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Uma mulher chamada dignidade

Genival Torres Dantas

Genival Torres Dantas*

Lendo o teor do último email dela lembrei-me de uma afirmativa do Khalil Gibran, que consiste no seguinte: “O desejo é a metade da vida, a indiferença a metade da morte”. Por ela não ser indiferente, as suas duas metades correspondem a própria vida. Posso afirmar com absoluta certeza que se trata de uma pessoa singular, sem medos, traumas ou receios, formada de um caráter acima de qualquer suspeita, professora dos princípios acadêmicos, mestra nos valores morais e éticos, fundamentada nos preceitos da fé e da esperança.

É assim que a defino como mulher, profissional e
como ser humano. Bonita, não só fisicamente, mas na sua essência, uma mãe amorosa e consciente da responsabilidade para com o futuro dos seus e da própria sociedade em que vive. Uma pedagoga dedicada e comprometida com o futuro das gerações e das práticas do ensino voltado para a formação moral e cívica daqueles que um dia serão gestores do nosso país. Como ser humano, supera as qualidades anteriores, sem correção. Sua fé inabalável na justiça divina a fez uma pessoa corajosa, disposta a superar qualquer desafio, com toda garra que Deus lhe deu.

Quando a conheci, sem envolvimento com o problema de saúde atual que compromete e abala qualquer pessoa que seja acometida por uma enfermidade desse porte e seriedade, vi vida e luz no seu olhar. Por isso foi buscar a solução, e que fosse a mais segura para sua cura definitiva, não pensou nas conseqüências e sequelas futuras, precisava voltar à rotina natural da sua própria vida.

Foi corajosa, se dispôs a fazer, e fez a cirurgia que faria a correção do mal que lhe afligia, para tanto foi necessário a extração de um seio. Para outra mulher que não tivesse a sua postura diante da vida seria uma fatalidade, além da brutalidade da medicina que em pleno século XXI  arranca um pedaço do seu corpo para tentar a possibilidade de cura ao seu corpo e mente. Uma situação no mínimo depressiva, desgastantes, traumática, para a grande maioria das pessoas. Esse fato não abolou em nada a mulher de muita dignidade. Soube superar as dores e os preconceitos dos olhares, muitas vezes de desprezo, daqueles que não sabem da vida, conhecem apenas o desfecho da morte, pois vivem nela. Assim são os fortes, não ligam para as críticas, são superiores a elas, finge não sentir a presença dos fracos e fracassados, que passam a falar dos problemas alheios quando deveriam lutar para dignificar suas existências, que de tão medíocres se tornam melancólicas.

E ela, a mulher dignidade, foi superando barreiras, etapas, passando por tratamentos, Quimioterápicos, Radioterápicos, teve seqüelas, naturais a esses casos, não fraquejou frente às diversidades, seguiu em frente, dando uma verdadeira lição de vida, fé e esperança na superação das dificuldades advindas com a nova vida que estava levando, ignorou as deformações físicas, tinha certeza que tudo seria ultrapassado.

Hoje o seu exemplo enche de orgulho os seus familiares e amigos, como eu, que muitas vezes ficamos pessimistas, enquanto ela continuava sua luta, que um dia seria definitivamente vencida, e nesse dia, que certamente virá, e quando tudo voltar à sua normalidade, com certeza estarei elaborando um novo texto, descrevendo citações aos seus projetos para o futuro, quem sabe até fazendo menção a uma mensagem dela, dando o seu verdadeiro testemunho da trajetória feita por ela nesse período dolorido e até cruel para os incrédulos, não para ela que é um verdadeiro poço de coragem e determinação.

Parabéns mulher dignidade permitam-me que assim eu por enquanto a identifique, mantendo o sigilo da sua verdadeira identidade, em nome da privacidade, mas mostrando ao mundo a sua capacidade de vida e coragem, ao mesmo tempo encorajando, com o seu exemplo de guerreira, tantas outras mulheres que convivem com problema igual ao seu, mas sem a mesma capacidade de ação e reação. Finalizo com outro pensamento do Khalil Gibran: “Aquele que nunca viu a tristeza, nunca reconhecerá a alegria”.

*Escritor e Poeta
Uma mulher chamada dignidade Uma mulher chamada dignidade Reviewed by Clemildo Brunet on 10/28/2012 06:26:00 AM Rating: 5

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