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Desfaçatez, Insensatez ou Descompustura


Genival Torres Dantas

Genival Torres Dantas* 

Quando o homem percebeu que o meio ambiente, em que vive, não é uma fonte inesgotável de recursos e que o seu aproveitamento é finito, já era tarde, começou a tentar recompor as riquezas naturais, impossível, o que é natural e nativo o homem não repõe.

Os rios e lagos já estavam secando ou poluídos, suas matas devastadas e a terra explorada, até sua fadiga, mostrava sinais de empobrecimento nos seus recursos minerais, saturado pelo seu uso descabido e irresponsável.

Os mares sendo agredido pela agressiva e absurda exploração, tendo que suportar cargas intermináveis de testes atômicos, recebimento diário de dejetos humanos e restos de compostos industriais, poluindo suas profundezas, ricas e produtoras de recursos para manutenção da população de peixes e crustáceos que povoam seu universo marinho, que também entra na composição do balanceamento da alimentação humana.

Não satisfeitos com a degradação da terra e o mar, o homem começa, em nome do desenvolvimento industrial, a jogar também na atmosfera toneladas de poluentes gasosos, acarretando inversões térmicas, provocando acidentes como aconteceu em Londres, no ano de 1952, quando ficou conhecido como “the great smog” (mistura de neblina com poluição), matando 4.000 pessoas.

Em 01 de setembro de 2007 São Paulo teve uma inversão térmica, se estabilizando a 50m do solo, causando uma das piores condições do ar já registrado naquela cidade, e comprovada por testes realizados pela CETESB (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental).

No mesmo ano, em Santiago do Chile, ocorreu fenômeno idêntico e a cidade teve que suspender temporariamente a circulação de veículos automotivos sem o conversor catalítico (dispositivo usado para redução de toxidade dos gases emitidos por motores de combustão interna). Todos esses fatos provocados pela poluição decorrentes das novas atividades humanas. Esses exemplos não são casos isolados, apenas uma amostra da nossa cruel descompostura.

Em 1972 a ONU patrocinou a primeira conferência Mundial sobre o Homem e o Meio Ambiente, em Estocolmo, Suécia, onde participaram 113 países e 400 instituições governamentais e não governamentais, com a intenção de criar um modelo econômico capaz de gerar recursos atrelados a um desenvolvimento sustentável, ao mesmo tempo, promover a subsistência social impedindo a destruição da natureza, indo de encontro ao modelo de produção e consumo ocidental que ameaça o equilíbrio do planeta.

Depois de 20 anos, o Rio de Janeiro, com a participação de 108 países, serve de palco para a ECO/92, estabelecendo metas para preservação da diversidade biológica e a exploração sustentável do patrimônio da natureza, de cada país, sem prejudicar seu crescimento. A declaração de princípios básicos sobre florestas garantem aos Estados o direito soberano de aproveitar suas florestas, sem, entretanto, trazer prejuízo ao meio ambiente.

Esses dois encontros, de caráter mundial, e outras reuniões e eventos, geraram alguns documentos formalizando intenções e pactos, como o Protocolo de Kioto, Protocolo de Montreal, Relatório Brundtland e a Agenda 21. Todos bem intencionados, mas as iniciativas e compromissos firmados ficaram no papel e nada de mais efetivo foi realizado para amenizar os problemas causados pelo ritmo acelerado dos novos tempos.

Hoje, 13 de junho de 2012, estamos começando uma nova etapa, novo encontro, o Rio+20. Nova leva de estadistas estão sendo esperados paro o encontro da terceira reunião para discussão da sobrevivência dos nossos recursos naturais. Certamente vão assinar novos acordos e ninguém vai renunciar ao seu crescimento a qualquer custo, ou mesmo, dar sua parcela de contribuição para implantação desse projeto de humanização tão necessário ao futuro do nosso planeta.

Pura falácia, passados 40 anos do primeiro encontro, quando tudo foi proposto, em nome da natureza, e nada feito, alguns arremedos, iniciativa dos países pobres que tentam dar vida ao planeta que se encontra em estado de falência múltipla dos seus recursos. Despropério dos países ricos que agem como se não fizessem parte do mesmo planeta agonizante, pedindo socorro aos seus habitantes, e nada fazem para lhe tirar dessa sofreguidão, imposta pelos mesmos habitantes carentes dele para continuar sobrevivendo, não obstante, agem como se fossem passageiros de uma única estação de uma chuva de verão, indiferentes ao que certamente virá.

 *Escritor e Poeta pombalense
Desfaçatez, Insensatez ou Descompustura Desfaçatez, Insensatez ou Descompustura Reviewed by Clemildo Brunet on 6/13/2012 05:05:00 PM Rating: 5

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