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Necrófagos e usurpadores

Genival Torres Dantas

Genival Torres Dantas*

Hoje na minha caminhada matinal, pela praia do gravatá, deparei-me com uma cena corriqueira nos últimos tempos: animais em estado de decomposição sendo devorados por urubus que ficam a espera que restos de peixes ou animais sejam jogados à areia pelas ondas do mar.
Dessa feita era uma tartaruga marinha, certamente tenha se enroscada nas redes dos pescadores que pescam no mar catarinense, sobrevivem dessa arte secular, aqui na região, mas ainda não aprenderam a respeitar o meio ambiente em que vivem e sobrevivem dele.
Um quadro tétrico para uma praia tão bonita e cuidada pelos moradores, turistas e veranistas que aqui freqüentam. Verdadeiro contraste para ser visto logo pela manhã.
Olhando o mar e o vai e
 vem das suas ondas comecei a lembrar do quanto somos cruéis com o que nos serve e que é útil para nossa manutenção. Esquecemo-nos de cuidar das nossas matas, do nosso mar, dos nossos rios e até mesmo da nossa gente, muitas vezes, esquecemos de nos cuidarmos, de nos resguardarmos, de nos valorizarmos, principalmente quando temos o dever de zelarmos pelo destino da nossa gente, nossa cidade, o Estado em que moramos e esse país tão maravilhoso, que insistimos em não darmos o seu devido valor. Somos, portanto, extremamente egoístas, com a política do pouco recheio meu pastel primeiro.
De retorno à minha casa começo na minha tarefa literária, as notícias nos principais jornais são assustadoras, assaltos, assassinatos, estupros, estelionatos, e, principalmente, a quantidade de propaganda política, umas até bem feitas, e outras de um mau gosto e de um vazio insustentável. Começo a fazer uma análise dos candidatos, nem sempre dos grandes centros, partidos, plataforma política, coerência do discurso e a ideologia partidária, metas para o cumprimento do mandato, principalmente sua origem política, seu currículo profissional e sua idoneidade, fator primordial para quem vai trabalhar com o emocional da sociedade, com os problemas mais elementares e os mais essenciais das pessoas.
Percebo de tudo, candidatos que penhoraram bens para bancar a campanha da sua candidatura ao cargo pretendido, outros sendo bancados pela economia de amigos e empresas simpatizantes ao seu programa de trabalho, candidatos imbuídos do espírito público e solidário às causas sociais. Entretanto, a grande maioria sendo levada pela onda de encontrar um lugar ao sol, na tentativa de conseguir uma oportunidade na vida, junto à administração pública, seja no executivo como no legislativo, o importante para esses é ter e não ser, é puder também usufruir o poder, e suas benesses, pouco importando os compromissos assumidos com os seus seguidores, apoiadores, muitas vezes tendo comprado a consciência e a dignidade do eleitor desavisado e mal orientado para a importância e abrangência no uso do sufrágio.
O pior é ver candidatos impostos, ou impostos, pelos seus padrinhos políticos, no custe o que custar, mesmo que a decência, compostura e a dignidade sejam detalhes ignorados para esses tantos, o que vale é manter a posição dentro dos poderes, não perdendo a chance de continuar a usurpar do erário público até o limite da fadiga da sua capacidade técnica e financeira, atitude ridícula, estapafúrdia e grotesca, somente vista nos homens sem compostura.
Essa é a nossa realidade, triste realidade, e até escorchante para a nossa mente e dignidade.
Acredito que essa seja a última campanha alicerçada na forma mais imoral da história da política nacional, que é a forma que muitos políticos usam para conseguir se eleger, ou reeleger, para cargos públicos. Ainda somos um povo sem visão política, dentro do conceito onde “é dando que se recebe” tornou-se uma prática indecente e ilegal, mas de um controle de massas muito grande, extremamente devastadora, um verdadeiro flagelo para a dignidade humana.
Já temos leis de controles nas ações dessas práticas lesivas ao comportamento de uma conduta séria.
A história toma novo rumo, o poder judiciário toma à dianteira e se direciona rumo a uma nova mentalidade, da moralidade e dos bons costumes. Certamente 2012 será um ano de divisor de águas na nossa história política. O atual momento é interessante para que tomemos iniciativas, aproveitamento essa oportunidade singular, fazendo uma reflexão mais profunda, procurando escolher nossos líderes municipais, tanto no executivo como o legislativo, de uma forma mais condizente as características das necessidades locais e regionais, sem paixões ou interesses pessoais, ou mesmo partidárias, usando o critério do bom senso, com seletiva visão onde a capacidade e discernimento sejam os critérios adotados.
Como brasileiro que já passou por vários governos, de diferentes ideologias, crises profundas e agudas, substituições de moedas correntes, fechamento e abertura do congresso nacional, cassação de irmãos, punições injustas e nebulosos motivos. É com alegria que vejo uma esperança surgindo no horizonte do Brasil, em atitudes heróicas com a marca dos grandes homens que fizeram a grandeza das grandes nações, caso específico do ministro do STF, Joaquim Barbosa, escrevendo a história do nosso momento atual, com virtudes e dignidade dos imortais, nos dando a certeza que as futuras gerações não terão o desprazer de conviverem com ações descabidas, sem o grau de corrupção sem precedentes, que passamos, sem merecermos tamanho constrangimento, e os bons políticos, governantes, legisladores, e estadistas não tenham vergonha de se apresentarem como tais para aqueles que acreditam, ainda, na fé inabalável pelo homem e para o homem que luta em benefício do coletivo em detrimento ao caráter pessoal.

Escritor e Poeta
Necrófagos e usurpadores Necrófagos e usurpadores Reviewed by Clemildo Brunet on 9/12/2012 05:42:00 PM Rating: 5

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