Lampejos de um novo rumo
Genival Torres Dantas*
Maria Osmarina Marina Silva Vaz de Lima, a acriana ambientalista, pedagoga, historiadora e política brasileira, tendo sido alfabetizado na juventude, aos 16 anos, pelo movimento brasileiro de alfabetização – Mobral – (projeto do governo, criado pela Lei n° 5379, em 15 de dezembro de 1967, à época do Regime Militar, com finalidade de integrar o homem a sua comunidade, proporcionando-lhe a oportunidade do aprendizado da leitura, escrita e cálculos, teve seus programados posteriormente incorporados à Fundação Educar). Em 1984, aos 26 anos já estava formada em História pela Universidade Federal do Acre; tendo se especializada na teoria da Psicanalítica pela Universidade de Brasília (UnB) e
psicopedagogia na Universidade Católica de Brasília (UCB).
Iniciando sua carreira política no Partido Revolucionário Comunista (PRC), organização marxista; em 1985 fundou juntamente com Franciso Alves Mendes Filho, popularmente marcado na história como Chico Mendes, a Cental Única do Trabalhadores (CUT), do Acre, sendo vice coordenadora até 1986, mesmo ano que filiou-se ao Partido dos Trabalhadores, vindo a se eleger a vereadora mais votada do município onde nasceu, Rio Branco em 1988. com sua combativa atuação como vereadora, fez vários inimigos políticos, principalmente com anulação de privilégios do cargo que ocupava, desagradando seus pares. Teve ainda no mesmo ano de
Em 1990 se elege deputada estadual com a maior votação do seu Estado. Aos 36 anos, em 1994, é eleita a senadora mais jovem a ocupar esse cargo no Brasil, (privilégio até então do saudoso ex-senador por São Paulo, eleito pelo antigo MDB, em 1974, também com 36 anos). Reeleita em 2002, se constituiu numa das mais atuantes senadoras do nosso país, com 54 projetos de lei com destaque para o texto que propôs a criação do Fundo de Participação dos Estados e do Distrito Federal (FPE), para as unidade da Federação que tinham em seus territórios unidades de conservação da natureza e terras indígenas demarcadas.
Com a eleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2003, para a Presidência da República, Marina Silva assume o Ministério do Meio Ambiente; no cargo teve vários embates políticos, com outros ministros, destacando-se o desentendimento com o ministro da Secretaria Especial de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, Roberto Mangabeira Unger, quando em
Inflexível nas sua ações nas licenças ambientais, foi acusada de provocar atrasos nas obras de infra-estruturas, perdendo a queda de braço para a então ministra Dilma Rousseff, Ministério da Casa Civil, e pressões dos governadores do Mato Grosso, Blairo Borges Maggi, e de Rondônia, Ivo Narciso Cassol, na luta pela preservação da Amazônia. Acabou sendo superada pelos idolatras do capitalismo inglório, e o imediatismo daqueles que procuram administrar buscando realçar seu individualismo com objetivos pessoais, projetando a perpetuação do poder, característica dos incompetentes fariseus, na sua luta contra os transgênicos e a Usina Nuclear de Angra lll. A configuração de uma das suas grandes decepções no cargo foi não ter conseguido aprovar a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CNTBio), um dos seus maiores objetivos no exercício da função. Apesar de tudo, conseguiu implantar alguns projetos na sua gestão, sem entretanto, motivá-la o suficiente à mantê-la no cargo. Em 13 de maio de 2008, Marina Silva entrega sua carta de demissão e retorna ao Senado.
Depois de 25 anos de muita luta e
ética, em 19 de agosto de 2009, Marina Silva, cansada de não ver prosperar suas
idéias dentro do PT, e desgastada pela ausência de sintonia com seus pares
dentro do próprio partido, desliga-se, toma o caminho de outros líderes que
fizeram o mesmo anteriormente, caso específico do pernambucano, senador por
Brasília, Cristovam Ricardo Cavalcanti Buarque, hoje no PDT; e a alagoana
ex-senadora Heloísa Helena Lima de Moraes Carvalho, atualmente vereadora em
Maceió (PSOL/AL).
Marina Silva entra no Partido Verde
(PV) e lança sua candidatura apoiada pelo movimento apartidário, denominodo Movimento
Marina Silva Presidente; em 11 de junto de 2010 é oficialmente candidata ao
cargo maior. Sendo uma candidatura de terceira via, obteve 19.636.359 votos,
uma atuação extraordinária para quem partiu com 10% das intenções de votos,
chegando ao final com 19.33%. Em 7 de julho de 2011 ela anuncia sua saída do PV.
A partida foi dada, já existe
movimentação do baixo e alto clero político dentro da Câmara Federal,
principalmente da base aliada, que dá sustentação ao governo atual, querendo
mudar as regras do jogo para formação de um novo partido. Essa situação foi
denunciada da tribuna do Senado, (19) pelo senador Rodrigo Rollemberg (PSB/DF),
cuja intenção, segundo ele, é de dificultar o retorno da Marina Silva ao
cenário político e sua consequentente candidatura à Presidência da República.
Essa postura da velha política
provinciana, tocada pelo arcaico coronelismo, é típica dos amedrontados e
inconsequentes que lutam desesperadamente pela manutenção do poder, do
compartilhamento das posições na administração pública, como se fossem as
antigas capitanias hereditárias, com suas benesses.
O desestruturado PSDB, a única oposição
declarada ao sistema atual, com seu anunciado pré-dandidato à Presidência da
República, para 2014, senador Aécio
Neves da Cunha (PSDB/MG), sua absoluta inércia, seu discurso de opositor, de
conteúdo fraco, sem empolgar ninguém, nem mesmo seus pares, já não causa
receios dentro da situação.
Os partidos próximos ao governo
estão sob controle, o maior deles, o PMDB, atuando como um verdadeiro cordeiro,
fazendo parte do sistema, dizendo amém a tudo que se faça e se pratique,
passando por cima da ética e dos bons costumes, para desespero dos poucos que
fazem parte das suas fileiras, e que ainda alimentam a esperança de mudanças
radicais na postura do partido que tanto fez pela redemocratização do nosso
país.
Para a reforma ministerial que se
aproxima, foi convidado e deve participar da nova administração o velho Partido
Republicano (PR), com o indulto dado pela Presidente da República ao seu
presidente e seus sectários, certamente retornará senhor absoluto, como se não
tivesse passado, só o presente interessa, para a sustentação da base atual e futura.
Fica apenas a preocupação com o aliado não tão obediente, o Partido Socialista
Brasileiro (PSB), muito mais pela atuação política do seu presidente e
governador de pernambuco, Eduardo Henrique Accioly Campos, o socialista, o
grande vitorioso nas eleições de 2012, vem dando dor de cabeça ao governo
central, por não ter se posicionado ainda: se é ou não candidato ao cargo
majoritário, no âmbito federal, em 2014, e o consequente namoro político do
governador e a Rede Sustentabilidade. Reside aí, no momento,o único risco que
corre a situação e o modelo administrativo falido, carente de mudanças
urgentes.
Marina Silva, com sua postura de
guerreira e objetiva, lança um desafio singular nos últimos tempos, se souber
recrutar aliados com o seu caráter e determinação, o Brasil vai se surpreender
com uma grande peleja em 2014, entre o velho e o novo, com duas postulantes
irretocáveis até agora.
*Escritor
e poeta
Lampejos de um novo rumo
Reviewed by Clemildo Brunet
on
2/20/2013 05:43:00 AM
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