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Antecipação, Conflitos e Confrontos



Genival Torres Dantas
Genival Torres Dantas*


A leniência com que é executado o plano econômico do governo não condiz com o lançamento antecipado da candidatura à reeleição da presidente Dilma Rousseff. Com 19 meses de antecedência, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, autor da ideia  tumultuou o mundo político nacional com sua atitude aloprada. A própria presidente foi forçada a fazer um planejamento, de última hora, objetivando e contrapondo visitas aos Estados mais diretamente envolvidos com algumas candidaturas já anunciadas ao cargo, e colocando em campo seus aliados mais próximos, como a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti Garcia com suas visitas batizadas de técnicas, cujo interesse foi denominado de “Road show” pelos adversários e
críticos políticos; fazendo frente ao trabalho que vem sendo executado pelos prováveis adversários e postulantes mais fortes, casos específicos do pré-candidato, senador Aécio Neves da Cunha (PSDB/MG), governador de Pernambuco Eduardo Henrique Accioly Campos (PSB), e a ex-senadora acreana, Maria Osmarina Marina Silva Vaz de Lima, sem partido.

No momento, com a conjectura das pré-candidaturas enumeradas, o governo já trabalha com a possibilidade de substituições em seus ministérios a partir de setembro. Esse prazo máximo, julgado pelo governo, é para que, e, principalmente, o presidente do PSB, desembarque da base aliada, confirmada sua candidatura, entregando os cargos de confiança ocupados por membos do seu partido, PSB, como cota de contrapartida de apoio à situação, e ele  tenha tempo hábil, e ele vai precisar disso, para consolidar seu objetivo junto aos seus simpatizantes e correligionários. Além do Ministério de Integração Nacional, o PSB controla a Secretaria Especial dos Portos, a Superintendência do Desenvolvimento do Centro-Oeste (Sudeco) e a Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf). Postos de relevância dentro do governo por gerenciar grandes somas de valores destinados à infraestrutura e obras de poder de voto. Observa-se que um dos partidos que mais cobiça os cargos em questão é o PMDB que se impõe como o maior partido da base aliada, com grande poder de barganha.

Devemos ressaltar, outros partidos da base devem se manifestar sua posição até a data provável, setembro próximo, se tiverem que acompanhar as candidaturas adversárias, dentre esses encontra-se o PDT, que ocupa a pasta do trabalho. Quanto ao PSD terá que tomar a mesma atitude, partido esse que ainda não assumiu cargos, existe apenas negociações em andamento, já estando clarividente a participação do vice-governador de São Paulo, Guilherme Afif Dominguos PSD/SP, no novo ministério da Micro e Pequena Empresa; criado apenas para acomodar aliadas, sem nenhuma necessidade à estrutura administrativa do governo que já ando sufocada com tantos ministérios inoperantes, servindo apenas como cabide de emprego, sangrando mais ainda o erário público.

Na oposição a situação mais incômoda e incerta é da pré-candidata Maria Osmarina Marina Silva Vaz de Lima, dissidente do sistema e uma das vozes mais abalizadas no atual quadro político, além de ainda não ter conseguido as 500 mil assinaturas, portanto, ainda sem partido, tem uma tarefa árdua pela frente, pois, até o momento ele tem apenas 50 mil assinaturas,10% do exigível para a formação da rua Rede Sustentabilidade, contando apenas com a boa vontade e a disposição dos seus seguidores para atingir seu objetivo dentro de um prazo exíguo.

Finalmente, o PSDB, aquele que é o maior partido de oposição está sem muito crédito junto ao eleitorado. O seu pré-candidato, Aécio Neves da Cunha, não tem animado muito seu partido, com um discurso ainda pálido para um candidato que possa oferecer melhores opções que o governo atual, já devia ter pelo menos um projeto como plataforma eleitoral, sem o apoio formal de grandes líderes do seu partido, conta apenas com a participação ativa do presidente nacional do partido, deputado federal Severino Sérgio Estelita Guerra (PSDB/PE), e do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, esse último, patrocinador da candidatura do Aécio Neves. A indiferença de alguns membros e líderes importantes do partido é tão notória que foi notada a ausência, no último congresso estadual de São Paulo, na última semana, do atual governador de São Paulo Geraldo José Rodrigues Alckmin Filho e do ex-governador José Serra. A conduta desse dois membros demonstra a falta de coesão e participação do partido na condução da candidatura proposta oficiosamente. Esse fato gerou enorme irritação no ex-presidente FHC, levando-o a fazer um discurso inflamado tentando superar a divisão do partido, citando seus feitos quando na presidência  enfatizando a estabilidade econômica conseguida no seu governo com o Plano Real e as privatizações que geraram expansão nos setores alcançados.

Quando a nossa economia passa por um processo de extrema temeridade, os economistas divididos procuram opinar sobre a melhor saída no momento de um tsuname inflacionário que se avizinha e pode nos remeter à um passado negativo e retrocedermos várias décadas em termos de estabilidade econômica, a classe política fica a se digladiar pelo poder, esquecendo dos principais problemas que atravessamos e precisamos de soluções emergenciais. A justiça, em conjunto com a polícia, tem agido na tentativa de conter o avassalador efeito da corrupção dentro da administração pública, e fora dela; os efeitos climáticos destroem sonhos dos homens do campo, anunciando uma safra para este ano menor que a do ano anterior, e o preço da alimentação dispara no mercado, tornando mais amargo o doce saber das nossas frutas; a fama da insegurança já ultrapassou nossas fronteiras, com assaltos e estupros aos turistas que nos visitam. Continuamos embaladas pela sinfonia da incompetência absoluta dos nossos governantes.

*Escritor e Poeta pombalense
Antecipação, Conflitos e Confrontos Antecipação, Conflitos e Confrontos Reviewed by Clemildo Brunet on 4/11/2013 08:01:00 AM Rating: 5

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