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O Ponto de Vista da Conveniência

Genival Torres Dantas

Genival Torres Dantas*

No último dia 20 o Brasil foi passado a limpa nas palavras de políticos de todas as correntes, era a festa de aniversário dos 10 anos no comando do país pelo PT (Partido dos Trabalhadores). No Senado Federal, o senador José Wellington Barroso de Araújo Dias, líder do PT fez uma exposição das 45 realizações do seu partido nesse período de governo, com ênfase nas ações sociais e
os efeitos da bolsa família, programa adaptado da somatória dos anteriores do período do governo Fernando Henrique Cardoso, 34° presidente do Brasil, e abrangência social. Chegando á 25% dos brasileiros em todo território nacional. Se constituindo no principal programa do PT nesses últimos 10 anos, sem dúvida alguma, um dos maiores mérito do PT, juntamente com o projeto Nossa Casa Nossa vida.

Wellington Dias apresentou os pontos fortes, focados sempre para o social, privilegiando os mais carentes. Foram muitos os tópicos apresentados, evidentemente buscou enumerar os pontos convenientes na manutenção da boa imagem do PT e a base aliada, para o público eleitor do nosso país. Apresentou o lado positivo da história, o negativo foi absolutamente esquecido, omitiu os fatos obscuros que enlutam a história política do nosso país, não apresentado, portanto, não negou suas falhas, não mentiu, usou a tática do silêncio. O ponto de vista da conveniência para o momento.

Para a festa que teve o seu ápice na cidade de São Paulo, no período noturno, com a participação dos seus principais líderes e estrelas, dentre elas a atual presidente Dilma Vana Rousseff, teve sua candidatura à reeleição lançada pelo ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva, 35° presidente do Brasil, seu articulador político, para a próxima campanha. Além desses, outros líderes estiveram presentes, destacando-se os mensaleiros do PT, José Dirceu de Oliveira e Silva, deputado José Genoíno Neto(PT/SP) e deputado João Paulo Cunha(PT/SP). Presidentes de partidos da base aliada e seus discursos de respaldo e apoio ao projeto político para 2014, foi o tema dominante.

Antes da apresentação do líder petista, na tribuna do senado, o senador tucano, Aécio Neves da Cunha (MG), virtual candidato à presidência da república pelo PSDB, tinha apresentado na mesma tribuna os 13 pecados do PT, durante sua gestão de 10 anos.
Começou sua fala citando a falta de comprometimento do nosso desenvolvimento,; com crescimento do PIB nos últimos dois anos, de apenas 1%, superando apenas o Paraguai, na América do Sul. Seguiu seu discurso apresentando a paralisia do país pelo inoperante PAC que não consegue deslanchar, implicando nas péssimas condições de operação das nossas rodovias, ferrovias, portos e aeroportos.

Falou do sucateamento do nosso parque industrial e o saque ao caixa da nossa ex-maior empresa, a Petrobrás (Petróleo Brasileiro S/A), vivendo hoje num momento de extrema dificuldade financeira e operacional. Ele não se esqueceu da autossuficiência e a implosão do etanol, com o descaso para com as usinas produtoras do produto, do famoso pró-alcool; hoje somos importadores do etanol junto aos EUA. Lembrou do flagelo da inflação, com permanente taxa acima da meta, e baixíssimo crescimento da economia, resultando numa perda maior aos mais pobres, esse fato já começa a preocupar setores responsáveis pela gestão econômica, ministérios do planejamento e fazenda, Banco Central e outros.

Das manobras contábeis para fechamento das contas (2012), foi usado recursos públicos, do caixa do Tesouro, ativos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) , dividendos de estatais, poupança do FSB (Fundo Soberano Brasileiro), inclusive do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), dos trabalhadores.

A falta de planejamento na área da energia elétrica tem provocado apagões, não tão freqüentes graças a herança bendita do FHC e suas termoelétricas, hoje trabalhando com carga máxima, e só não atingimos o racionamento na área, pelo péssimo desempenho da economia.
A necessária revisão do pacto federativo com critérios atualizados de divisão do FPE (Fundo de Participação dos Estados), e os royalties do petróleo, são essenciais e vitais para a Federação e dívidas pendentes de Estados comprometidos.

A insegurança e o uso das drogas entre os jovens do Brasil foi outra preocupação do senador, a nação usou apenas, no ano passado, 24% dos recursos disponíveis para essa finalidade.
Dois temas de fundamental importância foram citados, educação e saúde, duas áreas que sofrem com o descompromisso por parte do governo central, lembrando que, enquanto os Estados investem 12% e os municípios 15%, dos seus recursos, o governo federal se nega a investir 10%.
Quanto à área educacional, segundo a imprensa, na campanha de 2010 foram prometidas a construção de mais de 6 mil creches e apenas 7 unidades foram entregues até o final de 2012.

A atuação governista é de estimulo à intolerância e o autoritarismo, com ações no sentido de cerceamento a liberdade de imprensa, tentando desqualificar críticos e críticas, atitudes de quem não tem discurso para o debate democrático. Gesto vergonhoso para um sistema que se serviu dela por muitos anos, quando na oposição, e lutava ao lado dessa mesma imprensa.
A parcimônia e a complacência para com aqueles que utilizam os desvios éticos, dentro do PT, faz do partido um conivente, por parte de alguns integrantes, dos que usaram o artifício do mensalão, já julgados e condenados pelo STF (Supremo Tribunal Federal). Mantendo-se inclusive na defesa daqueles que praticaram tais práticas de ilegalidade, numa afirmativa danosa para os bons costumes, com os fins, justificando os meios, sejam eles quais forem.

O senador Aécio Neves, esqueceu de apontar as soluções para os problemas de gestão da situação, com esse comportamento, perdeu a oportunidade de mostrar o esboço de um projeto político, se apresentando como um verdadeiro líder da oposição ao sistema, de tal forma que sua fala se constituiu num verdadeiro fiasco, para quem tem aspirações e projeto de chegar ao palácio do planalto. Mesmo com o apoio do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e seu carisma, o senador vai ter que mudar sua postura e apresentar um projeto político, de forte conteúdo econômico, de mudanças radicais e apelo popular, preservando os ganhos sociais da população,  sem cair no popularesco apelativo

A situação e oposição, hoje representam uma estrada que nos levam ao mesmo lugar, aos mesmos propósitos, não há mudanças à vista, todos querem o poder, uns objetivando continuar, mandando e dividindo o que os cargos lhes proporcionam. Outros desejam o mesmo, para poderem dividir com seus aliados as mesmas benesses e os mesmos brilhos, tão cobiçados pela política de compartilhamento, o sistema que foi implantado nos últimos tempos, e desde muito, com a prática da corrupção e o desprezo pela causa pública, e pelo público que somos todos nós, pobres brasileiros pobres.

*Poeta e escritor
O Ponto de Vista da Conveniência O Ponto de Vista da Conveniência Reviewed by Clemildo Brunet on 2/26/2013 06:13:00 AM Rating: 5

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