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A Distante Realidade que Desejamos

Genival Torres Dantas

Genival Torres Dantas*

Com a tragédia ocorrida na boate Kiss, Santa Maria - RS, na madrugada do dia 27 último, causando 238 mortos e outras 72 pessoas ainda internadas, números atualizados nessa data, o Brasil voltou sua atenção para aquela região, às ações por parte dos governantes, militares e sociedade civil foram determinantes para amenizar um pouco a dor dos familiares, afetados pelo descaso e falta de responsabilidade para com o ser humano, por parte de algumas autoridades e o setor empresarial na busca do lucro fácil, com a perda e internações dos seus parentes.

Para tristeza de todos nós, as notícias ruins não pararam com o fim do mês de janeiro. Fevereiro continua a seqüenciar e
registrar mais casos a merecer nossa atenção, cada um dentro da sua importância e relevância para o quadro nacional.

Em Santa Catarina o Estado volta a ser sacudido, desde 30 de janeiro até hoje, por incendiários, provocando 80 ocorrências em 25 municípios, com prejuízos materiais de grande monta, inclusive para o setor privado, com perdas de carros, ônibus e caminhões, além de imóveis, caso específico aqui de Navegantes, quando foi colocado fogo em uma fábrica de cordas, praticamente atingindo toda sua unidade fabril. Lembrando que essa é a segunda onda de atentados, a primeira ocorreu  em novembro de 2012, numa verdadeira queda de braços entre policiais, que tentam garantir a segurança e a ordem pública, e marginais. O governo estadual, representado pelo governador João Raimundo Colombo (PSD), em decorrência da gravidade da situação, já teve reunião com as autoridades federais, com participação do ministro da Justiça, José Eduardo Martins Cardoso, quando foram colocados à disposição do Estado catarinense todos os recursos disponíveis e ao alcance do seu ministério para resolver a pendenga que passa a sociedade que amedrontada acompanha o desenrolar dos fatos, esperançosos que a normalidade volte à rotina dos dias de tranqüilidade inerentes ao povo ordeiro desse Estado.

No plano político, o Congresso Nacional, elege para as duas casas presidentes já previamente anunciados, com apoio do governo central. Duas pessoas fartamente denunciadas pela imprensa, por suspeita de decoro parlamentar, enlutando a história tanto da Câmara como do Senado Federal, indo de encontro à opinião pública que refuta esse tipo de elementos na condução da nossa política. Para o biênio 2013/2014 foram eleitos o deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB/RN) e o senador José Renan Vasconcelos Calheiros (PMDB/AL),

O deputado Henrique Alves toma posse, como presidente da câmara, anunciando sua divergência com o STF (Supremo Tribunal Federal), com o propósito de não acatar a determinação do poder judiciário, de cassar os mandatos em vigência dos deputados condenados: Valdemar Costa Neto (PR/SP), João Paulo Cunha PT/SP) Pedro Henry Neto (PP/MT) e José Genoino Guimarães Neto  (PT/SP).

Depois da posse, e numa visita ao Presidente do STF, Joaquim Benedito Barbosa Gomes, o Presidente da Câmara muda o discurso e nega qualquer atitude de discórdia e que a consonância entre o STF e a Câmara dos Deputados será a tônica da sua administração com o devido respeito mútuo. Não sabemos o teor da conversa, mas, o deputado Henrique Alves entrou para a visita, dando a impressão que estava com a gula de um leão faminto e saiu de lá com a saciedade de um cordeiro domado; só podemos supor que o Ministro Joaquim Barbosa é detentor de um grande poder de convencimento nas suas exposições e com seu vasto conhecimento jurídico determinante no amplo poder de conciliação. Prevaleceu o bom senso.

No que se refere à área financeira, e na confirmação dos noticiários da imprensa, ficou a certeza do desastre administrativo, do período anterior da presidente da Petrobrás (Petróleo Brasileiro S/A), Maria das Graças Silva Foster, que luta para colocar a casa em ordem, apesar da interferência do governo federal que insiste em desviar recursos daquela empresa para projetos duvidosos. O resultado da empresa, do ano anterior, foi de uma redução de 36% nos seus lucros, comparado ao ano de 2011. Apesar do esforço da atual administração, foi anunciado um período de palidez até junho próximo. Essa posição decorre do reajuste autorizado para os combustíveis. Vendidos no mercado interno e não refletiram a necessidade real da empresa para que ela tenha um resultado de equilíbrio, seria necessário o dobro do reajuste concedido para atingir a meta desejada. Mas já se fala em novo aumento, e é de se esperar.

O repasse de 50% nos preços dos combustíveis mais o desconto concedido nas contas do fornecimento da energia elétrica, ainda, a determinação em segurar os reajustes nas tarifas de ônibus nas principais Capitais, todas essas ações não refletiram favoravelmente na inflação do mês de janeiro, já anunciada em 0,83%, medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), com ajuda dos preços dos alimentos, a maior desde janeiro de 2003. Isso posto, voltamos à um problema que não tínhamos preocupação com ele, nos últimos anos, o retorno da inflação, que nunca foi embora, simplesmente mantinha-se hibernado à espera de um deslize, uma oportunidade, talvez um momento de vaidade, para mostrar toda sua crueldade, para desespero das nossas autoridades do setor.

O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, em entrevista à jornalista Miriam Leitão, deixou claro o desconforto que essa situação está causando aos que trabalham no setor econômico, a previsão é que a normalidade, dentro das metas estabelecidas para este ano, só volte no segundo semestre, que é de uma inflação no mesmo patamar de 2012, 5,6%. Esse número é bem distante dos conseguidos em 2012 pelos países como: México 3.6%, Peru 2,6%, Colômbia 2,4% e o Chile 1,5%.

O PAC (programa de aceleração do crescimento) continua patinando no apoio às nossas políticas de infraestruturas  não conseguindo aliados ou investidores para tocar projetos e concessões das rodovias tão precárias e necessárias à distribuição da nossa produção, tanto da indústria como nos commodities. Para regimentar empresas interessadas se fez necessário tomadas de medidas contrárias as iniciadas nas contratações, com aumento do prazo de financiamento para até 30 anos, possibilitando retorno dos investimentos feitos, com uma carência de 5 anos para inicio da primeira parcela do financiamento, ou seja, começa a pagar a partir do sexto ano. Os novos estudos estimam um retorno com taxa acima de 10%. Mesmo que a taxa de tráfego caia de 5% para 4%, nas estradas, a rentabilidade fica garantida nas cobranças de pedágio. É bom lembrar, o Brasil não tem dinheiro para investir no apoio dos setores de geração de recursos e incentivo à logística nacional, entretanto, o investidor tem garantia de financiamento pelo BNDS (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), banco de fomento à industria e comercio.

Lamentamos que o Brasil siga sua rotina de descaso com a realidade que apresenta nada fácil, o difícil caminho que estamos trilhando por conta das nossas próprias atitudes e daquelas impostas pela natureza, caso específico do momento nordestino, com seu desespero na sofreguidão da seca, é preciso mudar de atitude para que o país mude seu ritmo e seu povo tenha um novo comportamento, voltado para o compartilhamento social, quando todos trabalham por um objetivo comum, deixando de lado o individualismo, o egoismo exacerbado, apego às coisas materiais, com preferencia ao ter em detrimento ao ser.
*Escritor e Poeta
A Distante Realidade que Desejamos A  Distante Realidade que Desejamos Reviewed by Clemildo Brunet on 2/09/2013 06:30:00 AM Rating: 5

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