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O Céu do Araripe



Onaldo Queiroga 
Onaldo Queiroga*

Se não há Luar mais belo do que o do Sertão é porque inexiste um Céu mais exuberando do que o daquele lugar. Sou filho do Sertão, pois nasci em Pombal, Paraíba, ali vivi na infância e adolescência, ocasiões em que tive a oportunidade de contemplar inúmeras vezes a beleza extraordinária do céu noturno sertanejo.

Naquelas noites, sentado numa cadeira de balanço, lá da calçada eu ficava a ouvir as histórias relatadas pela avó Raimunda, ao tempo em que olhava aquele mundão de estrelas espalhadas pelo céu. Eram infinitas e
por vezes corri o risco de contá-las, mas nunca cheguei ao fim, apenas ganhei algumas verrugas.

Em noites de Lua cheia, o céu ficava ainda mais belo, pois o campo de visão em relação as estrelas aumentava. Aquele cenário era fascinante, levava meus pensamentos a mergulhar em reflexões, imaginava como tudo aquilo fora criado, a distância daquelas luzes, ficava eu procurando discos voadores e sempre escolhia uma estrela para acompanhá-la, dia a dia, verificando a sua proximidade com a Lua.

O tempo passou, hoje residindo na cidade grande, levado pelo corre e corre, vivendo nas noites das metrópoles sob um mundaréu de luzes artificiais, terminei por esquecer as estrelas dos céus da minha infância. Mas em dezembro de 2012, quando fui para o Centenário do Rei do Baião, precisamente no dia 13, estava eu acompanhado dos amigos Marcelo Piancó e Beto Brito, lá na Vila do Araripe, Exu, Pernambuco, era noite, estávamos jantando no restaurante Picuí, ali instalado para a festa, quando de repente Beto Brito nos alertou para olharmos para o céu.

Com efeito, num primeiro instante imaginei que havia algo de muito diferente que chamara atenção do amigo. Assim, eu, Piancó e Beto direcionamos o olhar para o céu, procurei algum objeto estranho, mas nada encontrei, contudo, comecei, com calma a observar o céu, foi aí que a memória passou a me ajudar, a trazer a nostalgia para o meu âmago, pude, então, identificar que aquele céu me era familiar, ali estavam as minhas estrelas, as Três Marias, o Cruzeiro do Sul e a Lua da minha infância. Fazia tempo que não contemplava um céu tão lindo, verdadeiro quadro pintado por Deus, uma tela noturna diante dos nossos olhos mortais com as infinitas estrelas e a Lua dos poetas, dos boêmios e que clareia as noites.

Ficamos ali por alguns minutos, uma paz imensa invadiu nossos corações, e, concluímos que só o Sertão para nos proporcionar magia e beleza tão grandiosa.

*Escritor e Juiz de Direito da 5ª Vara Cível da Capital João Pessoa
O Céu do Araripe O Céu do Araripe Reviewed by Clemildo Brunet on 1/20/2013 06:50:00 PM Rating: 5

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