TEORIA DAS CRISES ECONÔMICAS TEORIA DAS CRISES ECONÔMICAS Reviewed by Clemildo Brunet on 2/14/2012 12:09:00 AM Rating: 5

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