É CARNAVAL
Onaldo Queiroga*
É fevereiro. É carnaval.
Festa popular que logo lembra o Brasil. Mas é preciso dizer que erroneamente
paira no ar um conceito de que o carnaval tem origem no solo brasileiro. É
certo que mundialmente somos conhecidos como o país onde esse festejo aflora todos
os anos com muita força popular, trazendo importantes resultados nas áreas
cultural, turística e econômica. No entanto, não podemos nos vangloriar da
paternidade do carnaval.
Para não falar da
Antiguidade Clássica, com as Lupercais
e as Saturnábias e festas greco-romanas,
mais ou menos báquicas, essa festa popular remonta à era cristã medieval,
quando existiam as denominadas festas profanas, com início no dia de Reis
(Epifania), estendendo-se até a quarta-feira de cinzas, ocasião que começavam
os jejuns quaresmais. Surgiu como uma manifestação dos pagãos, que tinham como
objetivo homenagear o deus Luperco, para assegurar a fertilidade, bem como para
honrar o deus Saturno. Era festa de alegria insolente e inconveniente, face à
expressiva liberdade de atitudes, principalmente na seara erótica.
O tempo passou e o Brasil
tornou-se território mundial do carnaval, abrigando diversas faces da
comemoração carnavalesca. Historicamente, agrupamos várias danças. O samba,
dança cantada de origem africana, de compasso binário e acompanhamento
obrigatoriamente sincopado que predomina no Rio de Janeiro e em São Paulo.
Dentre muitos tipos de samba, destaca-se o de breque, o de enredo e o samba de
partido-alto. Na Bahia temos a predominância do axé, que constitui também dança
cantada de origem africana e expressa votos de felicidade, além de representar
a energia sagrada dos orixás.
Em Pernambuco, o frevo é
dança frenética que pode ser classificada como de abafo ou de encontro, em que
predomina o som de instrumentos metálicos. Temos, ainda, o frevo canção, o de
coqueiro, com suas notas agudas; o frevo de bloco, de rua e de ventania. No
carnaval pernambucano, encontramos também o tradicional maracatu, com um
cortejo que baila ao som de instrumentos de percussão, acompanhando uma mulher
conduzindo uma bonequinha ricamente enfeitada, a calunga, na extremidade de um
bastão.
Mas carnaval é o
“Abre-alas”, de Chiquinha Gonzaga. É o desfile da Mangueira, da Beija-Flor, da
Vila Isabel. É Olinda ao som dos frevos de Capiba e Nélson Ferreira. É Dodô e
Osmar com suas guitarras e seus trios elétricos arrastando as pipocas baianas.
É folia que contagia
multidões através do Galo da Madrugada ou das Muriçocas do Miramar. No passo
ritmado do maracatu, do frevo, do samba e do axé, pobres e ricos, pretos e
brancos libertam-se das dores, dos sofrimentos, do estresse e dos desencantos
da vida. Pedem licença a todos esses males e, de corpo e alma, transformam-se em foliões da
alegria intensa e desfilam a liberdade nos salões e nas avenidas. Carnaval é
momento de relaxamento, de despreocupação e de alegria. Mas a folia deve ser
exercida com responsabilidade, com o uso moderado de bebidas alcoólicas, em paz
e sem drogas. Viva o carnaval!
*Escritor e Juiz de
Direito da 5ª Vara Cível de João Pessoa – PB.
É CARNAVAL
Reviewed by Clemildo Brunet
on
2/08/2013 07:02:00 AM
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