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CADÊ MINHA LIRA

Genival Torres Dantas
Genival Torres Dantas*

Já estávamos em maio de 1993, o presidente da república Itamar Franco convoca seu ministro das relações exteriores, o sociólogo carioca, Fernando Henrique Cardoso, e lhe entrega o ministério da fazenda que durante 8 meses elabora um dos planos econômicos mais amplo da nossa história para combater a hiperinflação que assolava a economia nacional.

O Brasil vinha acumulando uma inflação de julho de 1965 até junho de 1994, em três décadas, de 1.1 quatrilhões por cento (%). Portanto, inflação de 16 dígitos.

Tínhamos perdido a noção dos valores. Nesse período realizamos quatro reformas monetárias, e em cada uma eliminamos três dígitos da moeda nacional vigente, ou seja, um descarte de 12 dígitos, caso único desde a hiperinflação na Alemanha nos anos 20 do século passado.

Em 27 de fevereiro de 1994, pela Medida Provisória 434 dar-se início ao plano com a implantação da Unidade Real de Valor (URV). Vários economistas fizeram parte na elaboração do plano real, assim denominado, tais como: Pérsio Arida, Gustavo Franco, Pedro Malan, André Lara Rezende, Clovis Carvalho, Winston Fritsch e Edmar Lisboa Bacha, esse último, tido como o pai do Plano Real.

O plano deu certo, a economia toma rumo em direção a estabilidade e a esperança renasce no nosso país. Começa as privatizações em nome de uma economia forte, Fernando Henrique Cardoso usa o plano como plataforma política e é eleito presidente da república. A economia mundial está em pleno crescimento, ajuda diretamente no sucesso do nosso plano, o nosso presidente é reeleito e a oposição, o PT do Lula, não se conforma e combate sistematicamente o plano.

Nas novas eleições em 2002, para presidente da república, Luiz Inácio Lula da Silva depois de várias tentativas frustradas, e agora através de alianças políticas, é feito o pacto trabalho e capital, é eleito presidente da república. Com a bandeira dos novos tempos, toma posse com promessa de acabar com a corrupção que continuava dentro do governo brasileiro, desde longa data. O panorama econômico mundial favorece a nossa economia, o Brasil cresce apesar dos absurdos.

Com o crescimento da corrupção em vários ministérios, e sem controle, hoje já temos 24 ministérios, 9 secretarias e 6 órgãos com status de ministérios, para favorecimento aos partidos da base aliada, de apoio ao governo federal, que se ver refém dos que procuram tirar proveito e alimentar sonhos materiais.

Renova-se o mandato do Lula e a situação continua na mesma, escândalos e problemas na base aliada, a nação continua apoiando o governo federal e seus aliados. O descalabro continua, rezando na cartilha da política do governo do Fernando Henrique Cardoso, alimentando o Plano Real e fortalecendo as políticas sociais, sem nada acrescentar em termos de projetos, sem criatividade.

É apresentado à nação o PAC (programa de aceleração do crescimento), aumenta o desvio de recursos, cada vez mais acentuado, o governo consegue eleger a candidata do seu partido, Dilma Rousseff, que nunca tinha disputado uma eleição no voto direto, e agora tem maioria no poder legislativo, tanto na câmara como no senado.

O Lula fora do governo procura os holofotes para não sair do foco das luzes, aproximam-se as eleições municipais e ele impõe sua opinião pessoal impondo nomes de vários candidatos a prefeituras de várias cidades. Para São Paulo aponta o ex-ministro da educação Fernando Haddad, mesmo contrariando seu partido, o PT, quando a ex-prefeita e agora senadora, Marta Suplicy, tentava voltar à prefeitura. Seu candidato não evolui nas pesquisas e ele insiste na sua indicação.

Em Recife, contrariando a indicação da executiva local, e para agradar o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, PSB, aliado do PT, intervém e é indicado para concorrer ao cargo a prefeito, o paulista de Campinas e atual senador por Pernambuco, Humberto Costa. O PT na atitude da sua executiva nacional, e com esse ato, demonstra total arrogância e desconhece o desejo do partido naquele Estado e do atual prefeito, João da Costa Bezerra Filho, filiado ao PT desde 1988, e candidato natural ao cargo.

Os disparates continuam sem antecedentes, depois de perder nomes como Marina Silva, Heloisa Helena e Cristovam Buarque, entre tantos nomes de renome na política nacional, o PT perdeu a lira e a poesia dos velhos tempos de lutas e glorias, em nome da democracia e da retidão.

O partido político que um dia foi o símbolo do novo e da renovação hoje representa tudo que há de mais espúrio em termos de política, com vícios e práticas que nunca saíram da administração pública do nosso país, retrocedemos aos tempos do coronelismo e da prepotência sem limites, quando tudo vale em nome do poder, e tudo pode para a manutenção do continuísmo desvairado.

Se a situação governista atual não mudar o rumo da sua política, fatalmente teremos um final muito triste na nossa economia, com a crise mundial em andamento e sem solução, a curto prazo, e no curto prazo, a nossa economia ficará debilitada e poderá entrar no descompasso de tantas outras economias que outrora se envaideciam da pujança e superioridade, e hoje mergulham no mundo das incertezas e das desventuras, tudo aquilo que não queremos para o nosso futuro, não é hora de soberbas nem vaidades, é o momento exato para demonstrarmos nossa humildade, qualidades de poucos e necessidades de muitos.

*Escritor e Poeta pombalense
CADÊ MINHA LIRA CADÊ MINHA LIRA Reviewed by Clemildo Brunet on 6/11/2012 05:13:00 AM Rating: 5

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