SEPARAÇÃO
Separação é uma palavra recorrente, principalmente, em conversa de boteco.
Já ouvi várias narrativas sobre esse tema. Temos vários tipos de separação,
quando criança, por razões diversas, e
em muitas vezes, a separação da família
deixa uma interrogação na cabeça das pessoas envolvidas, pai, mãe e filhos,
todos com um destino e futuro incertos, um verdadeiro buraco negro para quem
ainda não tem idade para discernir a realidade e a conseqüência dos fatos. Na
mesma fase da vida e por outras razões, ou até resultante da primeira, a
criança é separada dos colegas de colégio, da cidade em que nasceu induzido a
criar outros tipos de amizades deixando pelo caminho a segurança das conquistas
iniciais.
Mais adiante, já adolescente, vem à descoberta de um mundo diferente,
parceiros de esporte, o namorico, quando não o primeiro amor, a paixão
arrematadora, a decepção pela perda e a primeira separação com envolvimentos
mais profundos e por vezes conscientes. Na seqüência vem a complexa fase adulta
quando se tomam decisões que serão importantes na vida de todos nós, como a
estabilidade profissional e financeira, casamento, os filhos; surge também,
para muitos, a separação.
Alguns sequer casam, na forma antiga, formalmente,
mas nem por isso deixam de ter a felicidade no tempo em que a convivência foi
perfeita, relacionamento harmoniosa, o verdadeiro entrelaçamento das almas.
Depois surgem as brigas, a convivência fria e dissonante o casal já não se
tolera. Mais uma vez aparece no caminho do ser humano a separação. Para muitos
adultos a separação vem como uma derrota, o fracasso de não ter mantido uma
conquista que parecia eterna, a desdita de ser sozinho; normalmente para o
homem, a ausência diária da companhia dos filhos, quando existem, e a
propositura de uma nova empreitada na retomado do seu caminho.
É comum, as pessoas se esquecem que a perda em determinados momentos da
vida vem para melhorar com a aprendizagem que ficou com o relacionamento
desfeito, os vícios que não devem ser cometidos numa nova situação, a postura
da acomodação quando parece que tudo está correndo tudo bem deve ser evitado a
qualquer custo, no futuro, sobre pena que o quadro não se renove, se
transformando numa nova decepção, decorrente de erros repetitivos tão inerentes
ao ser humano.
O interessante seria fazer uma escolha e que essa companhia
fosse de um relacionamento firme e duradouro, nem sempre isso acontece, e não
ocorrendo, não se pode ficar lamentando o desfecho indesejável. É interessante
que a pessoa faça uma reengenharia na sua vida, provavelmente com mudança de
atitudes; por mais que a culpa seja do outro normalmente temos participação no
resultado de uma dissolução. Somos todos acometidos pelo desejo em aprender com
os erros, assim sendo, devemos reconhecer nossas falhas e procurar melhorar,
levantar a cabeça e partir em busca de dias melhores, sem sentimento de culpa,
uma segunda chance sempre existe e numa nova oportunidade deve ser vista como o
grande momento do passo dado.
Dentre os muitos casos relatados de separação, e que senti da mais
profunda dor, nas palavras de quem as descreveu, foi os ocorridos com pessoas
que mesmo não amando mais o companheiro ou companheira, ficam convivendo sob o
mesmo teto, na maioria das vezes se ferindo e magoando, por absoluta falta de
atitude, e normalmente, por falta de condições para sobreviver individualmente,
isso ocorre comumente nos mais idosos, quando já estão com problemas de saúde e
não cuidaram do futuro no momento certo. Esses conflitos me pareciam poucos,
ledo engano! É enorme o número de casais que convivem dentro dessa realidade,
mais antigo do que me parecia, e a mais danosa das separações que já ouvi.
Sergio Kante
Escritor e
Poeta
sergiokante@hotmail.com
SEPARAÇÃO
Reviewed by Clemildo Brunet
on
1/20/2013 07:08:00 PM
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