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A COMISSÃO DA VERDADE E A DEMOCRACIA

Eronildo Barbosa
Eronildo Barbosa*

A marcha do povo brasileiro rumo à conquista efetiva da democracia representa um importante ensinamento para todos os povos que sonham palmilhar esse caminho. Estamos há 27 anos com as instituições democráticas atuando plenamente. Sem a mínima interrupção.

As viúvas da ditadura militar que teimam em defender ideias bizarras estão isoladas e fora do debate político nacional. Limitam-se a verbalizar temas “requentados” que não ajudam em nada na construção desse novo Brasil, que já ocupa a sexta posição no cenário econômico mundial.

As pessoas podem reclamar de distorções gritantes que ainda existem no Estado brasileiro. Podem exigir que a democracia seja mais aprofundada como forma de garantir a todos e a cada um o acesso aos bens materiais e culturais que o progresso e a riqueza trazem.

Porém não podem reclamar que os caminhos para o exercício da democracia estão fechados. Que não participa da vida política nacional porque não tem espaço. Isso é uma desculpa para justificar a sua pouca disposição para as atividades politicas.

Este ano tem eleição para escolha de Prefeito, Vice-Prefeito e Vereador. Mais de trinta partidos estão inscritos nesse pleito. Aqueles com a ficha limpa e filiado a uma agremiação política podem disputar uma vaga sem problema algum.

Esse fato é mais uma prova de que nossa democracia amadureceu. A sociedade política e a sociedade civil entenderam que as diferenças são fundamentais para a construção de um Brasil grande e socialmente rico. Que podemos crescer na diversidade.

Temos que olhar a frente. Ver novos horizontes e criar pontes para unir ainda mais a nação nessa grande empreitada de se converter em parâmetro do bem para os outros povos do mundo.

Não devemos ter medo de debater nossas potencialidade e fraquezas. Os erros existem para serem corrigidos. Não com intuito de revanchismo mesquinho, mas, no essencial, para que os referidos não sejam mais cometidos nem no Brasil nem em qualquer parte do planeta.

Sabemos que muitos irmãos foram mortos ou estão desaparecidos ao longo da ditadura militar que dirigiu o Brasil de 1964 a 1985. A família e os amigos não sabem como as mortes aconteceram. Onde estão enterrados os corpos? Porque foram mortos? Do que eram acusados? Quem matou?

Todos tem o sagrado direito de conhecer os detalhes desse triste período. Isso vale para os que tombaram de um lado e do outro.

Daí que achei muito acertada a criação da Comissão da Verdade. Ela tem a difícil e honrosa missão de tentar encontrar migalhas da história, pois, com o tempo, muitas informações desapareceram sobre o que aconteceu nos porões da ditadura.

O que se conseguir será de grande valia. Pode devolver para as famílias restos mortal ou depoimento sobre as condições concretas em que seu ente querido desapareceu.

Isso, com certeza, não traz o parente de volta, mas alivia um pouco a dor que teima em morar no coração e na mente de muita gente.

Cicatrizes abertas há muitos anos podem se fechar quando as pessoas forem informadas do que efetivamente aconteceu. Muito já se sabe desse período, entretanto, detalhes dos mortos e desaparecidos precisam ser conhecidos.

A Comissão da Verdade, formada por homens e mulheres da mais alta estatura moral e intelectual, com histórico de luta no campo dos direitos humanos, terá dois anos de árdua tarefa.

Esse trabalho não objetiva e nem pode condenar ninguém porque a lei da Anistia, aprovada em 1979, valeu para todos, assim, é muito importante que aqueles que estiveram ligados diretamente aos fatos colaborem. Digam o que sabe. Isso é importante para curar velhas feridas.

* Pombalense, é doutor em educação e professor universitário.
A COMISSÃO DA VERDADE E A DEMOCRACIA A COMISSÃO DA VERDADE E A DEMOCRACIA Reviewed by Clemildo Brunet on 5/18/2012 06:14:00 PM Rating: 5

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