Segurança, um desafio dos novos tempos
Genival Torres Dantas |
Genival Torres Dantas*
Nessa
segunda década do primeiro século, do terceiro milênio, já podemos avaliar o
grau de dificuldades que nos espera daqui para frente. Com todos os problemas
conjunturais que nos apresentam nesses novos tempos de transformações, quando o
modelo familiar atual, tende a tomar uma nova forma, modelo esse vivido e
aceito pela sociedade desde o século XV1, exatamente a partir do ano de 1500,
dentro de um contexto que vinha mantendo o homem como mantenedor do núcleo
familiar, e
a mulher apenas como procriadora, dando sustentação a manutenção da
família, zelando pela alimentação, educação e o bem estar
Mas,
essa nova realidade veio com algumas alterações de comportamento no âmbito
familiar, a divisão de tarefas fez do homem um auxiliar direto na criação, e
principalmente, na educação dos filhos, até então de competência da mulher, que
tinha todo um estilo, um jeito especial no trato com a causa, em decorrências
das suas características, de profunda sensibilidade e coerência, qualidades que
nunca foi inerente ao homem que se dedicava apenas ao trabalho, para prover as
necessidades da família. Não sei exatamente se esse conflito, ou falta de tato
com essa nova realidade, foi criando um vácuo nessa operação de dupla
responsabilidade. Esse fato, aliado a intervenção da justiça desautorizando
qualquer ação penosa, na criação dos filhos, mais ainda, o Estado se tornando
um co-responsável por essa competência, vem trazendo um distanciamento entre
pais, filhos e escola, essa última, antes uma extensão do lar, dando um
verdadeiro reforço no que se aprendia em casa, hoje um ambiente de puro
ensinamento de teorias e matérias, sem o verdadeiro treinamento para a vida,
com fundamentos cívicos, respeito a hierarquias, alicerçado no amor ao próximo,
sentimento tão importante na formação do caráter da criança, futuro adulto que
terá pela frente a sua própria condução, os destinos de um país continental
como o nosso Brasil, sem a mínima noção dos seus limites, pois tudo lhe é
permitido e concedido, na maioria das vezes sem nenhuma contrapartida. Essa
permissividade gera uma idéia de direitos sem deveres, crucial para o
fundamento da boa educação.
Esse
quadro aliado a ausência de um projeto social mais atuante, por parte dos
nossos dirigentes, procurando usar o tempo da criança e do adolescente junto a
atividades educativas, voltadas para um aprendizado preparativo, visando o
futuro profissional dessa geração que estamos vendo sendo perdida no meio das
cidades, que crescem na sua forma física, ocupando os espaços das periferias,
sem, entretanto, proporcionar valores que possam edificar conceitos morais para
uma postura de cidadania futura. O que verdadeiramente observamos, é a formação
de bolsões de miséria, composta da ausência de qualquer orientação e permeada
pela insegurança proveniente dos desajustes familiares, quando alguns dos seus
membros, sem noção, muitas vezes, do perigo que está se metendo, se envolve com
o submundo do crime por não ter nenhuma alternativa, ou levado, pelo ganho fácil,
e imediato, que aquela oportunidade lhe vislumbra.
Essa
nova modalidade de vida, quando os pais trabalham para manter um melhor padrão,
não há como fazer restrições, o que lamentamos é exatamente a ausência deles,
os pais, na criação e educação dos filhos, formando uma futura geração de
pessoas indiferentes aos valores que tanto lutamos no passado para que fossem
seguidos pelas gerações futuras. Não podemos, claro, debitar esse pânico
generalizado dentro da nossa sociedade, a poucos fatores, mas, é o conjunto de
deficiências que acarretam essas situações problemáticas em que estamos
convivendo no momento.
Antes
era o Rio de Janeiro que vivia envolvida com o crime organizado e suas
seqüelas, o tráfico de drogas, dominavam comunidades hoje livres, pelo menos
controladas, graças a uma ação conjunta dos governos em todos seus patamares,
federal, estadual e municipal. Para isso, foi necessário que tomassem ciência que
o descontrole daquela cidade, megalópole, podia representar a falácia da sociedade
local, pois, estavam esperando eventos de relevância mundial, e a prática
daquele comportamento, por parte de uma parcela dos seus membros, levaria no
mínimo a inoperância dos futuros jogos das confederações, 2013, copa do mundo,
2014, e os jogos olímpicos em 2016. A realização desses eventos tornou possível
políticas de segurança ao Rio de Janeiro, com participação, inclusive de forças
de segurança nacional.
O
que vem ocorrendo no Estado de São Paulo, desde maio último, com o confronto
entre bandidos e policiais, levando a uma verdadeira guerra naquele Estado, com
números de mortes despropositados, sem nenhum antecedente na história da
policia. Nos últimos dias a violência se estendeu ao Estado de Santa Catarina,
quando ações de bandidos já atingem 13 cidades, em larga escala no litoral
catarinense, com incêndios a transportes coletivos, carros particulares, e
mortes de bandidos, policiais e civis. O que nos deixa desnorteados,
desatinados e perplexos, é saber que o comando dessas ações criminosas, são
feitas, inclusive, por delinqüentes que estão presos, cumprindo penas nas
penitenciárias de segurança até máxima, Tanto em São Paulo como no Estado
de Santa Catarina.
É
de ficar pasmo ouvir o governado Geraldo Alckmin, SP, em entrevista recente,
afirmar que o isolamento das penitenciárias ao sinal das operadoras de
celulares era tecnicamente possível, porém inviável, pois, o serviço de
inteligência da polícia fazia uso daquele sistema para eficiência do seu
trabalho. Esse tipo de trabalho pode ficar perfeitamente bem locado numa área
distante das penitenciárias, além disso, demonstra a incapacidade do governo
controlar a entrada de celulares naquela ambiência carcerária. Se for colocado
aparelhos, tipo Raio-X, largamente utilizados nos nossos aeroportos para acesso
dos passageiros, certamente, esses equipamentos serão de uso fundamental,
evitando a entrada de aparelhos celulares em cadeias, penitenciárias, ou
qualquer outro ambiente onde se faça o uso da restrição de liberdade aos
condenados, ou esperando sentença da judiciário nacional.
Como
brasileiro, nacionalista, integralista, sou favorável a uma ação conjunta de
toda sociedade, defenestrando esse tipo de marginal do nosso meio, colocando
esse tipo de elemento em cadeias longe da convivência, sem nenhum acesso ao
mundo aqui fora, até que seja feita uma avaliação da gravidade do quadro em que
nos encontramos. Todo esforço precisa ser feito para que não tenhamos mais
perdas de vidas daqueles que lutam pela nossa segurança, e de inocentes que
estão sendo vítimas de uma parcela que corresponde ao suprassumo da escória
humana, indesejável a todos nós.
*Escritor e Poeta
Segurança, um desafio dos novos tempos
Reviewed by Clemildo Brunet
on
11/18/2012 06:53:00 AM
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