Gonzaga, De pai para filho
Onaldo Queiroga |
Onaldo Queiroga*
O filme “Gonzaga, De Pai para Filho” tem seus pecados,
mas é preciso dizer que seria impossível retratar sobre a vida e obra do Rei do
Baião em 2 (duas) horas, sem que não houvesse omissões e exageros.
No que diz respeito aos
parceiros, só se viu na tela a figura de Humberto Teixeira. Não estamos aqui
para dizer que ele não merecia a referência, pois sabemos da sua importância
para Gonzaga e
para a música brasileira.
Mas, Gonzaga tem no mínimo uns quatro ou mais parceiros que mereciam
referências, e, um deles não poderia ficar de fora, o pernambucano Zé Dantas, o
segundo na ordem cronológica, mas em igualdade de importância com Humberto
Teixeira. O filme até mostra Gonzaga cantando umas duas músicas de Zé Dantas,
como por exemplo: “Vem Morena”, mas, não lhe atribuiu através do áudio autoria
da canção, e assim, muitos dos que
assistiram o filme passaram a pensar que “Vem Morena” é mais uma música de
Humberto Teixeira. Outra omissão foi ausência de Dominguinhos. Sua participação
resumiu-se aos 5 segundos, e, de tão rápida, quase ninguém percebeu que o filme
fez menção ao mesmo.
Sabemos que o filme é um
misto de realidade e ficção. Pois bem. A cena de Gonzaga nas margens de um rio
ensaiando, nú, com o anão, “Salário Mínimo” e com o engraxate, “Custo de Vida”,
realmente aconteceu, inclusive, consta de um depoimento do próprio Gonzaga no
Livro “Vida do Viajante: A Saga de Luiz Gonzaga”, da Francesa Dominique
Dreyfus. Com relação ao seu relacionamento com a ditadura militar, a briga com
Gonzaguinha, onde ele quebra o violão do filho, também aconteceu. Ele
inegavelmente tinha uma formação militar, passou 10 anos no Exército, difícil seria afastá-lo da disciplina
militar, mas, faltou ao filme fazer o contraponto, mostrar que ele apesar de
toda a ligação gravou em 1967, no ápice da ditatura, a música “Caminhando e
Cantando”.
Outro aspecto que não
corresponde com a verdade é que Gonzagão tenha mergulhado num abismo e
Gonzaguinha tenha sido o responsável pelo seu resgate. Isso não. Gonzaga teve
seus altos e baixos, mas no período da chegada da Jovem Guarda realmente a
mídia nacional o abandonou, mas, foi nessa época que ele intensificou que sua
“vida era andar por esse país”, percorreu todo o Nordeste, nunca lhe faltou
shows, nem dinheiro, inclusive nessa ocasião ele patrocinado por Gabi, fez
várias turnês pelo Fumo do Du Bom. Outro ponto que não entendi, foi o fato de
não terem escolhido o ambiente original onde tudo aconteceu, o Sítio Caiçara, a
Vila do Araripe e o Exu para realizarem as filmagens.
Gonzagão era um homem rude,
o destino lhe tirou Nazinha, daí ter deixado o Exu para não morrer e no Rio de
Janeiro no início de sua carreira perde Odaleia, ficando
Gonzaguinha de tenra idade.
O filme retrata fielmente a relação difícil dos dois, mas o importante é que no
final de mãos dadas caminharam como pai e filho.
*Escritor pombalense. Juiz da 5ª Vara Cível em João Pessoa PB.
Gonzaga, De pai para filho
Reviewed by Clemildo Brunet
on
11/11/2012 10:33:00 AM
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