A Distante Realidade que Desejamos
Genival Torres Dantas |
Genival
Torres Dantas*
Com
a tragédia ocorrida na boate Kiss, Santa Maria - RS, na madrugada do dia 27
último, causando 238 mortos e outras 72 pessoas ainda internadas, números
atualizados nessa data, o Brasil voltou sua atenção para aquela região, às
ações por parte dos governantes, militares e sociedade civil foram
determinantes para amenizar um pouco a dor dos familiares, afetados pelo
descaso e falta de responsabilidade para com o ser humano, por parte de algumas
autoridades e o setor empresarial na busca do lucro fácil, com a perda e
internações dos seus parentes.
Para
tristeza de todos nós, as notícias ruins não pararam com o fim do mês de
janeiro. Fevereiro continua a seqüenciar e
registrar mais casos a merecer nossa
atenção, cada um dentro da sua importância e relevância para o quadro nacional.
No
plano político, o Congresso Nacional, elege para as duas casas presidentes já
previamente anunciados, com apoio do governo central. Duas pessoas fartamente
denunciadas pela imprensa, por suspeita de decoro parlamentar, enlutando a
história tanto da Câmara como do Senado Federal, indo de encontro à opinião
pública que refuta esse tipo de elementos na condução da nossa política. Para o
biênio 2013/2014 foram eleitos o deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB/RN) e o
senador José Renan Vasconcelos Calheiros (PMDB/AL),
O
deputado Henrique Alves toma posse, como presidente da câmara, anunciando sua
divergência com o STF (Supremo Tribunal Federal), com o propósito de não acatar
a determinação do poder judiciário, de cassar os mandatos em vigência dos deputados
condenados: Valdemar Costa Neto (PR/SP), João Paulo Cunha PT/SP) Pedro Henry Neto
(PP/MT) e José Genoino Guimarães Neto (PT/SP).
Depois
da posse, e numa visita ao Presidente do STF, Joaquim Benedito Barbosa Gomes, o
Presidente da Câmara muda o discurso e nega qualquer atitude de discórdia e que
a consonância entre o STF e a Câmara dos Deputados será a tônica da sua
administração com o devido respeito mútuo. Não sabemos o teor da conversa, mas,
o deputado Henrique Alves entrou para a visita, dando a impressão que estava
com a gula de um leão faminto e saiu de lá com a saciedade de um cordeiro
domado; só podemos supor que o Ministro Joaquim Barbosa é detentor de um grande
poder de convencimento nas suas exposições e com seu vasto conhecimento
jurídico determinante no amplo poder de conciliação. Prevaleceu o bom senso.
No
que se refere à área financeira, e na confirmação dos noticiários da imprensa,
ficou a certeza do desastre administrativo, do período anterior da presidente
da Petrobrás (Petróleo Brasileiro S/A), Maria das Graças Silva Foster, que luta
para colocar a casa em ordem, apesar da interferência do governo federal que
insiste em desviar recursos daquela empresa para projetos duvidosos. O
resultado da empresa, do ano anterior, foi de uma redução de 36% nos seus
lucros, comparado ao ano de 2011. Apesar do esforço da atual administração, foi
anunciado um período de palidez até junho próximo. Essa posição decorre do
reajuste autorizado para os combustíveis. Vendidos no mercado interno e não
refletiram a necessidade real da empresa para que ela tenha um resultado de
equilíbrio, seria necessário o dobro do reajuste concedido para atingir a meta
desejada. Mas já se fala em novo aumento, e é de se esperar.
O
repasse de 50% nos preços dos combustíveis mais o desconto concedido nas contas
do fornecimento da energia elétrica, ainda, a determinação em segurar os
reajustes nas tarifas de ônibus nas principais Capitais, todas essas ações não
refletiram favoravelmente na inflação do mês de janeiro, já anunciada em 0,83%,
medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), com
ajuda dos preços dos alimentos, a maior desde janeiro de 2003. Isso posto,
voltamos à um problema que não tínhamos preocupação com ele, nos últimos anos,
o retorno da inflação, que nunca foi embora, simplesmente mantinha-se hibernado
à espera de um deslize, uma oportunidade, talvez um momento de vaidade, para
mostrar toda sua crueldade, para desespero das nossas autoridades do setor.
O
presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, em entrevista à jornalista
Miriam Leitão, deixou claro o desconforto que essa situação está causando aos
que trabalham no setor econômico, a previsão é que a normalidade, dentro das
metas estabelecidas para este ano, só volte no segundo semestre, que é de uma
inflação no mesmo patamar de 2012, 5,6%. Esse número é bem distante dos
conseguidos em 2012 pelos países como: México 3.6%, Peru 2,6%, Colômbia 2,4% e
o Chile 1,5%.
O
PAC (programa de aceleração do crescimento) continua patinando no apoio às
nossas políticas de infraestruturas não conseguindo aliados ou investidores
para tocar projetos e concessões das rodovias tão precárias e necessárias à
distribuição da nossa produção, tanto da indústria como nos commodities. Para
regimentar empresas interessadas se fez necessário tomadas de medidas
contrárias as iniciadas nas contratações, com aumento do prazo de financiamento
para até 30 anos, possibilitando retorno dos investimentos feitos, com uma
carência de 5 anos para inicio da primeira parcela do financiamento, ou seja,
começa a pagar a partir do sexto ano. Os novos estudos estimam um retorno com
taxa acima de 10%. Mesmo que a taxa de tráfego caia de 5% para 4%, nas
estradas, a rentabilidade fica garantida nas cobranças de pedágio. É bom
lembrar, o Brasil não tem dinheiro para investir no apoio dos setores de
geração de recursos e incentivo à logística nacional, entretanto, o investidor
tem garantia de financiamento pelo BNDS (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), banco de fomento à industria e comercio.
Lamentamos que o Brasil siga sua rotina de
descaso com a realidade que apresenta nada fácil, o difícil caminho que estamos
trilhando por conta das nossas próprias atitudes e daquelas impostas pela
natureza, caso específico do momento nordestino, com seu desespero na
sofreguidão da seca, é preciso mudar de atitude para que o país mude seu ritmo e seu povo tenha um novo comportamento, voltado para o compartilhamento social,
quando todos trabalham por um objetivo comum, deixando de lado o
individualismo, o egoismo exacerbado, apego às coisas materiais, com preferencia
ao ter em detrimento ao ser.
*Escritor e Poeta
A Distante Realidade que Desejamos
Reviewed by Clemildo Brunet
on
2/09/2013 06:30:00 AM
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