É Grande o Desespero das Prefeituras e seus munícipes
Genival Torres Dantas |
Genival Torres Dantas*
Quando
escrevi o texto intitulado “Ações e Contradições”, divulgado pela imprensa e a
mídia eletrônica, tive como respostas vários emails fazendo críticas à minha
posição naquele momento em que o governo abria mão de um percentual do IPI
(Importo sobre Produto Industrializado), imposto federal que serve como rateio
entre estados e municípios brasileiro. Reproduzo abaixo um trecho do texto
referenciado:
“...Temos
o fundo de participação municipal que é a transferência constitucional da União
para os Estados e Distrito Federal, recursos esses compostos de 22.5% de toda
arrecadação do (IR) impostos de renda, e
o IPI (imposto sobre produtos
industrializados.
Assim
sendo, o governo federal está favorecendo o mercado automobilístico com
dinheiro subtraído do fundo de participação municipal.
A
fórmula da divisão é simples, ela é baseada no número de habitantes de cada
município e a divisão é feita proporcionalmente. Os números de habitantes são
levantados pelo (IBGE) instituto brasileiro de geografia e estatística,
anualmente.
Todo
e qualquer prefeito, em qualquer município brasileiro, conta com esse dinheiro
para investimentos em vários setores carentes do seu município, por menor que
seja.
É
desumano desviar recursos desse imposto, que alimenta o fundo de participação
municipal, para incentivo ao consumo de um segmento industrial que atinge
consumidores de uma renda maior, e sem ser de primeira necessidade, caso
específico dos automóveis.
É
no mínimo absurdo esse tipo de ação, principalmente para muitos municípios
carentes, em termos de infra-estrutura com necessidades prementes, nas suas
ações básicas, como manutenção de escolas, transporte escolar, saneamento
básico, e tantos outros serviços tão necessários à educação, e apoio à saúde
dos munícipes das nossas cidades....”
O
curioso é que eu não acreditava naquela atitude do governo federal em algo que
viesse a ter um desfecho tão trágico para 52%, em torno de 3000, dos municípios
que tem nessa receita FPM (Fundo de Participação Municipal) parte efetiva da
renda para manutenção dos seus serviços e ajuda nos custeios da folha de
pagamento dos seus funcionários.
A
falta desses recursos tem provocado nos atuais prefeitos que precisam fechar
suas contas em 31 de dezembro próximo sem qualquer resíduo financeiro para
pagamento no exercício posterior, 2013, sem o devido fundo de caixa para fazer
frente às pendências. Se ocorrer, o prefeito em exercício está automaticamente
enquadrado na lei de responsabilidade fiscal, portanto, inelegível, sem
condições de postulação à cargos eletivos, criando dessa forma um entrave nos
seus objetivos políticos para o futuro. Além desse fato, existem outros
problemas ocasionados por essa altercação, principalmente por o governo central
ter aumentado custos indiretos para os municípios e estados, como a elevação no
salário base para os professores, em todos os patamares, federal, estadual e
municipal, sem entretanto, oferecer recursos para que fosse feito frente a
elevação sofrida especificamente, e principalmente, nesse setor, um dos
prioritários, junto com segurança e saúde, o da educação.
Essa
atitude do governo federal, de transtornos imprevisíveis para os afetados,
trouxe uma conseqüência previsível para os próximos dias, dentro da área
municipal. Há uma grande leva de funcionários públicos municipais sendo
demitidos, serviços prioritários suspensos, precariedade na assistência
municipal, incertezas para os próximos meses, mesmo porque, no próximo ano
haverá redução no ICMS (Imposto de Circulação e Serviços) na contas de luz,
tanto física como jurídica, em decorrência da redução da tarifa de energia,
implantada pelo governo federal, atitude corretíssima, mas de prejuízo certo, e
novamente, para os estados e municípios que vão continuar inadimplentes se
medidas emergenciais não forem tomadas dentro do pacto federativo, assunto que
está sendo tratado no congresso nacional, motivo de grande agitação dos
parlamentares que foram acionados pelas suas bases com profunda crise financeira.
É
lamentável que a crise sobre sempre para os menores, os assalariados, depois de
uma eleição tão rica, do ponto de vista de investimentos e custos, para sei lá
quem vai pagar a conta no final da festa, pois, o natal chegando e o
funcionalismo público municipal sendo tratado como restos a pagar por grande
parcela das prefeituras do nosso país, e o povo sofrendo as conseqüências pela
falta de previsões orçamentárias, políticas mal aplicadas, ou até mesmo gestão
mais responsável.
Os responsáveis pelas contas dos seus setores, em qualquer
empresa, são obrigados a fazer contenções orçamentárias durante todo o ano no
sentido de reter recursos para sanar problemas de última hora, caso específico
do IPI, evitando situações lamentáveis em que se encontram parte dos nossos
municípios. Não podemos debitar o atual quadro apenas ao governo federal. Não
há dúvidas que o grande contingente de políticos, administradores dos nossos
destinos, de todos os partidos em operação nesse país, sem exceção, representam
farinha do mesmo saco, ou um verdadeiro balaio de gato, uma barafunda que deve
ser resolvida em nome da dignidade de um país que ostenta a 6° posição na
economia mundial e um dos piores quando se trata de moralidade.
*Escritor e Poeta
É Grande o Desespero das Prefeituras e seus munícipes
Reviewed by Clemildo Brunet
on
11/13/2012 05:03:00 PM
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