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Descaso ou Conveniência Política

Genival Torres Dantas
Por Genival Torres Dantas*
Buscando informações nos meus alfarrábios, não cartapácios, constatei que a Mapleocroft, empresa britânica, levantou dados em 2010, para acompanhamento de risco global, apresentou índice da vulnerabilidade climática, com objetivo de ser um guia para adoção de políticas de investimentos estratégicos.

Nesse estudo no sul da Ásia consta 5 países com risco extremo, Índia, Bangladesh,Nepal, Afeganistão e Pasquistão, entre os 16 países na mesma situação.

O Brasil que está em 81°, relaciona-se nos países de alto risco, ficando a Rússia (117°), EUA (129°), Alemanha (131°), França (133°) e Grã-Bretanha(138°), como médio risco.

No Brasil a situação da estiagem prolongada, ou seca, sempre foi localizada na região do nordeste brasileiro geoeconômico, na zona do semi-árido, principalmente nos 1348 municípios que formam o polígono da seca, situados nos seguintes Estados: MG (86), BA (256), SE (32), AL (51), PE (145), PB (223), RN (161), CE (180) e PI (214).

Após as duas grandes secas ocorridas na região, a de 1777/1779, e a de 1888, conhecida como a seca dos três oitos, várias propostas foram feitas para amenizar os efeitos dramáticos como a fome, a penúria, o êxodo-rural, e a imagem triste do nordestino correndo em busca da pouca água que por acaso ainda reste no solo rachado, ou sub-solo, no sertão de sol inclemente. Vem daquela época a idéia da transposição do rio São Francisco, projeto tão sonhado e acalantado para aqueles que vivem a margem do rio e da vida a espera de soluções e sonhos.

Durante o ano de 1915 o Brasil volta a ser castigado, no governo do Presidente Venceslau Brás, novas promessas e sonhos renovados, pura ilusão. Na campanha de 1950, Getúlio Vargas se vangloriava, em discurso de inauguração do açude de Orós/CE, de ter feito barragens para aumentar a capacidade de acumulação de água, passando de 630 milhões para 2 bilhões de m³, num período de 14 anos (1930/1944).

Em 1956 Juscelino Kubitschek, na sua posse, sustentava que a seca daquele ano seria a última do nordeste.

Os governos dos presidentes, Janio da Silva Quadros e João Goulart nada acrescentaram à região nordeste. O período da revolução nada fez pela triste sina de um povo que sofre calado na espera de socorro. Os quatro presidentes pós- revolução, José Sarney, Fernando Collor, Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso, fecharam os olhos e o orçamento da União para o problema que se eterniza na alma dos flagelados anônimos.
Seca no Nordeste
Com a ascenção de Luis Inácio Lula da Silva a esperança volta ao povo nordestino, na expectativa que, com um filho da região no poder central, tudo pudesse mudar, e o nordestino passasse de ser uma região carente na economia brasileira para um forte contribuinte para a federação. Ledo engano, tudo continuou como antes, promessas, palavras, e nada de ação, a não ser projetos faraônicos, como a própria transposição do rio São Francisco e construções de cisternas, passando das atuais 300 mil para 1 milhão em toda região nordestina, assolada pelas estiagens.

Finalmente chegamos ao governo da Dilma Rousseff, planos, projetos, palavras, ditos pelo não dito, ministérios em abundancia e ações escassas, e o céu nem para chorar pelo povo nordestino, derramando um pouco de lágrimas, que não seja chuva, para amenizar um pouco a sede e a fome do meu povo.

No lusco-fusco dos dias de espera os governos, Federal e Estaduais, reservam-se no direito de agir com políticas assistenciais deixando de lado programas efetivos e estruturais de combate definitivo a calamidade de uma região que já podia está sendo cantada em verso e prosa a nova sina, com a abundância vinda das mesmas atitudes sérias e honestas, praticadas pelos políticos que até então trabalham em pro dos seus interesses pessoais, poucos levantam a voz na busca de alternativas viáveis e na mudança dos destinos daquela gente.

O advento da bolsa-estiagem, que vem se somar ao bolsa-família, é mais um paliativo e não uma solução definitiva. Temos 850 mil famílias sendo assistidas com o bolsa-família na região atingida pela seca de hoje, cada uma receberá R$400,00, em 5 prestações de R$80,00, como auxílio, bolsa-estiagem. No final a contribuição passará e a fome vai continuar, até que alguém tenha a capacidade, dignidade e serenidade, para estancar a sangria causada pelos desvios dos recursos que nunca chegam ao seu destino, se chegam, parte desses recursos, evaporam com as águas dos reservatórios no polígono da seca na terra brasileira.

*Escritor e Poeta pombalense
Descaso ou Conveniência Política Descaso ou Conveniência Política Reviewed by Clemildo Brunet on 5/16/2012 04:47:00 PM Rating: 5

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